Teutônia oferece mais de 750 novos empregos

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Teutônia oferece mais de 750 novos empregos

Com dificuldade de encontrar mão de obra, indústrias da região divulgam anúncios de emprego em agências. Empresas de Teutônia lideram número de ofertas

A agência do Sistema Nacional de Empregos (Sine), de Estrela, revela a abertura de 600 vagas na Calçados Piccadilly, de Teutônia. Em frente à planta industrial, no bairro Canabarro, uma placa divulga espaço para montador, apontador, cortador, costureira, colador de sola, serviços gerais e preparação. A seleção dos currículos ocorre nos dias 3, 4 e 5 de fevereiro.

04Apesar dos sinais de recessão na economia brasileira, evidenciada por demissões no setor de manufatura de veículos, sobra espaço para crescimento no Vale do Taquari. Teutônia, Lajeado, Arroio do Meio, Encantado e Estrela, juntas, empresas das cidades oferecem mais 1,4 mil postos de trabalho, a maioria para os setores calçadista, alimentício e construção civil. Para ampliar a produção, indústrias espalham anúncios nos municípios de onde já vem grande parte de sua mão de obra.

Cristiane Cláudia da Rocha, 23, funcionária da Piccadilly desde os 19 anos, vem de ônibus fretado de Fazenda Vilanova. Há outros coletivos de Paverama, Taquari e Bom Retiro do Sul.

De acordo com o secretário da Indústria e Comércio de Teutônia, José Mirto Petters, o crescimento do município se limita pela quantidade de trabalhadores que encontra. Há mais de 750 vagas disponíveis no município, atesta. “A escassez é grande. Não tem gente de chega em Teutônia.”

O orçamento de cidade cresceu 263% em dez anos. Passou de R$ 20,9 milhões, em 2005, para R$ 76 milhões, em 2015. A indústria representa 50% do valor adicionado. Destes, metade do setor calçadista, o que inclui couros, e soma cinco mil trabalhadores.

A outra metade é resultado do setor alimentício. Segundo Petter, todos os setores da indústria oferecem vagas. O frigorífico Frigovale, que anuncia a inauguração de um abatedouro de gado para maio, na localidade de Linha Clara, precisa de cem até 150 funcionários.

A Languiru, apesar da automatização, sempre oferece oportunidades. Há muita procura também na construção civil, atesta o secretário.

Segundo Petter, a empresa Beira Rio decidiu investir em Candelária para ampliar a produção, por não encontrar no Vale do Taquari a mão de obra necessária.

Mão de obra qualificada

De acordo com o diretor superintendente da Certel, Ilvo Persch, também há dificuldade para encontrar mão de obra qualificada. Por meio de um trabalho do Recursos Humanos (RH), que iniciou em 2014, a cooperativa conseguiu contratar dez funcionários especializados para trabalhar na planta de artefatos de cimento. Alguns vieram de outras cidades.

Agências expõem o crescimento

De acordo com o coordenador do Sine de Estrela, João Bittencourt, a procura por trabalho cresceu em relação à metade de 2014. “Hoje está dando resultado, pois as pessoas vêm procurar o Sine.”

Das 143 agências, em junho, a unidade estava na posição 89. Em novembro, passou para a posição 48. Além do setor calçadista, frigoríficos e fabricantes de doces sempre têm vagas abertas devido à alta rotatividade.

Crescimento de 144,2% em 12 anos

De 2002 até agosto do ano passado, o número de empregos formais teve um incremento de 144,2% no Vale. Passou de 30.062 para 73.417. O setor com mais vagas é a indústria. Pelos dados do Ministério do Trabalho (MTE), são 40.245. Em seguida, aparece o setor de serviços (14.672) e depois o comércio (10.574).

Apesar de o cenário econômico do país ser desfavorável, principalmente pela taxa de juros e impostos elevados, a indústria tem espaço para crescer e produzir, diz a economista Cíntia Agostini. “É uma situação difícil, não é uma crise.”

