Após nova morte, moradores ameaçam bloquear a ERS-453

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Após nova morte, moradores ameaçam bloquear a ERS-453

Acidente fatal reascende discussão sobre insegurança em acessos

Cruzeiro do Sul – Seis quilômetros da ERS-453, em Cruzeiro do Sul, somam 63 acessos sem qualquer infraestrutura: 12 ligam rodovia a bairros; os demais, a casas, comércios e indústrias. O trecho compreende a divisa do município com Lajeado até o acesso de São Rafael, onde nessa quarta-feira morreu o motociclista Leandro Wessel.

01Segundo moradores, essa foi a décima morte nas proximidades desde a década de 70. O último havia ocorrido em 2011. De intensa travessia de veículos e pedestres, o acesso ao centro do município acumula problemas.

Quem vem do centro, só percebe a rodovia a cerca de dois metros dela. A via municipal está abaixo do nível da pista. A vegetação cobre a sinalização. Ontem, a placa de Pare só podia ser vista 30 metros antes.

Acostumados a ver acidentes, moradores ameaçam bloquear a rodovia na próxima semana. A data será definida em reunião nesta segunda-feira, 26. O movimento é liderado pelo morador Jaco Sieben. Afirma ser comum retornar para casa e encontrar pedaços de veículos sobre o asfalto.

Apesar de ser contra o bloqueio de rodovias, diz não haver alternativas para chamar a atenção do poder público. “Não passa um semestre sem ter algum acidente grave.”

O empresário Eduardo Wolshick, 26, mora em frente ao acesso. Após presenciar o acidente fatal, se diz favorável ao protesto. Antes desse, viu outros acidentes. A causa é sempre a mesma: motoristas ingressam na rodovia sem parar.

Além da falta sinalização, relata, a imperícia e falta de atenção dos motoristas aumentam os riscos de morte. Wolshick é a favor do protesto. “A gente nunca sabe quem pode ser o próximo a morrer.”

Fora das prioridades

Não há andamento de projetos para melhorias de acessos. Os problemas sequer foram listados entre as prioridades do Conselho Regional das Rodovias Pedagiadas (Corepe), que inclui Cruzeiro do Sul, Boa Vista do Sul e Encantado.

De acordo com o prefeito Cesar Leandro Marmitt, a administração municipal solicitou três rótulas ou pistas laterais à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), em 2013. Uma entre a Arla e a Languiru, uma no distrito industrial, e a outra no acesso a São Rafael, local da morte de Wessel.

Alega que melhorias no local não competem ao município, inclusive a roçada, devido à faixa de domínio ser de responsabilidade da EGR. “Só podemos fazer se eles permitirem.”

Indefinição na EGR

O atraso na nomeação da nova diretoria da EGR impede a continuação do trabalho. Enquanto há indefinição, o presidente Luiz Carlos Bertotto e seus dois diretores técnicos permanecem à frente da empresa. No entanto afastados das atividades.

Reunião do Corepe agendada para a próxima semana, em Muçum, foi adiada. Aguarda nova data a ser definida pela próxima diretoria, o que se espera para fevereiro.

Rotatória de Encantado

A reformulação do trevo do Posto Peteba, em Encantado, será licitada até o início de fevereiro. A obra será realizada com recursos arrecadados das Praças de Pedágio. A rótula do Peteba é uma das demandas mais defendidas nas reuniões do Corepe.

“Projeto não é caro”

“Esse acesso é um caso clássico de que não foi o Daer que fez”, avalia o engenheiro da Autarquia, Luciano Faustino. Um dos principais problemas da via municipal é a falta de visibilidade. “Com certeza não passou pelo departamento.”

De acordo com Faustino, deve haver um estudo geométrico no local. Se for inviável o aterramento da pista, para nivelar com a rodovia, é necessário procurar um acesso alternativo. “Chegando perto da rodovia, desvia o trajeto para uma saída melhor.”

Na sequência, diz, o adequado é colocar uma barreira para evitar o ingresso direto à rodovia e a abertura de uma faixa lateral para permitir a aceleração.

Para o engenheiro, é mais fácil a administração municipal se responsabilizar pela elaboração do projeto e encaminhar para a EGR, que buscará o dinheiro. “Ou a prefeitura realiza o projeto e executa, com o devido aval”, afirma. “Projeto não é caro.”

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