Velhas necessidades,  novos adiamentos

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Velhas necessidades, novos adiamentos

A Hora lista temas que, mais uma vez, têm soluções proteladas ao findar do ano. Obras prioritárias e determinantes para a sociedade regional sem o desfecho anunciado no início de 2014. Antigas necessidades que, no começo de mais um exercício, recebem novas promessas.

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Outro ano chega ao fim. No último dia de 2014, reportagem aborda os avanços e retrocessos dos 16 principais temas de anseio regional. A maioria das promessas, muitas delas refeitas durante este ano eleitoral, continua no papel.

Dez soluções foram postergadas para os próximos gestores. Para a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini, o setor público peca pela falta de planejamento. De acordo com ela, a gestão continua baseada na política de governo, na qual as demandas são atendidas dentro de um cronograma de quatro anos. “Devemos partir para a política de Estado, pensando no desenvolvimento da região como um todo. Exemplo disto, o saneamento, educação e questões sociais.”

Dois fatores, na avaliação de Cíntia, foram prejudiciais à realização dos projetos: a Copa do Mundo e as eleições. “O olhar do setor público se voltou a estes eventos. Tudo aquilo que trabalhávamos trancou, como o plano da nova duplicação da BR-386.” No que tange à construção da segunda pista de Estrela a Tabaí, apesar de atrasada, Cíntia considera positivo o andamento: “pelo menos terminamos o ano menos preocupados em relação à paralisação definitiva da obra.”

Sobre a segurança pública, Cíntia aponta a necessidade de investimentos urgentes. “Neste ano foi um caos. Aconteceram coisas na região que nunca havíamos visto.”

Amanhã começa uma nova etapa no governo do Estado e mudanças expressivas tendem a decorrer dos reestruturados ministérios de Dilma Rousseff. Para o conselho regional, são grandes os desafios de 2015.

O QUÊ: superlotação do presídio de Lajeado

PROMESSA: cerca de 150 presidiários deveriam ser transferidos à nova penitenciária de Venâncio Aires no início deste ano. O acúmulo de presos na cadeia de Lajeado chega a 20 por cela, quando o ideal seriam seis.

COMO ESTÁ: desde setembro, o MP exige melhorias na prisão de Lajeado por falta de condições sanitárias, insalubridade das celas e a pouca assistência médica aos presos. Para o promotor Éderson Vieira, pelo menos 60% da estrutura está ilegal. Entre as ações previstas pela promotoria, está a interdição parcial. Neste caso, presos de outras comarcas, como Teutônia e Estrela, não poderiam ser encaminhados ao presídio de Lajeado.

Neste mês, o Judiciário interditou a nova penitenciária em Venâncio Aires – que custou R$ 22 milhões – mesmo antes do início das atividades. Para o juiz João Francisco Goulart Borges, o local não tem condições de receber prisioneiros. A liberação deve ocorrer em 2015.

O QUÊ: duplicação da BR-386 de Estrela a Tabaí

04PROMESSA: com obras iniciadas em 2010, a duplicação dos 33,8 quilômetros deveria estar concluída no fim de 2013. O consórcio responsável adiou o fim dos trabalhos para maio deste ano e depois para outubro. Agora prevê para o primeiro semestre de 2015.

COMO ESTÁ: orçada em R$ 150 milhões, o custo já se aproxima a R$ 200 milhões. Um dos percalços está em dois quilômetros às margens da aldeia caingangue, últimos remanescentes além dos sete em terraplenagem e pavimentação.

A construção da nova aldeia (de R$ 8,5 milhões) não terminou no prazo acordado. Devido ao atraso, a Funai liberou parcialmente as obras nesse percurso apenas no segundo semestre deste ano. Segundo o acordo firmado entre os órgãos, toda aldeia deveria estar pronta em julho de 2013. Quatorze quilômetros de pista duplicada, entre Fazenda Vilanova e Tabaí, foram liberados ao tráfego de veículo em março, totalizando 22 quilômetros.

O QUÊ: nova ponte sobre o Arroio Saraquá, em Lajeado

PROMESSA: a ligação entre Santa Clara do Sul e Lajeado, pela ERS-413, foi pavimentada em 2002. Desde então, governantes estaduais anunciam a duplicação da ponte sobre o Arroio Saraquá, localizada no bairro São Bento. Recorrentes foram as promessas da obra, desde Germano Rigotto, Yeda Crussius até Tarso Genro. A proposta mais recente chegou a ser licitada. Em 2010, o Executivo destinou R$ 542,9 mil. Após finalizados os trâmites da concorrência pública, o Setor de Engenharia do Daer encontrou problemas no projeto e barrou a obra.

