Às vésperas de completar um século da inauguração, a Igreja Matriz São Francisco Xavier passa por reforma. A obra começou no segundo semestre do ano passado. Há uma semana, o prédio foi interditado. As missas foram transferidas para o salão paroquial.
De acordo com o presidente da paróquia, Charles Thomas, os serviços devem durar mais três meses. A etapa do ano passado compreendeu a reestruturação do telhado. Infiltrações prejudicavam a parte interna. “As telhas sobre o saguão principal nunca foram trocadas. Estavam podres.”
Foram cerca de 800 metros quadrados de telhas de zinco. Calhas e cobertura da algerosa também foram substituídas. “Primamos por materiais de primeira linha, capazes de durar várias décadas”, ressalta Thomas. A reforma do telhado, concluída em meados de novembro, chegou próxima a R$ 66 mil.
Em seguida, parte do reboco do forro que havia desmoronado foi trocada. “Fizemos apenas o emergencial, para que a igreja pudesse estar aberta nas celebrações de fim de ano.”
Toda a pintura está sendo retirada por uma equipe. Nisto, foram percebido detalhes históricos nas paredes, desenhos feitos à mão que estavam encobertos pela tinta. A paróquia ainda analisa quais cores serão usadas, mas Thomas garante: “queremos manter os traços deixados pelos nossos antepassados.”
Uma análise em relação à argamassa utilizada na época da construção (1913 a 1916) foi feita. A equipe averiguou e retirou todos os pontos ameaçados de cair. “O material usado naquela época não era tão resistente. Como estamos repintando o imóvel por dentro, arrumaremos todos esses detalhes.” Segundo estimativa de Thomas, a pintura deve custar cerca de R$ 50 mil e a troca do reboco outros R$ 6 mil.
Madeiras serão recuperadas
O altar da igreja também deve ser reformado nesta etapa. De acordo com Thomas, o início do serviço depende de pequenas avaliações. A princípio, a peça receberá nova pintura. Os acabamentos dourados serão repintados. “Não adianta reformar todo o interior do prédio e deixar algumas coisas para depois.”
Uma preocupação é com o antigo coro, fechado há anos devido ao risco de desabamento. A madeira centenária foi comprometida por cupins. Thomas garante que a infestação dos insetos está sob controle, mas reconhece a dificuldade de exterminá-los. “Estamos analisando como arrumar esse espaço. Uma das ideias é trocar todas as tábuas.”
Busca por recursos continua
A manutenção da paróquia depende de promoções como rifas e festividades e a arrecadação do dízimo dos 1,9 mil associados. Por ano, cada família contribui com R$ 220. “Fizemos um trabalho de conscientização sobre a importância de reformarmos o prédio. As pessoas estão entendendo e apoiando. Muitos que tinham pendências resolveram.”
Mesmo assim, a busca por recursos continua. Uma das proposta da paróquia era conseguir o tombamento histórico do prédio, para receber dinheiro do governo federal. Contudo, a medida ficou em um segundo plano devido à burocracia.
De acordo com Thomas, o dinheiro utilizado até então para as reformas levou anos para ser conquistado. Desde que a atual diretoria assumiu, em junho de 2012, iniciou a contenção de gastos. “Gastamos apenas com o essencial para conseguir juntar recursos em caixa.”
Saiba mais
• A construção da igreja foi uma promessa do povo santa-clarense ao evitar a invasão dos maragatos em 1895. A obra iniciou em 1913 e foi concluída em 1916. É a entidade mais antiga do município.
• Esta é uma das maiores reformas da história. Começou no segundo semestre do ano passado com a troca de todo o telhado. Foram substituídos 800 metros quadrados de telhas de zinco, algumas centenárias. Desde a terça-feira passada, todo o interior está em recuperação. Será feita nova pintura e troca do reboco comprometido.
• Pelos próximos três meses, as missas ocorrem no salão paroquial, ao lado da igreja. O investimento deve atingir quase R$ 120 mil. Em uma futura etapa, sem previsão, a paróquia pretende realizar a pintura externa.
