Sem acerto, hospitais restringem serviços

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Sem acerto, hospitais restringem serviços

Governador anunciou que não repassará os débitos referentes aos meses de 2014

Em crise financeira, 19 hospitais filantrópicos da região estão sujeitos a diminuir os serviços devido a cortes do governo estadual. Estão entre os 245 hospitais, sem fins lucrativos, que representam 70% do atendimento do SUS no Estado.

04Diretores de hospitais, prefeitos e entidades cobram do governo o pagamento de débitos referentes a outubro e novembro de 2014. Nessa segunda-feira, o governador José Ivo Sartori anunciou que só pagará os atrasados de dezembro. Disse que os hospitais têm condições de absorver os prejuízos.

A medida segue o decreto de barrar pagamentos dos débitos do governo Tarso por, no mínimo, seis meses. Governo alega que a gestão anterior não empenhou os recursos. Pelos cálculos da Secretaria da Fazenda, o governo de Tarso Genro (PT) teria deixado dívidas de R$ 580 milhões só na área da saúde.

No início do mandato, no entanto, Sartori disse que não cortaria investimentos na área da saúde. A dívida com os hospitais chega a R$ 127,7 milhões nos dois meses: R$ 64,6 milhões do Tesouro do Estado e R$ 63,1 milhões da União, repassado do Ministério da Saúde, mas retido pelo governo estadual.

Em crise, os 245 hospitais contrataram empréstimo de R$ 90 milhões junto ao Banrisul, em dezembro, para pagar o 13º salário dos funcionários. Sem o repasse, restringirão serviços, garante o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado, Julio Matos.

Segundo o presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Vale do Taquari, e diretor-executivo do Hospital Ouro Branco, de Teutônia, André Lagemann, não há como os 19 hospitais do Vale do Taquari abrirem mão do dinheiro. “O plano B já executamos, quando pedimos empréstimos. Não temos mais o que fazer. Tem folha de pagamento na próxima semana”, alerta.

Se não houver cronograma de pagamento, diz, a assistência começa a ser prejudicada. A crise afeta também os laboratórios privados que realizam exames pelo sistema público.

Incerteza no HBB

Diretor-executivo do Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, Cristiano Dickel sequer considera alternativas para o caso do pagamento não ser efetuado. Débitos de maio, outubro e novembro somam R$ 1 milhão. “É assustador. A gente conta esse recursos, mas eles não vêm.”

De acordo com Dickel, a dívida do HBB chega a R$ 2,5 milhões. Em dezembro, o hospital contratou empréstimo de quase R$ 3 milhões para não suspender serviços e garantir a folha.

A crise é agravada, segundo Dickel, pela falta de contrato com a administração de Lajeado para atendimentos de urgência e emergência. O gasto mensal com os serviços chega a R$ 700 mil.

Diante disto, a construção da nova UTI pediátrica do HBB pode atrasar devido à falta de repasses.

FAMURS

Sem acerto administrativo, a cobrança vai para a Justiça. Amanhã, a Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs) realiza uma reunião com suas 27 associações e com representantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

A preocupação com o calote também é dos prefeitos, já que os municípios não receberam nem os R$ 45 milhões prometidos pelo governo na semana passada. O pagamento deveria ter sido feito no dia 21, foi adiado para o dia 23 e, nessa segunda-feira, foi negado pela Secretaria da Fazenda.

Pelos cálculos do presidente da Famurs, Seger Menegaz, os débitos com os municípios somam R$ 208 milhões só na área da saúde.

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