COMO ESTÁ: a Administração Municipal de Lajeado acredita em convênio com o Daer para resolver o impasse. Projeto de construção de uma segunda passagem, paralela à existente foi entregue à autarquia no começo deste ano. A proposta estagnou nos primeiros trâmites dentro da autarquia e não há previsão de ser liberada. Recursos estavam alocados para este ano, prevendo o início dos trabalhos. Enquanto promessas permanecem no papel, ocorrem constantes acidentes no trecho. A pista sobre a ponte é simples, possibilitando a passagem de um veículo por vez.

O QUÊ: trevo adequado a Conventos, em Lajeado

PROMESSA: repetem-se projetos há anos. Nenhum sai do papel. O último foi apresentado pelo Executivo de Lajeado ao Dnit em junho deste ano. A proposta prevê um refúgio semelhante ao existente no bairro Montanha, mas com faixa exclusiva de 120 metros de extensão no centro da rodovia. A construção seria paliativa, até que seja duplicado o trecho.

COMO ESTÁ: a autarquia montou projeto técnico e prepara a licitação do serviço. Apesar dos avanços, não há prazo para sair do papel. A paciência dos moradores chegou ao limite. Insatisfeitos com a demora e as recorrentes promessas, eles bloquearam a rodovia federal duas vezes em 63 dias – 10 de outubro e 12 de dezembro.

O QUÊ: confusão no Posto do Arco continua

PROMESSA: a proposta de acabar com engarrafamentos, acidentes e transtornos nos cruzamentos em frente ao Posto do Arco, na ERS-130, em Lajeado, foi ineficaz. Um túnel foi construído a cerca de 200 metros do local, inaugurado em 2012 por R$ 2,7 milhões.

COMO ESTÁ: sem solução próxima, a EGR garante resolver o problema a partir da duplicação da rodovia, mas o projeto técnico sequer foi elaborado. Intolerantes com a falta de ações, condutores exigem mudanças no trecho. A maior dificuldade ocorre no fim da tarde, quando o movimento da Univates se soma ao dos trabalhadores que voltam aos bairros ou se deslocam a Arroio do Meio. A fila de veículos atinge quase um quilômetro. São oito semáforos no trecho. Por vezes, estão inoperantes.

O QUÊ: melhor aproveitamento do Porto de Estrela

PROMESSA: a administração do Porto de Estrela passou da União ao Estado em agosto. A mudança, antecedida por anos de inoperância, trouxe esperanças a líderes regionais e empresários, que acenaram com o interesse no transporte hidroviário. O governo gaúcho anunciou a criação de uma empresa pública para assumir a gestão portuária.

COMO ESTÁ: apesar da troca, nada saiu do papel e não há previsão de mudanças. O Porto de Estrela, um dos maiores do país, é o menos movimentado entre todos os 33 portos organizados do Brasil. São 49 hectares de área abandonada. Com capacidade de armazenamento superior a três milhões de toneladas por ano, trabalha com menos de 15% desse montante. O transporte fluvial é cerca de 20% mais barato que o rodoviário. Uma barcaça, por exemplo, tem capacidade para transportar a mesma carga de 200 caminhões.

A proposta de construção de um corredor multimodal, interligando o Porto de Estrela aos portos de Montevidéu, Rio Grande e São Paulo, também segue no papel há mais de duas décadas. O Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEA) do empreendimento chegou a ser entregue para a AHSUL. Mas não existe qualquer previsão para que seja posto em prática.

O QUÊ: pavimentação aos municípios sem asfalto

PROMESSA: plano de governo de Tarso Genro previa a conclusão das obras de pavimentação asfáltica entre cidades do interior até o fim deste ano, incluindo nove rodovias do Vale do Taquari.

