Sindisaúde recebe denúncias contra a UPA

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Sindisaúde recebe denúncias contra a UPA

Funcionários reclamam falta de equipamentos e afirmam que atuam em “desvio de função”

Lajeado – As reclamações de funcionários e técnicos de enfermagem que atuam na UPA são graves. Após receber mais de R$ 4,6 milhões desde abril, a gestão da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas é criticada por profissionais. Contratada pelo governo municipal sem o processo licitatório, a gestora foi alvo de denúncias na terça-feira à noite, durante assembleia do Sindisaúde do Vale do Taquari.

04Hoje, a média de atendimentos na unidade de saúde supera cinco mil mensais. Inaugurada em março, a estrutura já recebeu mais de 40 mil pacientes de Lajeado e algumas cidades vizinhas. Mesmo com os bons números, a UPA segue recebendo queixas de funcionários. De acordo com o presidente do Sindisaúde, Roberto Souza, a mais grave se refere a um possível desvio de função de técnicos de enfermagem.

Conforme Souza, funcionários da UPA estariam sendo obrigados a realizar coletas para um laboratório privado que atua dentro da unidade. “Não é função deles. O laboratório tem que colocarfuncionários deles para fazer as coletas dos pacientes.” Ele afirma ainda ter recebido outras queixas sobre o local. “A estrutura que a UPA fornece para os trabalhadores e pacientes é péssima.”

Segundo o presidente, pacientes ficam deitados em cima de cobertores por falta de lençol. “Também faltam materiais de uso diário para os funcionários”, cita. Todas as queixas e denúncias serão encaminhadas pelo sindicato à Fundação e a Sesa. Além disso, afirma que os funcionários não aceitaram a proposta da FHGV. “Eles querem vale-alimentação, pois a fundação não fornece para os turnos do dia, e noite.”

Alguns profissionais também estão insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial. De acordo com Souza, eles não concordam que o repasse seja feito só em fevereiro de 2015. Outra reivindicação diz respeito aos RPAs. “Queremos que todos sejam contratados imediatamente.” O presidente ainda questiona o número de técnicos de Enfermagem contratados. “No edital consta que são nove por turno, mas isto não está acontecendo.”

Técnicos de Enfermagem organizaram um pequeno dossiê com queixas a respeito da gestão da UPA. A lista foi entregue à redação do jornal A Hora e todos os tópicos foram repassados ao Sindisaúde, Secretaria Municipal de Saúde e Fundação Getúlio Vargas. Seguem contrapontos:

1– Segundo funcionário, no início, havia 15 aparelhos de pressão de pedestal adulto e três pediátricos. Hoje, seriam apenas dois adultos. Os pediátricos continuam lá, quase sem uso. Teve dias, segundo funcionário, que trabalharam sem nenhum. Com isto, verificavam a pressão dos pacientes com os monitores que estão destinados aos pacientes internados na Sala de Observação.

Sesa: Não há falta de equipamentos. Os equipamentos devem ser usados de acordo com a necessidade. A Sesa repõe equipamentos que estragam, quando necessário, e quando solicitado.

FHGV: O quantitativo de aparelhos de pressão adquiridos pela Sesa e disponibilizados para o uso na UPA no início da gestão foram de 11 aparelhos adulto e 3 infantis. No decorrer do período, devido ao uso contínuo e grande volume de procedimentos, alguns aparelhos tiveram que ser encaminhados para a manutenção. Enquanto esses consertos ocorriam, outros dez aparelhos foram adquiridos pela FHGV para o uso na unidade. No momento, estão todos em uso na unidade. A verificação de pressão arterial em pacientes que necessitam de observação pode ser feita sem prejuízo por meio de monitores disponibilizados para tal. Na UPA os pacientes podem ficar até 24 horas em observação e, se indicada a internação, são transferidos para o hospital.

2 – Muitos funcionários não teriam treinamento em urgência e emergência. Qual sua posição a respeito disto?

Sesa: Hoje, nos atendimentos realizados, cerca de 90% são casos classificados como azuis/verdes, menos urgentes. Apenas 10% são classificados como amarelos, e situações de urgência/emergência (vermelhos) são menos de 1%. Em todas as situações urgentes, há acompanhamento de enfermeiro e médico, sempre capazes de agir em situações de urgência e emergência. A própria formação profissional destes profissionais lhes qualifica para atuar nesses casos.

