Tragédia gera debate sobre uso de cinto

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Tragédia gera debate sobre uso de cinto

Passageiros mortos em acidente com ônibus estavam sem o equipamento

Vale do Taquari – O tombamento de um ônibus da empresa Unesul na tarde dessa terça-feira resultou na morte de seis passageiros que estavam sem o cinto de segurança. A tragédia levantou a discussão sobre o uso do equipamento, obrigatório para longas viagens, mas dispensável em percursos nos quais é permitido a presença de passageiros em pé.

03A própria legislação de trânsito abre margem para dúvidas. O artigo 65 do Código de Trânsito (CBT) diz que é obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional.

Caso a irregularidade seja constatada pelas polícias rodoviárias, é prevista multa de R$ 127,69 por passageiro, além de retenção do veículo. Porém no artigo 105 o CBT abre a exceção para trechos com passageiros em pé.

Mesmo com a legislação dúbia, a Associação Rio-grandense de Transporte Intermunicipal (RTI) defende o uso do equipamento em todos os trajetos. De acordo com o representante da entidade, Joabel Pereira, a RTI realiza campanhas de conscientização neste sentido em parceria com a polícia rodoviária estadual e o Daer. “Só não temos como obrigar os passageiros a usarem.”

Gerente de uma empresa de transportes com sede em Lajeado, Nestor Luiz Rickziegel, diz que alguns passageiros seguem sem usar o equipamento, mesmo após receberem orientações. “Nossos motoristas sempre orientam sobre a obrigatoriedade do cinto no início das viagens”, garante. Segundo ele, lembretes eletrônicos nos ônibus reforçam o pedido.

Outra empresa, com sede em Santa Cruz do Sul, realiza treinamentos periódicos com motoristas e auxiliares para aumentar o uso do cinto. Conforme a representante do setor de tráfego, Francine Gralow, os clientes raramente utilizam a proteção. “Percebemos que a orientação ajuda, mas não garante o uso.”

Pela repercussão causada pela tragédia, Francine acredita que os passageiros terão maior preocupação com a segurança. As pessoas pensarão mais nas consequências, reforça. Na opinião dos entrevistados, o acidente aumentará o uso dos equipamentos.

Como foi o acidente

Seis pessoas morreram e pelo menos 30 ficaram feridas, na tarde dessa terça-feira, devido ao acidente com um ônibus da empresa Unesul, na ERS-030, entre os municípios de Glorinha e Gravataí.

O coletivo saiu de Porto Alegre com destino a Tramandaí. Ele tombou por volta das 14h, em uma curva quilômetro 22 da rodovia, com 40 passageiros a bordo, alguns deles em pé. Cinco pessoas morreram no local.

A sexta vítima chegou a ser levada socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Treze feridos seguiam hospitalizados até a noite de ontem. Perícia realizada no veículo não detectou nenhum problema mecânico.

O excesso de velocidade foi a causa apontada. Informações da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) indicam que ônibus viajava a 115 km/h, em trecho onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h.

O motorista do ônibus prestou depoimento e recebeu atendimento médico. Ele responderá em liberdade por homicídio doloso, uma vez que assumiu o risco ao transitar acima da velocidade.

É o quinto acidente envolvendo ônibus da Unesul em um mês. Em nota, a empresa lamentou o acidente e garantiu prestar apoio e assistência aos passageiros e famílias das vítimas.

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