De acordo com a economista, não falta gente para consumir. Apesar da retração, diz, as pessoas melhoraram a renda. Alguns nichos se criaram.

Para Cíntia, a indústria precisa manter a produção, ganhar incentivo, para atender o mercado interno. Se não produzir, perde espaço, como é o caso do calçado chinês. “O empresário que tem dinheiro se esforça para contratar.”

O mercado internacional dá sinais de melhora e abre espaço para o crescimento. Muitos aproveitam o momento. A exportação se torna favorável pela desvalorização do real frente ao dólar, o que torna o produto brasileiro mais barato. Nestas operações, o Vale do Taquari tem muito a crescer. Exporta menos de 2% do volume estadual.

Queda de ocupação na Região Metropolitana

A Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA) foi divulgada ontem, na sede da Fundação de Economia e Estatística. Os resultados de 2014 revelam redução da taxa de desemprego, passando de 6,4% para 5,9% da população economicamente ativa. Conforme o estudo, esse é o menor patamar da história, mantendo trajetória de declínio vista em 2004.

Pela estimativa da Fundação, o contingente de pessoas desempregadas na Região Metropolitana tenha sido de 109 mil, 13 mil a menos que em 2013. No entanto, destaca o estatístico coordenador do levantamento, Rafael Caumo, alguns resultados apontam para um comportamento desfavorável em diversos indicadores.

No comparativo entre 2014 e 2013, pelo segundo ano consecutivo, diminuiu o número de pessoas em idade produtiva, algo que não ocorria desde o início da série histórica da pesquisa, em 1993. Segundo Caumo, a menor taxa de desemprego ocorre em um cenário de estagnação do trabalho, viabilizada pelo decréscimo na população ativa. “Esse fenômeno é caracterizado pela saída de pessoas do mercado de trabalho para a condição de inativos, encontrando sustento a partir de outras fontes.”

O analista responsável pelas análises dos dados socioeconômicos, Raul Bastos, aponta dois fatores como motivos para a redução no total de pessoas ativas. O primeiro é o fato de ter aumentado a proporção de jovens que só estudam. Em seguida, seria a queda vista a partir de 2009 na taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho.

Para ele, isso pode ter relação com a baixa taxa de desemprego dos chefes de domicílio estar em patamares baixos (3,3% no ano passado). “Nos anos 90 e 2000, no contexto de um mercado de trabalho mais deteriorado, a taxa de participação feminina teve aumento significativo”, esclarece.

Em relação à renda, os pesquisadores verificaram estabilidade para autônomos e uma pequena perda aos assalariados.

No que diz respeito aos principais setores de atividade econômica, houve redução no contingente de trabalhadores para a maioria, exceto no setor da construção, com mais cinco mil. Na indústria de transformação, o declínio pelo segundo ano consecutivo foi de 3,9% (menos 12 mil ocupados). No comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, a redução foi de 16 mil pessoas e em serviços, 12 mil.

Indústria produz menos no país

A indústria brasileira encerrou 2014 com queda na produção e no emprego, de acordo com a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nessa terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria. São os menores índices desde o início da série histórica, em janeiro de 2010.

O índice de evolução da produção registrou, em dezembro, 38,3 pontos, em relação aos 40,2 pontos registrados do mês de 2013. Já o índice relativo ao número de empregados ficou em 44,2 pontos em dezembro de 2014, abaixo, portanto, dos 46,4 pontos registrados em dezembro de 2013.

A situação financeira das empresas piorou no último trimestre de 2014. A facilidade de acesso ao crédito também apresentou índice baixo.

O cenário constatado pela CNI a partir desses índices demonstra insatisfação. A carga tributária é apontada por 59,7% dos entrevistados como o principal problema enfrentado pelo setor empresarial no último trimestre de 2014, seguido da falta de demanda (38,5%).

A sondagem da CNI foi feita entre os dias 5 e 15 de janeiro com 2.186 empresas. Destas, 874 têm pequeno porte; 788, médio porte e 524, grande porte.

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