Parte da dívida de R$ 3 milhões, referente ao leite entregue nos meses de novembro e dezembro por mais de mil produtores do Vale do Taquari e Região Noroeste, foi paga na sexta-feira.
Conforme o assessor de política agrícola da Fetag, Airton Hochscheid, a intenção inicial da empresa estabelecida em Estrela é pagar cerca de 50% do total em quatro parcelas. Duas de R$ 200 mil em janeiro, e outras duas de R$ 500 mil entre fevereiro e março. “O restante será renegociado em um novo cronograma a partir de abril.”
Outra medida, para amenizar a crise ocasionada pela falta de pagamento atinge mais de 20 mil produtores em todo Estado, é a abertura de uma linha de crédito especial via Pronaf, liberada pelo Banrisul, cujo valor seria financiado pelo BNDS e MDA. “Liberaram R$ 600 milhões para a LBR e agora não querem socorrer o produtor? Vamos pressionar e buscar uma reestruturação do setor.”
Para tentar reduzir os estoques, no dia 10 de fevereiro, representantes da Famurs e IGL se reúnem com o ministro do MDA, em Brasília, para negociar a compra de quatro mil toneladas de leite em pó. Entidades sugerem a doação do produto para merenda escolar, programas sociais e pacientes de hospitais públicos de 497 municípios.
De acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura, mais de 120 mil famílias dependem da produção de leite, que gira em torno de 12,3 milhões de litros por dia.
Promilk faz proposta
Na sexta-feira, a Promilk apresentou à Justiça plano de recuperação judicial que propõe o pagamento de 50% das dívidas em 10 anos, com dois anos de carência. A proposta será submetida agora à análise de todos os credores, mais de quatro mil com cerca de R$ 37 milhões a receber.
Desde 2013, outras três empresas – VRS, de Estrela, Hollmann, de Imigrante, e Pavlat, de Paverama, deixaram produtores e fornecedores sem pagamento.
No primeiro caso, no plano de recuperação proposto, serão os últimos a receber. A empresa tem dez anos para quitar 50% da dívida. No segundo, a Regional Sindical tenta mudar a forma de pagamento proposta nos mesmos moldes da VRS. Conforme consta no processo judicial, a dívida da empresa chega a R$ 19 milhões, calculando desde produtores até fornecedores.
No caso da Pavlat, foi criada uma comissão para negociar o pagamento diretamente com o grupo McGrif Foods, com sede em Santa Fé, no Paraná, o qual arrendou a planta e continua o processamento. Em caso de negativa, os valores atrasados serão cobrados na Justiça.
Sem compradores
Nos municípios de Alegria e Independência, na Região Noroeste, em torno de 150 produtores são obrigados a jogar o leite fora após o laticínio Santa Mônica, de Esperança do Sul, parar de recolher o leite em suas propriedades.
Na cidade de Capão do Cipó, outros 50 produtores enfrentam problema semelhante. Um deles chegou a se desfazer de 17 mil litros de leite. De acordo com Wlademir Pedro Dall’Bosco, presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Estado (Apil-RS), são necessárias medidas para reestruturar o setor e evitar que milhares de famílias abandonem a atividade leiteira.
Dirigentes da entidade se reúnem dia 5 de fevereiro para tentar encontrar uma saída para a crise com ajuda do governo e produtores. Para agravar a situação, o Conseleite prevê queda de 3,35% no preço neste mês.
O valor de referência estimado para o produto padrão é de R$ 0,7267 o litro, ante R$ 0,7519 em dezembro de 2014, o que corresponde a uma queda de R$ 0,0252, ou 3,35%. O valor refere-se ao leite posto na plataforma do laticínio, incluindo Funrural.