Tabaí – Seis dias após o bloqueio da BR-386 em Conventos, Lajeado, nova manifestação interrompe o tráfego da rodovia federal hoje de manhã. A partir das 8h, moradores e comerciantes de Tabaí fecham as quatro pistas em protesto ao fechamento do posto de policiamento rodoviário instalado no município. A ação ocorre em frente ao estabelecimento Casa do Mel, no quilômetro 385.
Pelo menos quatro máquinas e caminhões devem ficar atravessadas na rodovia. São previstas mais de 400 pessoas, que portarão cartazes e distribuirão panfletos informando sobre a reivindicação. Apenas veículos de resgate podem seguir viagem. Caso chova, será feita avaliação sobre manter ou não o bloqueio.
O empresário Dailon Ferronatto, 26, integra o grupo idealizador do fechamento. De acordo com ele, a liberação só ocorrerá no momento que algum integrante do comando da PRF esclarecer para comunidade os motivos que levam a polícia a fechar a unidade. “Se é por causa do efetivo, que contratem mais servidores. Caso mantenham essa decisão, vamos organizar outro protesto. Neste, a rodovia permanecerá interrompida por mais de 24 horas.”
Segundo Ferronatto, Tabaí foi construída às margens da BR-386 e depende da rodovia. A proposta de bloqueio começou no comércio e ganhou adesão das famílias. A cidade teme pelo aumento na criminalidade. No município, observa, há apenas um policial rodoviário e um militar. “Esse trecho é conhecido por roubos de carga, tem acesso a diversas regiões do Estado. Aqui passam 35 mil veículos por dia, sem contar que este é o único posto que tem balança. Não tem lógica fecharem.”
Falta de efetivo motiva decisão
O posto de Tabaí fecha a partir de janeiro, informa o chefe da 4ª delegacia, Adão Vilmar Madril. A decisão é motivada pela falta de efetivo, algo que ocorre em diversas regiões do Estado. Ao todo, cinco unidades estão em processo de fechamento no Rio Grande do Sul. “Todas onde trabalha apenas um policial estão sendo fechadas, como é o caso de Tabaí.”
De acordo com ele, com um único servidor trabalhando no posto, não há condições de fazer trabalhos externos. O policial será transferido para Montenegro e, assim, ressalta Madril, poderá auxiliar no patrulhamento. “Hoje ele fica como guardião do posto, algo que até nos preocupa. Transferido, terá condições de estar na rodovia atendendo acidentes, fiscalizando e proporcionando segurança aos motoristas.”
O prédio permanecerá fechado e, segundo Madril, poderá ser utilizado em eventuais casos de apoio. Para ele, o fato de remanejar o policial não acarretará em prejuízos à comunidade. “A sensação de segurança aumentará, porque agora teremos uma viatura na rua.”
No início do ano passado, cerca de 400 policias se formaram pela PRF. Mas estes ainda não foram nomeados e não há previsão. Também é incerto o envio de servidores para a 4ª delegacia. Madril sugere pressão política por parte de líderes regionais junto ao governo federal para garantir a nomeação de alguns para o Vale do Taquari.
Infraestrutura precária em Montenegro
Ontem, o posto de Tabaí estava fechado. As ligações eram transferidas para Montenegro. Na unidade, policiais se queixam de diversos problemas na estrutura do prédio. Entre eles, a água é imprópria para o consumo, redes de luz, internet e telefone oscilam e, em determinados períodos, chegam a ficar inoperantes. Madril reconhece o problema. De acordo com ele, está em análise a construção de uma nova unidade, o que deve ocorrer em 2015 ou 2016. O inspetor enaltece a importância do posto de Montenegro para a fiscalização. “É um local estratégico, o primeiro posto no sentido Região Metropolitana ao interior. Muitos veículos param para pedir informação.”
saiba mais
• A distância entre os postos de Tabaí e Montenegro é de 37 quilômetros
• No trecho de Tabaí, aconteceram 295 acidentes neste ano. No perímetro do posto de Montenegro, foram 291 acidentes em 2014
