Pouca oferta de carne encarece churrasco

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Pouca oferta de carne encarece churrasco

Preços aumentam com entressafra do boi gordo e a proximidade das festas

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Vale do Taquari – O churrasco das famílias gaúchas deve ficar mais caro. Após a inflação no preço da carne suína e do frango, resultado de maior exportação, o motivo da nova alta é a carne bovina. A última semana de novembro registrou avanço de 3,5% nos preços da carcaça do boi vendida por frigoríficos ao varejo.

01Cortes mais nobres, como picanha, acumulam alta de 20% nos últimos dois meses. O preço mínimo do quilo da picanha alcança R$ 26 nos supermercados.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicardergs), Ronei Lauxen, o encarecimento da carne vermelha é resultado da escassez do gado de corte. Apesar de o produto ser voltado para o mercado interno, com cerca de dois milhões de abates anuais, falta produto no fim do ano.

Lauxen informa que a oferta dos bois de pastagem termina em novembro, pois o produtor precisa liberar as áreas para plantar soja e milho. “A partir de dezembro só tem o boi criado no campo, que muitas vezes não está pronto para o abate ou demora para ir ao abate.”

Para o presidente, pecuaristas se utilizam de estratégias para lucrar no fim do ano. “Seguram a venda da boiada para ganhar mais durante a escassez do produto.”

Aponta a falta de referência de oferta e de preços no mercado. Sem dados, diz, não há como prever preços e nem se o abastecimento será suficiente.

Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Longo projeta novos aumentos até o Natal e Ano Novo e teme a falta do produto.

Os preços dos últimos meses motivam o lajeadense Arduino Miorando, 58, a trocar a carne de rês por cortes mais baratos de frango e de suíno. Ao invés da picanha, opta pela costela suína, com deflação de 1,5% em novembro.

Miorando diminuiu pela metade os churrascos nos últimos seis meses. Adianta que nas férias de verão, na praia, optará por outros alimentos. “Nesta época, quando se acha carne, é ainda mais cara.”

Alguns dos produtos que acompanham o churrasco também seguem o aumento de preços. A cebola encareceu 7,39% em novembro; o arroz, 1,61%. A campeã de aumentos é a batata inglesa. Na soma de outubro e novembro, encareceu 20,48%.

Outros produtos barateiam

Vilão da cesta básica a cada ano, o tomate está 12% mais barato em relação a setembro. Pode ser encontrado a partir de R$ 2 no mercado. Leite longa vida, farinha de trigo, cenoura e óleo de soja também baratearam.

Na contramão do churrasco, a carne moída de primeira registra deflação de 5% no acumulado de outubro e novembro. Costela suína barateou 2%, enquanto o preço do pernil estagnou nesse período.

“Falta verticalização”

A escassez da carne bovina começa no fim de novembro e tem seu auge em janeiro e fevereiro. Um dos fatores responsáveis é a entressafra, marcada pela ocupação de terras no verão para o plantio de grãos.

Mas para Lauxen falta integração entre o setor primário, a indústria e o varejo para haver um controle de preços, como ocorre nos setores de suíno e frango. “As características da cadeia de produção do boi e do perfil do produtor acabam dificultando esse modelo.”

Afirma ser necessária a verticalização na produção, com decisões de compra e venda controlada. Para ele, é a única forma de controlar o abastecimento do mercado.

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