Prestações encarecem a partir de hoje

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Prestações encarecem a partir de hoje

Aumento do IOF afeta compras a prazo, além de empréstimos e financiamento

País – O crédito ao consumidor encarece a partir de hoje. O governo dobrou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para todas operações com duração de até 12 meses. A alíquota passou de 1,5% para 3%. Este valor é cobrado além dos 0,38% que incidem na abertura de crédito.

02A mudança prejudica o consumidor que não tem condições de pagar à vista, podendo contribuir para novo aumento da dívida familiar. Na compra de um televisor de R$ 1,5 mil, com taxa de juros de 4,8% ao mês, o preço encarecerá R$ 30 após 12 parcelas.

Um empréstimo pessoal de R$ 4 mil junto ao banco, com taxa de 3,6% mensal, aumenta o custo em R$ 75. Se o caso for financiamento de R$ 25 mil para compra de um automóvel, com taxa mensal de 1,85%, cada prestação sobe em R$ 422.

Os juros em seis linhas de financiamento também sobem. Nesta semana, o Banco Central (BC) deve fixar a taxa básica de juros (Selic) em 12,5% ano, a maior desde 2011.

A medida integra um pacote anunciado pelo ministro Joaquim Levy para aumentar a arrecadação em R$ 20,6 bilhões. Entre eles, o aumento de tributos sobre combustíveis e produtos importados. Desde o fim de novembro, quando foi anunciada a nova equipe, o governo quer compensar a baixa arrecadação e crescimento da economia em 2014.

Na soma dos tributos, o aumento do IOF traz forte impacto sobre a população, afirma a economista Cíntia Agostini. Se não houver cautela na utilização do crédito, diz, há riscos de maior endividamento familiar. Em 2014, quase a metade da população gastou mais do que ganhou.

O problema, de acordo com Cíntia, está atrelado à política de governo, que deu crédito facilitado à população de baixa renda. “Tanto as pessoas como o governo gastaram mais do que ganharam.”

Para a economista, 2015 é o ano em que a população deve avaliar bem a necessidade de novas compras. “Antes de buscar crédito, precisa tentar pagar primeiro as dívidas”. Uma forma é negociá-las direto na loja. “Para o lojista também é interessante, pois ninguém quer ficar sem dinheiro.”

Após as dívidas pagas, a dica é juntar dinheiro para tentar comprar os produtos à vista para evitar preços maiores e novas dívidas. “Se a loja não dá desconto à vista, procure outra”, aconselha.

Em 21 dias, pacote de medidas

Desde o início do mês, a nova equipe econômica anunciou diversas medidas. Entre elas, cortes nos benefícios sociais, como seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte.

Subiram os juros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor produtivo, como forma de diminuir o pagamento de subsídios pelo governo. Outra medida foi a alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, do PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

Nesta semana, foi anunciado o aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis. O impacto deve ser de R$ 0,22 para a gasolina e de R$ 0,15 para o diesel.

O Ministério do Planejamento, por sua vez, anunciou a redução dos limites temporários de empenho para gastos no orçamento de 2015. Na semana passada, o novo secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, confirmou que não haverá mais repasses do governo ao setor elétrico, antes estimados em R$ 9 bilhões para este ano, o que deverá elevar ainda mais a conta de luz.

Cuidado ao fazer empréstimos

Quem quiser contratar um empréstimo junto ao banco deve estar atento aos custos que vão além dos juros e do IOF. Para isso, deve solicitar Custo Efetivo Total (Cet). O documento informa o total de R$ 20,6 bilhões em encargos a serem pagos pelo cliente em uma operação de empréstimo ou financiamento. Inclui as taxas de juros, tributos, tarifas, gravames, IOF, registros, seguros e demais despesas do contrato.

Análise

Aumentos de impostos e juros promovidas por Joaquim Levy surpreendem a população. Atingem a todos. Irritam aqueles que calculam: a arrecadação pretendida, de R$ 20 bilhões, tem cifras semelhantes ao que foi desviado da Petrobras nos últimos anos.

Até os investidores financeiros beneficiados pelo aumento de juros, que pagam mais IOF. Numa versão otimista, Levy segue a máxima clássica em política de que o mal se faz todo de uma vez só.

As medidas dispensam o Legislativo. Tudo dentro da lei. Desta vez, a presidente Dilma Roussef não depende do PMDB, no comando do Congresso. Quando depender, começará de fato o jogo político. Pela previsão, isso acontecerá quando o governo começar diminuir despesas.

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