Abandonos persistem e canis lotam

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Abandonos persistem e canis lotam

Caso dos filhotes largados em uma lixeira exemplifica irresponsabilidade dos donos

oktober-2024

Lajeado – O problema se repete: famílias abandonam animais, saem de férias e transferem a responsabilidade para voluntários e para o poder público. Abrigos estão lotados. Com mais cães e gatos nas ruas, aumenta a procriação dos animais, ocasionando a proliferação de doenças. Muitos morrem antes de chegar aos abrigos. Poucos são adotados.

01Ontem, o jornalista Marcos Ruschel encontrou três filhotes de cães em uma lixeira, na divisa dos bairros Santo Antônio e Floresta, próximo à ERS-130. Estavam dentro de um saco. “Abandono é comum por aqui”, atesta. “Muitos dos animais são atropelados na rodovia.”

Os filhotes foram encaminhados à Associação Amando, Protegendo e Ajudando Muitos Animais (Apama), do Bairro Conventos, junto a outros 180 animais. Um deles foi adotado.

Na Apama, casos semelhantes se tornam rotina. Animais de raça, acostumados a bons tratos, também são deixados no caminho. É comum encontrar labrador, pastor alemão, pastor australiano e poodle.

Voluntária da associação faz três meses, Nelsi Gräebin, 58, vê novos animais toda vez que chega ao canil. Alguns, atropelados, são abandonados em ruas ou valetas. Segundo ela, donos justificam: não têm dinheiro para o tratamento. Muitos são deixados em frente ao portão do abrigo. Por meio de doações, a Apama ajuda com tratamento e cirurgias.

Gräebin conta que uma mulher trouxe um cão adulto, ontem, dizendo que não poderia mais ficar com ele. De acordo com a presidente da Apama, Ana Rita Silva Azambuja, a conscientização é a única forma para diminuir a incidência de abandonos. Voluntários realizam campanhas em escolas. Também são oferecidos serviços de castração em bairros onde a população de cães e gatos é maior. As despesas mensais do canil chegam a R$ 15 mil.

Interessados em adotar devem ir até a sede portando carteira de identidade e CPF e preencher termo de responsabilidade. Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone 95528190.

Abandono deprime cães

O cão abandonado sofre com o sentimento de perda, afirma o adestrador Diordan Gonçalves dos Santos, 21. Para ele, o comportamento emocional é semelhante ao do homem. “Fica deprimido, o que diminui a imunidade do corpo e pode acarretar em doenças.”

Para Santos, o abandono acontece quando o dono não tem qualquer respeito pelo animal. “Enquanto muitas pessoas adotam como se fosse filho, outros acham que podem descartar sem problemas e consequências.”

Canil municipal será ampliado

A estrutura do Centro de Controle de Zoonoses e Vetores (CCZV) será ampliada. Serão mais 19 baias a um custo próximo de R$ 135 mil. O espaço designado para receber animais domésticos abandonados sofre com problemas de superlotação desde o primeiro ano de funcionamento, em 2008.

O número de mortes no canil supera o de doações. Dos 189 cachorros recolhidos em 2014, 94 morreram e só 83 foram adotados. Ou seja, entre janeiro e agosto de 2014 a equipe recolheu pouco mais da metade dos animais abandonados verificados, e entre àqueles que foram levados ao canil, quase 50% morreu no local.

Doenças

Doenças estão entre as principais causas de mortes. A mais comum e severa é a cinomose. Causa perda de apetite, corrimento ocular e nasal, diarreia, vômito e perda de coordenação motora. Para o contágio, basta um contato com um animal infectado. Muitas vezes, os animais que sobrevivem apresentam sequela.

Também são relatados surtos de parvovirose. A doença é semelhante à cinomose. O sintoma que a diferencia é o sangramento pelo ânus. Essas doenças não são transmitidas a humanos.

Ameaças no Montanha

Em dezembro do ano passado, moradores do Montanha receberam cartas anônimas com ameaça a animais domésticos. O autor das mensagem dizia ter matado cinco cachorros por envenenamento no bairro e prometia novas ações.

Histórias de cachorros envenenados são registradas no bairro a pelo menos seis anos. As ameaças foram registradas na Polícia Civil. Caso seja identificado, o autor pode responder pelo crime de ameaça, com pena prevista de um a seis meses de prisão.

Conforme moradores, após a repercussão do caso, as ameaças cessaram e nenhum envenenamento foi registrado.

Multas

A multa para quem desobedecer leis de proteção ao animal chega a R$ 2 mil. Vale para abuso ou crueldade; abandono de animais doentes, feridos, fracos, mutilados ou velhos; aprisionamento de felinos em gaiolas e guias; causar morte; abandonar corpos de animais em rios, arroios, terrenos baldios ou via pública. A multa para abandono de animais sadios é de R$ 936.

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