Lajeado – A situação do HBB é delicada. Em dezembro passado, a direção do principal hospital do Vale do Taquari precisou solicitar empréstimo de quase R$ 3 milhões para não suspender serviços e garantir a folha de pagamento de funcionários.
Para piorar, a renovação do convênio com a administração municipal para atendimentos de urgência e emergência segue em negociação. Previsão é resolver o impasse ainda em janeiro. Mas será difícil.
De acordo com a diretoria do HBB, o Executivo já acumula outra dívida superior a R$ 700 mil com a casa de saúde. O valor é referente a outubro, novembro e dezembro.
Em 2014, a câmara de vereadores precisou destinar parte do orçamento para custear um débito também de R$ 700 mil da administração municipal com o hospital. O último convênio, que previa repasse de R$ 230 mil por mês da Sesa, acabou em junho do ano passado. A ideia é manter o mesmo valor.
O secretário de Saúde, Glademir Schwingel, saiu de férias ontem. Ficará 20 dias distante do cargo, impossibilitando qualquer decisão a respeito da renovação do convênio.
No fim de 2014, ocorreu a última reunião entre ele e a direção do hospital. “A prefeitura está disposta a renovar a parceria com o HBB. Mas preciso saber da Secretaria da Fazenda (Sefa) as disponibilidades de recursos para este ano. A minha secretaria está com orçamento apertado.”
Schwingel diz que encaminhou a questão ao secretário da Sefa, José Bullé, que também está de férias. No ano passado, o Executivo chegou a cogitar a possibilidade de não renovar o convênio com o hospital.
O responsável pela Secretaria da Saúde afirmava que o HBB tinha possibilidade de buscar mais recursos do estado se cadastrando na Rede de Urgência e Emergência (RUE), aliviando assim os custos para a administração municipal.
A convênio com o hospital servirá para auxiliar nos custos dos serviços de urgência e emergência, que disponibilizam 83 médicos atuando em 13 especialidades.
Nos últimos cinco meses de 2014, mais de cinco lajeadenses foram atendidos no local. Em setembro do ano passado, pouco antes da troca de diretoria do HBB, representantes do hospital e do executivo chegaram a acordar um novo contrato, no valor de R$ 275 mil mensais. Previa também aporte financeiro para cesarianas e novos profissionais. O acordo acabou desfeito.
“A situação pode piorar”
O diretor-executivo do HBB, Cristiano Dickel, demonstra apreensão com a falta de definição envolvendo o novo convênio. “Estamos custeando tudo com dinheiro do nosso caixa. Mas estamos com graves problemas financeiros. Há risco inclusive de solicitarmos um novo empréstimo, mas só em último caso”, lamenta. Para evitar aumento da dívida do hospital, também prevê uma reestruturação dos serviços prestados no local.
Segundo o diretor, o gasto mensal com os serviços de urgência e emergência é próximo de R$ 700 mil. Sobre a possibilidade de suspender algumas especialidades do setor, ele diz ser uma decisão “complicada”.
“Uma especialidade acaba dependendo da outra, conforme a gravidade dos casos. Todas elas são de extrema necessidade para a saúde de nossos pacientes. Não vejo como suspender qualquer uma delas”, avalia.
Dickel afirma que o Executivo já se comprometeu a renovar o convênio. Afirma também que a dívida informal de R$ 700 mil, referentes aos serviços prestados em outubro, novembro e dezembro de 2014, deve ser paga de forma fracionada pela administração municipal a partir de um novo contrato. “Já conversei com o secretário Schwingel e percebo que há disposição deles em resolver esse impasse.”
O setor de emergência e urgência garante as especialidades de cardiologia; traumatologia; neurologia; anestesia; cirurgia cardiovascular; pediatria; gineco/obstetrícia; cirurgia geral; oncologia; clínica médica; área de imagem; cirurgia plástica; e psiquiatria.
Além dos 83 médicos, atuam na emergência outros 33 funcionários. São 19 técnicos de enfermagem, três enfermeiros, três gessistas, sete recepcionistas e um coordenador.
HBB distante da RUE
O diretor está receoso sobre o cadastramento do hospital junto a RUE. Segundo Dickel, além de uma série de adequações na infraestrutura, o HBB também precisa se comprometer a realizar diversos tipos de especialidades que não estão disponíveis.
A mudança de governo também distancia o HBB desse cadastro. “As portarias não são claras. Será preciso negociar tudo desde o início outra vez”, sustenta ele. As adequações na infraestrutura sequer iniciaram. É preciso, entre outros detalhes, leitos reformados para o novo setor de cardiologia e uma sala para pacientes vítimas de AVC. O programa pode garantir até R$ 200 mil da União e R$ 100 mil do Estado.
Outros recursos
Além dos recursos municipais, o HBB recebe auxílios do SUS (média mensal de R$ 42 mil) e do Samu (R$ 45 mil). No entanto, o hospital reclama de atrasos em outras fontes de valores. Em dezembro, eles somavam quase R$ 5 milhões referentes ao IHOSP, Samu, Gestante do Alto Risco, Saúde Mental, OPOS e pela complementação de leitos de UTI adulto e neonatal. Há ainda dinheiro a receber do Ministério da Saúde, referentes a procedimentos e financiamento FAEC.