FGHV: A UPA de Lajeado tem um Programa de Educação Continuada em andamento que dispõe de vários temas de atualização para os diferentes cargos contemplando todos os trabalhadores da UPA.

3 – Segundo o edital, seriam nove técnicos de Enfermagem por turno. Mas, segundo funcionários, hoje atuam, no máximo, quatro ou cinco por turno.

Sesa: A Fundação Hospitalar Hospital Getúlio Vargas está contratando técnicos de Enfermagem, que estão em falta no mercado de trabalho. Os próprios hospitais da região têm enfrentado tal problema. Não há prejuízo na capacidade de atendimento, haja vista que a UPA pode atender até 300 pessoas por dia e neste momento atende entre 150 e 170 pessoas por dia, bem abaixo da demanda prevista, portanto.

FGHV: No Processo Seletivo Simplificado 003/2014, o número de inscritos para 36 vagas no cargo de técnico de Enfermagem foi de 30 técnicos de enfermagem inscritos, destes, 27 foram aprovados. Todos os aprovados foram chamados e as vagas ainda abertas estão sendo preenchidas por contratos temporários. A grande dificuldade que a unidade vem encontrando é a escassez desses profissionais no mercado regional.

4 – Além dos aparelhos de pressão, faltariam também termômetros, aparelhos de hemoglicoteste, oxímetros. Funcionário atesta que UPA não dispõe de cama com grade para crianças e pacientes idosos. Atestam que alguns aparelhos de ar-condicionado não funcionam direito, e outros pingam para dentro, sendo necessário utilizar baldes para não alagar as salas. Falta lençol e material de rouparia para acomodar os pacientes nas camas. Por vezes, estariam utilizando cobertor no lugar de lençol.

Sesa: Problemas com ar-condicionado são comuns quando usados 24 horas por dia. Não há material ilimitado, ou seja, quando a demanda de atendimentos aumenta muito, em dias específicos, o uso de material também aumenta. Quanto a camas com proteção lateral, as mesmas seguem as recomendações das portarias vigentes.

FHGV: Todos os equipamentos e materiais necessários para o perfil de atendimento dos pacientes na UPA estão disponíveis para a utilização dos trabalhadores nas quantidades adequadas para o fluxo e perfil dos atendimentos prestados na unidade. As camas disponibilizadas para os pacientes em observação na UPA foram adquiridas pela Sesa. Quando identificado o risco de um paciente com necessidades especiais, assim como idosos e crianças ficar em um leito sem grades, sempre é autorizada a presença de um acompanhante. Todos os aparelhos de ar-condicionado foram revisados por uma empresa contratada pela FHGV e, com exceção de um (que falta uma peça), estão funcionando. A drenagem inadequada não foi identificada no recebimento da obra pela Sesa e, apesar deste problema se tratar da estrutura predial da unidade, a Fundação está providenciado o conserto.

5 – Funcionários reclamam que, por várias vezes, falta gaze e álcool. Também se queixam que há apenas três óculos de proteção, e que deveria haver um para cada funcionário. Reclamam também de escassez de Máscara PFF1.

Sesa: Os equipamentos são mantidos segundo a regularidade que se exige e eventuais faltas devem ser corrigidas com a devida programação.

FGHV: Todos os materiais e insumos necessários para o perfil de atendimento dos pacientes na UPA estão disponíveis para a utilização dos trabalhadores nas quantidades adequadas para o fluxo e perfil os atendimentos prestados, disponíveis no almoxarifado e farmácia da unidade.

6 – Funcionários reclamam falta de vale- alimentação, que segundo edital e CLT, seria providenciado para os trabalhadores que cumprem jornada de 12 horas noturnas. Também se queixam de salários atrasados, bem como o 13o. Uma multa acordada para cada dia de salário atrasado também não teria sido foi paga.

Sesa: O Executivo de Lajeado repassou o valor à Fundação no dia 9 e está providenciando um novo repasse. Nosso repasse foi em cima do prazo considerando os trâmites internos necessários. A câmara de vereadores aprovou a inserção de recursos federais no orçamento no início de dezembro restando pouco tempo para este trâmite. Isto já está regularizado. O salário está em dia. O 13º salário será pago no dia 23, ao que nos consta. Demais questões dependem de acordo entre FHMGV e servidores.

FHGV: A questão do vale-alimentação está na mesa de discussão com a Fessers. O salário atrasado de um dia no primeiro mês de alguns funcionários só ocorreu por falta de documentos deles. O 13o salário já foi depositado nas contas dos trabalhadores.

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