COMO ESTÁ: duas estão prontas: o acesso de Lajeado a Forquetinha pela ERS-421, e a ERS-132, em direção a Itapuca. Outras duas seguem paralisadas; três, em andamento; e duas sequer começaram. De Capitão a Arroio do Meio, o acesso começou a ser pavimentado após 16 anos devido a problemas financeiros da empresa Beter, responsável pelo serviço. Além do trecho entre Capitão e Arroio do Meio, problemas também ocorrem com a pavimentação de Coqueiro Baixo a Nova Bréscia, pela ERS-425. Na VRS-811, de Travesseiro a Arroio do Meio, o asfaltamento não começou.

Na ERS-421, entre Boqueirão do Leão e Sério, o dinheiro projetado no fim da década de 90 foi insuficiente para concluir a obra, parada desde dezembro de 2013. Nova licitação é necessária. Condição semelhante ocorre de Forquetinha a Sério, também na ERS-421. Nas duas melhorias, cerca de 80% do cronograma foi concluído. Na ERS-424, a Canudos do Vale, a obra está parcialmente concluída. Resta a construção de uma nova ponte em Araguari, onde sobraram apenas 200 metros de chão batido.

O QUÊ: Instituto Técnico Federal

PROMESSA: a construção do câmpus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (Ifsul), começou em dezembro de 2013. A proposta era concluir a primeira etapa em outubro deste ano.

COMO ESTÁ: na primeira etapa, o custo chega a R$ 3,7 milhão. Nessa etapa, estão contempladas obras em dois mil metros quadrados, que abrigarão o auditório, prédio administrativo multifuncional e salas de aula. Mas a construção segue atrasada. Apesar disso, a primeira turma do Ifsul estreou neste segundo semestre com 25 alunos.

Enquanto seguem as obras do câmpus, que terá capacidade para 1,2 mil alunos, o curso ocorre na Escola Municipal de Ensino Fundamental Campestre. O Ministério da Educação (MEC) liberou quatro docentes em dezembro para o início das atividades na região.

O QUÊ: falta efetivo para as polícias

PROMESSA: A Brigada Militar (BM) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) passam pela maior dificuldade das últimas décadas. Poucos concursos públicos sequer suprem as aposentadorias. Na BM, 1,6 mil novos servidores devem ser empossados em 2015. Na PRF, 500 policiais já formados estão aptos para assumir, mas dependem de nomeação do governo federal. Aguardam ainda pelo curso de formação policial 766 pessoas, aprovadas no último concurso.

COMO ESTÁ: a última turma da Brigada se formou e iniciou serviço em 20 de abril do ano passado, com 32 soldados. A polícia gaúcha tem 13 mil homens a menos do necessário. O quadro funcional reúne cerca de 21,8 mil PMs. Na PRF, a falta de efetivo força o fechamento de postos policiais no Estado. Quatro devem deixar de funcionar a partir de janeiro. A unidade de Tabaí fazia parte da lista, mas a superintendência da polícia recuou da decisão após pressão popular. São 700 policiais no RS. Na região, são 51 servidores. Mas não passa de 12 o número de policiais em atuação durante o dia nos quatro postos da região – Montenegro, Tabaí, Lajeado e Soledade. A tropa de ambas polícias é semelhante ao começo dos anos 80.

O QUÊ: abastecimento de energia elétrica

PROMESSA: em novembro deste ano, líderes regionais se reuniram com a concessionária para exigir melhorias para 2015 e reclamar dos constantes prejuízos, em especial no setor primário. O ano foi de muitas quedas e problemas.

COMO ESTÁ: Investimento próximo a R$ 17 milhões no sistema de energia elétrica da AES-SUL na região, em 2013, foi insuficiente para acabar com os problemas e interrupções no abastecimento. Em fevereiro, quase 500 mil frangos morreram em função de um apagão em parte da área de cobertura da AES Sul. Os prejuízos chegaram a R$ 5,4 milhões.

A segunda maior fornecedora do Vale, a Cooperativa Certel, é a única a gerar energia na região. Ela propõe a órgãos federais ampliar o leque de geração com a construção de novas usinas: cinco projetos estão em análise pela Aneel desde abril de 2010. Juntos, os empreendimentos teriam capacidade para gerar 25,2 MW, quase o dobro da atual. Outras cinco usinas tiveram autorização da Aneel para operar.

Enfim, avanços

Novos centros de atendimento de especialidades, ao lado da abertura do curso de Medicina, lideram os avanços. A Univates abarca os mais imponentes projetos consolidados neste ano: novo Centro Cultural e Tecnovates. Também evoluímos no turismo e no agronegócio.

