A doméstica Alice Conceição, 51, de Travesseiro, vê o pequeno ganho real no salário ser anulado pelos gastos de início de ano. Com três filhos matriculados na rede pública, pesquisa preços de material escolar desde dezembro. Assim como o preço, diz, a lista de exigências das escolas aumenta a cada ano. “Neste ano pediram até pen-drive.”
O material escolar encareceu cerca de 15% no Estado, de acordo com a Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). O acréscimo aumenta a pressão sobre o orçamento familiar, carregado pelos impostos como IPTU e IPVA. “Sou obrigada a esperar promoções e optar por produtos mais simples”, afirma Alice.
Janete Pellegrini, 46, de Estrela, gastou R$ 700 para renovar o material da filha, que ingressa no Magistério, e dos dois filhos. Percebeu grande diferença de preços entre lojas. “É mais visível em cadernos de marcas diferentes.”
Vanice Flores, 29, de Lajeado, improvisou para garantir material aos cinco filhos. O investimento totalizou R$ 269. A melhor forma de economizar, diz, é reaproveitar todos os materiais possíveis do ano anterior. Entre eles, cadernos que não foram todos preenchidos, lápis, canetas, réguas e tubos de cola.
Produtos com a estampa de personagens de desenhos animados são os mais caros. Cadernos, lápis, entre outros itens, ilustrados com os personagens podem custar até 70% a mais que outros. Na moda, estão Peppa Pig e Minions. Personagens históricos, Homem Aranha, Minnie e Hello Kitty mantêm grande volume de vendas.Um dos itens que com maior diferença de preço é o estojo. O modelo mais barato custa R$ 2. O estampado pode chegar a R$ 30.
Importados encarecem
A desvalorização do real frente ao dólar tem impacto direto nos preços. Sete em cada dez produtos tradicionais para uso escolar são importados, de acordo com a AGV. A carga tributária é uma reclamação da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares. Os tributos representam 47% no preço das canetas. Apontador e borracha têm alíquota de 43%. Caderno e lápis, de 35%.
Impostos engolem salário
Segundo o Dieese, a maioria das negociações (93%) para reajustes salariais no primeiro semestre de 2014 ficou acima da inflação, considerando o INPC, calculado pelo IBGE, garantindo ganhos reais de até 3%.
A maior incidência está entre 1% e 2% acima do índice. O problema é que a elevação de impostos, combustível, transporte urbano, mensalidade escolar e outros acompanha ou supera a inflação.
Por setor, o ganho real médio em salário ficou em 1,55% na indústria, 1,57% no comércio e 1,51% nos serviços. Neste último, foi registrado o maior percentual de reajustes equivalentes ou inferiores ao INPC: 7%.
Volta às aulas em fevereiro
Rede estadual – dia 26
Rede municipal – a partir do dia 19
Univates – dia 19
Cesta de material custa R$ 305
Uma lista de material escolar completa, com 48 itens, custa média de R$ 305 em Lajeado, segundo pesquisa de preços do A Hora. Mochila e dicionários são os mais caros. Na soma, os pequenos itens contribuem para aumentar a conta. Confira alguns dos principais itens:
Mochila infantil: R$ 80
Dicionário português: R$ 30,90
Dicionário inglês: R$ 42
Caderno de uma matéria: R$ 3,90
Caderno de uma matéria (capa dura): R$ 7
Pasta A3: R$ 17
Compasso: R$ 3,50
Régua: R$ 1,70
Apontador de metal: R$ 1,50
Lapiseira: R$ 2,50
