Lajeado – As mulheres vítimas de violência doméstica da cidade contam a partir de hoje com um acompanhamento diferenciado. A Patrulha Maria da Penha deve garantir mais fiscalização ao cumprimento das medidas protetivas e qualificar o serviço da rede de apoio. Cerca de 40 pessoas acompanharam ontem a cerimônia de instalação do projeto estadual. Lajeado é a primeira cidade da região a receber a iniciativa, a qual ocorre em outros 18 municípios gaúchos.
A patrulha local tem duas equipes com três policiais cada. Estes são responsáveis pela visita regular às casas das vítimas, para prestar acompanhamento necessário. “Os policiais do serviço administrativo farão o trabalho, sem haver redução de policiamento normal”, enfatiza a capitã da Brigada Militar e coordenadora da Patrulha, Karine Pires Soares.
Projeta visitas uma a duas vezes por semana, organizando um itinerário por bairros. “Temos hoje 50 mulheres com medidas em andamento”, salienta. Durante as saídas, a equipe verifica se o agressor cumpre as normas estabelecidas pelo Judiciário, o endereço da vítima e, caso necessário, pode realizar prisão em flagrante.
Além de mais apoio às vítimas, o comandante do 22º BPM, o tenente-coronel César Augusto Pereira da Silva, ressalta a aproximação da polícia aos diferentes bairros, reforçando o trabalho feito pela polícia comunitária.
Presente no evento, o secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels, reforçou a formação de 850 policiais militares para atuarem nas patrulhas do Estado. Elencou também o repasse de veículos, armamento e materiais de proteção, os quais devem ser enviados à cidade nos próximos dias. Por enquanto, a equipe atuará com o material disponível e com um automóvel cedido pela guarnição.
Com a continuidade do projeto, criado em 2012, Michels acredita na redução dos casos de violência. Segundo ele, de 1º de janeiro a 30 de setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado, houve a redução de 32,4% dos assassinatos de mulheres no Estado.
342 casos em seis meses
Só no primeiro semestre deste ano, a cidade recebeu 342 registros pela Lei Maria da Penha. Destas, 237 forma por ameaça e 102 por lesão corporal. Conforme dados da Polícia Civil, no ano passado foram 660 casos, 20 menos comparando com 2012.
Conforme a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Márcia Bernini Colembergue, parte do aumento dos índices se deve à maior informação das mulheres sobre seus direitos e em mais coragem em procurar ajuda. A partir da Patrulha, relata o fortalecimento da rede de apoio, com visitas aos lares.
Para o presidente da União das Associações de Moradores de Bairros (Uambla), Marcos Salvatori, a inciativa garante mais atenção às vítimas em áreas distantes do centro. “Será um apoio a mais às famílias”, diz. Da mesma forma o juiz Luís Antônio de Abreu Johnson relata o reforço que a equipe trará à fiscalização quanto ao cumprimento das medidas protetivas. Vê o projeto como uma forma de visualizar a situação mais de perto, onde a BM atuará de forma integrada à PC e Judiciário no acompanhamento dos casos.