O QUÊ: Univates inaugura Centro Cultural, Tecnovates e abre curso de Medicina

PROMESSA: efetivar planos importantes da Univates. Entre eles, o Centro Cultural, Tecnovates e o início do curso de Medicina.

COMO FICOU: O teatro comporta 1.173 pessoas. Além de formaturas e eventos da instituição, também sedia projetos externos. A biblioteca tem acervo de 300 mil livros. Com funcionamento automatizado, tem sistema de autoempréstimo e autodevolução. O projeto arquitetônico do imóvel foi finalista do 7º prêmio O Melhor da Arquitetura, realizado em âmbito nacional.

O ingresso no curso de Medicina ocorre por meio das notas no Enem. Neste mês, a Univates abriu novo processo seletivo para preencher as vagas disponíveis em 2015. No que tange ao Tecnovates, ele surge diante da demanda regional para exames laboratoriais e pesquisas, em especial devido à potencialidade da produção de alimentos no Vale do Taquari.

O QUÊ: Centro Oftalmológico Regional

05PROMESSA: Fechado desde dezembro de 2012, o centro reabriu em setembro. A retomada dos atendimentos se deu à intervenção do Consisa. O plano é realizar 1,3 mil consultas, 4,9 mil exames e 250 cirurgias mensais.

COMO FICOU: No primeiro mês de funcionamento, foram atendidos 943 pacientes. Cada um dos 37 municípios atendidos pela instituição tem uma cota mensal de consultas. As cidades também ficam responsáveis por despesas de manutenção, como luz, água e materiais de limpeza. Afora isso, R$ 150 mil são enviados por mês pelo Estado para custear os procedimentos.

O QUÊ: lançamento do Projeto Turístico do Trem

PROMESSA: a ALL aceitou a proposta de implantação de uma rota turística de Estrela a Guaporé, roteiro de 63 quilômetros. A empresa Serra Verde Express, do Paraná, projeta investir R$ 1 milhão para explorar a ferrovia, com plano de iniciar a atração em março de 2015.

COMO FICOU: o projeto foi apresentado em setembro pelo Sebrae, Amturvales e Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (Abottc). Para os organizadores, o fundamental é ampliar e preparar as atrações turísticas na região.

O trem terá espaço para 56 passageiros, com ar-condicionado e janelas panorâmicas. O preço individual estimada em R$ 120. A princípio, o modelo do varão será Litorina Standard, mesmo usado no passeio realizado em Curitiba. Além de Estrela e Guaporé, o plano abrange Colinas, Roca Sales, Muçum e Dois Lajeados.

O QUÊ: agronegócio se fortalece

PROMESSA: tornar o agronegócio referência nacional e consolidar o vale dos alimentos.

COMO FICOU: o governo pretende sanear todo o rebanho gaúcho em oito anos. A isto estão reservados R$ 120 milhões. Além das seis cidades da comarca de Arroio do Meio, outras 13 encaminharam pedidos para iniciar os testes. No Estado, 34 municípios se interessaram em aderir ao Procetube. Com selo de sanidade, as propriedades conseguem garantia de mercado e melhores preços.

Importante avanço ocorreu na maior fiscalização da qualidade do leite que chega aos consumidores. Identificadas irregularidades e punidos os responsáveis, o setor leiteiro ganha confiança e visibilidade no mercado mundial.

O QUÊ: UPA de Lajeado

PROMESSA: a unidade foi inaugurada em março deste ano com capacidade para atender 300 pacientes por dia. O investimento na construção do prédio chegou a R$ 3,7 milhões, obra finalizada ainda em dezembro de 2012.

COMO FICOU: a média de atendimentos supera cinco mil mensais. Desde março, foram mais de 40 mil pacientes. A UPA permite agilidade em consultas e pequenos procedimentos, além de desafogar filas no HBB.

O QUÊ: melhorias no trevo da Boa União, em Estrela

PROMESSA: no primeiro semestre, iniciaram as obras de alargamento e restauração do trevo do bairro Boa União. O projeto foi entregue em dezembro de 2013 pelo município à EGR.

COMO ESTÁ: Os trabalhos foram concluídos em novembro deste ano, após cinco anos de espera. Foram recapeados 240 metros de asfalto em direção à Rota do Sol e, em sentido a Lajeado, alargados 170 metros da pista. O investimento chegou a R$ 270 mil.

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