Moradores relatam ameaças contra cães

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Moradores relatam ameaças contra cães

Bilhetes anônimos anunciam envenenamento de animais no bairro Montanha

oktober-2024

Lajeado – Cartas anônimas ameaçando envenenar animais domésticos foram deixadas em casas da rua dos Plátanos, no bairro Montanha. A denúncia foi publicada nas redes sociais e ao menos um caso foi registrado na Polícia Civil. Histórias de envenenamentos são registradas no bairro faz pelo menos seis anos.

03Morador da rua dos Plátanos faz seis meses, Dilso João Pontin, 56, se surpreendeu ao encontrar o bilhete deixado no portão de casa na sexta-feira, dia 5. A ameaça era de matar a cadela da família em, no máximo, dez dias, caso ela não parasse de latir.

O autor da mensagem diz ter matado cinco cachorros no bairro, dois deles na rua dos Plátanos. Pontin alega que o animal não incomoda e dorme dentro de casa. “Ela é muito ativa, mas não sai para a rua e não faz barulho à noite”, relata.

Para ele, caso algum vizinho se sentisse incomodado, deveria tentar o diálogo. “Essas ameaças são uma falta de respeito, ainda mais em um bairro tranquilo como o nosso”, diz.

Outro bilhete foi recebido por uma mulher que vive na mesma rua faz quase 30 anos. O impresso parece ter sido feito em uma fotocopiadora, e também faz referências ao latido dos cachorros. Com medo, ela prefere não se identificar. “Minha maior preocupação é que tenho crianças de 3 a 7 anos em casa. Se alguma delas pegar um objeto envenenado, pode acontecer uma tragédia.”

A moradora relata ter perdido um cão por envenenamento há cerca de seis anos. Na época vários bichos da vizinhança foram mortos dessa forma. Desde então, evita deixar os animais circularem pelo pátio de casa.

A Polícia Civil orienta os moradores a registrar ocorrência na delegacia em casos semelhantes. Caso o autor dos bilhetes seja identificado, pode responder pelo crime de ameaça, com pena prevista de um a seis meses de prisão.
A Lei dos Crimes Ambientais tipifica a prática de maus-tratos no Brasil. A pena para quem for identificado por envenenar animais domésticos é de três meses a um ano de prisão, além do pagamento de multa. A punição aumenta em caso de morte.

Casos se repetem

A prática de ameaçar moradores e envenenar cães é recorrente no bairro. Moradora do Montanha faz 17 anos, Luciane Massaro de Marque, 35, teve seu labrador atacado em 2010. Segundo ela, o veneno estava em um pedaço de carne enrolado em um guardanapo. “Ele começou a espumar pela boca e pelo fucinho.”

Como era de grande porte e foi logo atendido pelo veterinário, o animal sobreviveu. Dias depois, um bilhete anônimo com ameaças foi deixado na casa. “O autor dizia que aumentaria a dose do veneno e que faria nossa família chorar enquanto ele ria”, lembra.

Depois do ocorrido, a família instalou câmeras de segurança no pátio. “Na época minha filha tinha 3 anos e ficamos muito assutados.”

Moradora da rua dos Plátanos, Iolanda Lúcia, 60, não recebeu ameaças, mas teve seus cachorros envenenados em cinco ocasiões. Os primeiros casos aconteceram em 2009. “Tive uma cadela que foi envenenada três vezes. Na última, não resistiu.”

Com a morte do mascote, ficou com medo de ter outro cão. Apesar disso, adotou um cão da raça fila. “Passo muito tempo sozinha. A nossa cachorrinha me fazer companhia agora”, afirma. Pouco tempo depois, o animal foi vítima de envenenamento por duas vezes, mas sobreviveu.

Lei municipal prevê multa de R$ 2 mil

Em outubro, a câmara de vereadores aprovou a lei que dispõe sobre o controle e a prevenção de zoonoses e vetores em Lajeado. A legislação prevê punições a quem comete maus-tratos contra animais.

Considerados infrações gravíssimas, casos de envenenamento têm multa prevista de R$ 1.936. O valor é dobrado para reincidentes. Outros atos de abuso ou crueldade, como abandono de animais doentes, feridos, fracos, mutilados ou velhos, a promoção de lutas (rinhas), o aprisionamento de felinos em gaiolas e guias também são punidos pelo texto.

A fiscalização das infrações é realizada mediante denúncias ao Departamento de Controle de Zoonoses e Vetores. O procedimento ocorre via protocolo e o nome do denunciante é mantido em sigilo.

Após as denúncias, equipes do setor realizam vistorias e, em caso de irregularidades, notificam e autuam os proprietários ou autores. Dependendo da gravidade da situação, os animais podem ser recolhidos ao canil municipal.
O Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais pede que a população denuncie e auxilie a apuração dos crimes. Aém de garantir o bem-estar dos bichos, a ajuda da população é fundamental para o controle de doenças.

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