Arroio do Meio – A obra de ampliação das capelas mortuárias do bairro Bela Vista causou polêmica na cidade. Realizada pelo governo municipal com recursos próprios, a construção foi finalizada no início de novembro e custou R$ 400 mil aos cofres públicos. O valor é questionado por vereadores oposicionistas e munícipes.
Discutida desde 2012 por entidades religiosas, culturais e administração municipal, a obra foi licitada em fevereiro. A empresa Bianchini & Nicolini saiu vencedora do processo, realizado por tomada de preços. Pela modalidade, vence a proposta de menor valor.
De acordo com o secretário de Planejamento, Carlos Henrique Meneghini, mais de R$ 35 mil foram gastos com a instalação do canteiro, que incluiria a demolição de parte da estrutura existente. A mão de obra representou pouco mais de um quarto do total: R$ 120,7 mil.
A oposição questiona o valor empregado. Em novembro, Darci Hergessel (PDT) criticou a qualidade do material usado. O tema é frequente nas manifestações do vereador Aldemir Gregori (PP). Na última sessão, na quarta-feira, 3, pediu que a administração envie documentos sobre a obra e o processo licitatório.
O presidente da câmara, Paulo Grassi (PT)c defendeu o governo. Disse que todos os documentos estão disponíveis no Setor de Planejamento. Ainda afirmou que o projeto foi aprovado pelos vereadores no orçamento de 2014. “Na época ninguém questionou os valores”, ressaltou. Segundo ele, a obra era reivindicada há muito tempo e beneficia muitas pessoas.
Opiniões divididas
A ampliação divide opiniões na comunidade. Vizinhos da capela mortuária defendem a realização da obra. A aposentada Maria Neli Martins, 73, relata problemas com a fiação elétrica e de espaço na estrutura anterior. “Era muito pequeno, sem condições mínimas de conforto às famílias”, recorda.
Também aposentada, Noeli Pfluckseter, 61, enaltece o espaço construído ao ar livre. “As famílias agora têm os bancos sob as árvores onde podem descansar. Antes todo mundo ficava de pé”, frisa. Segundo Noeli, a estrutura anterior era muito quente e estava com aspecto ruim. “Há anos esperávamos por melhorias.”
Moradores do bairro que não quiseram se identificar discordam do valor empregado na construção. Um comerciante afirmou que o valor empregado seria suficiente para construir mais um pavilhão do mesmo tamanho do existente.
Ao ser informado dos custos da ampliação, outro munícipe demonstrou espanto. “É um valor absurdo, quase meio milhão”, disse. Afirmou ainda que a obra foi bem executada e era necessária, mas acredita que poderia ter sido feita por um custo menor.
Obra e funcionamento
O projeto incluiu 107 metros quadrados de ampliação, aumento da área das duas capelas e a construção de rampas, sanitários e espaço de convivência na área externa, com bancos e iluminação.
Foram instaladas portas e janelas de vidro, nova rede de elétrica, piso e telhado. A fachada foi remodelada e o prédio pintado. A construção, da década de 80, conta agora com 282 metros quadrados de área.
A compra de mobiliário e climatizadores foi organizada por comissão, formada por representantes das comunidades católica e luterana e dos clubes The Horse e Rotary. As entidades realizaram pedágios e outras ações para arrecadas recursos.
O grupo também elaborou o regulamento para uso da estrutura. A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é responsável por gerenciar o uso e a limpeza do local.
Todos os munícipes podem utilizar a estrutura, ao custo de R$ 200 por velório. As contas de água e luz ficam a cargo da administração municipal.