Jovens rurais debatem sucessão sindical

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Jovens rurais debatem sucessão sindical

Saúde, educação, acesso à terra e trabalho infantil serão assuntos abordados

Vale do Taquari – O baixo número de líderes formados para assumir a gerência dos sindicatos e entidades no interior será o tema principal do 5º Congresso Estadual da Juventude Trabalhadora Rural. O encontro inicia hoje, às 9h, no Parque do Imigrante, em Lajeado, e se estende até amanhã.

01Conforme a coordenadora estadual da Juventude Rural da Fetag, Josiane Einloft, a idade dos agricultores associados nos 351 sindicatos preocupa. Mais de 60% são aposentados, 25% têm entre 40 e 50 anos e apenas 15% têm até 32 anos. “A sucessão em muitos está comprometida.”

Outra dado preocupante é o número de estabelecimentos rurais sem sucessores. Segundo levantamento do IBGE em 2010, em todo Estado chega a 48 mil. “Apenas 12,3% dos jovens ainda moram no interior. Isto não quer dizer que eles trabalham na lavoura. Muitos estão empregados na cidade e moram com os pais.”

Temas como saúde, educação, acesso à terra e trabalho infantil estão entre os assuntos abordados no evento. Como maior desafio, cita a necessidade de superar o preconceito com o qual a classe é tratada. “Muitos nem consideram ser agricultor uma profissão. É visto como destino de quem não quis estudar.”

Durante o encontro, serão apresentadas as pautas discutidas e aprovadas durante as reuniões nas 23 regionais sindicais. Estas ações estratégicas buscam consolidar e dar continuidade ao trabalho da juventude trabalhadora rural no movimento sindical. “O desafio é manter a busca por melhores oportunidades de acesso à educação, ao lazer e à qualificação profissional. Com a construção de propostas concretas de melhoria de vida do jovem agricultor, viabilizamos a sua permanência no campo com dignidade”, afirma.

Josiane trabalha ao lado do marido Cássio Backes em uma propriedade de 11,6 hectares em Candelária. Produzem grãos, criam gado e plantam alimentos para subsistência. Entre os projetos a serem iniciados nos próximos meses, está o de criação de frango caipira e cultivo de flores.

“Precisamos no reinventar”

Para o diretor-executivo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lajeado, Lauro Baum, o crescimento do êxodo rural reflete na diminuição tanto do quadro social como de novos líderes. “As recentes fraudes do leite, frustração das colheitas e instabilidade nos preços contribuem para agravar o problema.”

Menciona a necessidade de reinventar e atualizar as políticas de incentivo aos jovens. Para ele, é preciso oferecer o conforto da cidade ao interior, com garantia de salário fixo. “O produtor de leite trabalha 45 dias sem saber o que receberá pelo litro. O fumicultor se dedica por seis meses. Isto precisa mudar, pois é um dos motivos pelo qual muitos filhos deixam a propriedade.”

Defende também o rompimento de paradigmas culturais entre pais e filhos. A entidade completou 51 anos neste ano e tem 1,5 mil associados em quatro municípios (Forquetinha, Lajeado, Canudos do Vale e Marques de Souza). Cerca de 70% desses têm idade superior a 60 anos.

Focadas nos jovens

Para estimular a permanência dos jovens no campo, as cooperativas Languiru e Cosuel oferecem aulas com foco em gerenciamento. Na primeira entidade, o trabalho de qualificação com os filhos alcançam excelente resultado.

Em 2004, os cooperativados tinham, em média, 57 anos. Em 2013, essa referência caiu para 48,7 anos, graças ao ingresso de um maior número de jovens no quadro de sócios.

A Cosuel criou um programa interno para estimular associados e seus filhos a seguirem na propriedade e implantar melhorias. O programa começou em 2013 e está na terceira turma. Onze jovens concluíram o projeto com duração de 18 meses. As atividades incluem duas visitas técnicas a propriedades, implementação de sistemas informatizados, debates e projetos de melhoria e organização dos dados pelo participante.

Programação

Hoje

9h – Abertura e pronunciamentos

10h30min – Painel sobre a conjuntura atual da agricultura familiar, palestrantes Elton Weber e Gerardo Iglesias

14h – Discussão em grupo sobre os temas trabalho infanto-juvenil e sucessão rural

21h30min – Noite cultural – escolha do garoto e garota rural

Amanhã

8h – Abertura

13h30min – Apresentação das diretrizes e propostas discutidas no congresso

15h – Caminhada até o centro, com distribuição de mudas, doação de alimentos, sementes, material informativo, e encerramento.

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