Nova conta de luz sobe 8,3% em janeiro

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Nova conta de luz sobe 8,3% em janeiro

Sistema inovador com bandeiras tarifárias começa com preço acima do previsto

oktober-2024

Vale do Taquari – A partir de janeiro, os consumidores brasileiros terão um novo sistema tarifário para a energia elétrica. Baseado em bandeiras, o modelo terá três padrões de cobrança, conforme os custos na geração de eletricidade em cada região do país.

03A mudança trará aumento de 8,3% na primeira conta de luz de 2015, que terá cobrança em bandeira vermelha, a mais cara do novo sistema. Com isto, haverá um acréscimo de R$ 3 para cada 100 killowats-hora consumidos.

De acordo com o governo, o aumento ocorre em todo o Brasil devido ao baixo nível dos reservatórios nas hidrelétricas, o que obriga o emprego de usinas termelétricas para suprir a demanda. Como a energia térmica é mais cara, o valor pago pelas distribuidoras será repassado aos consumidores.

Mesmo com o acréscimo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alega que a mudança não acarreta novos custos para quem consome. Segundo a agência, o aumento anual na tarifa das distribuidoras já incluía o uso das térmicas. Com o novo sistema, não devem haver reajustes.

Em abril, o uso de termelétricas resultou em aumento de mais de 30% nas contas de luz da AES Sul. O acréscimo atingiu mais de 1,3 milhão de consumidores em 118 cidades gaúchas.

Efeito cascata

Sócio de uma indústria de sorvetes, Nilson Gemelli, considera que o percentual de aumento é maior do que o índice bruto apresentado pelo governo. Para ele, o impacto afeta todos os setores da cadeia produtiva.“Teremos um efeito cascata, porque aumenta o custo de produção de todos os insumos envolvidos no processo”, ressalta.

Segundo o empresário, os problemas de geração enfrentados no Brasil são resultado da ausência de investimentos no setor. “Não é pela falta de chuva, e, sim, porque não foram construídas novas hidrelétricas”, alerta. Ainda destaca que a energia é um dos serviços com maior tributo no país.

Proprietário de uma fábrica de refrigerantes, Nelson Eggers, afirma que o setor industrial sofre com os aumentos recorrentes na tarifa de energia. “O impacto para quem não toma medidas preventivas contra esses acréscimos é muito alto.”

Para evitar sobretaxas, a empresa que administra adquiriu energia em um leilão realizado há dois anos. Com isto, a correção na tarifa segue valores semelhantes ao da inflação. “A energia que contratamos terá uma variação de preços em janeiro, mas foram índices negociados e que têm menor impacto.”

Comércio não deve repassar acréscimo

O acréscimo na conta terá reflexo na lucratividade das atividades comerciais. Dono de uma sorveteria, Uilson Camargo dos Santos, alega que o acréscimo deve ser absorvido pelo setor. “Não temos como repassar ao consumidor. Sairá do lucro das empresas.”

O gasto com eletricidade na sorveteria fica em torno de R$ 2,5 mil por mês. Com o novo índice, a conta será cerca de R$ 200 mais alta. “Entendo que o custo da geração é alto, mas tivemos um aumento de 30% a menos de um ano pelo mesmo motivo”, lembra.

Proprietária de uma lanchonete, Andréia Regina Barros, afirma ter investido em novos equipamentos que gastam menos energia. “Comprei duas máquinas que consomem muito menos do que as anteriores”, alega. Porém, com o aumento, acredita que o investimento não resultará em economia na conta.

Sistema tarifário

A partir de 2015 as contas de energia elétrica seguirão o Sistema de Bandeiras Tarifárias, determinado pela Aneel. O sistema foi criado devido à predominância das usinas hidrelétricas na geração de energia.

Para funcionar, as usinas dependem da chuva para preencher o nível dos reservatórios. Quando há pouca água armazenada, é necessário utilizar usinas termelétricas, movidas a gás natural, carvão, óleo combustível ou diesel, o que aumenta o custo da produção.

O sistema será separado por bandeiras. A bandeira vermelha indica que o custo da geração de energia no mês está alto, com maior acionamento de usinas termelétricas por parte do governo. Com isto, a cada 100 kWh de consumo, haverá adicional de R$ 3 na conta de luz.

A bandeira amarela representa condições menos favoráveis, porém, não tão graves, e a tarifa da conta de luz sofre acréscimo de R$1,50 para cada 100 quilowatt-hora (kWh). Já a bandeira verde indica condições normais de geração e não representa aumento na conta.

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