Reconstituição de crime ocorre sem os réus

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Reconstituição de crime ocorre sem os réus

PC e Instituto Geral de Perícia voltaram à residência dos idosos mortos em junho

oktober-2024

Lajeado – Os principais suspeitos do assassinato de Isolde e João Dullius se negaram a participar da reconstituição do crime. Ontem à tarde, eles foram levados por agentes da Susepe até a Delegacia. No entanto, sem a presença dos advogados – que alegaram outros compromissos – ambos também se recusaram a falar com os investigadores. Stanislau dos Santos e Ana Luíza Müller Dullius, genro e filha do casal, foram indiciados pela PC e denunciados pelo MP.

04A casa onde vivia o casal fica no bairro Moinhos D’Água. Antes da chegada de parentes e dos policiais, ela estava fechada. No portão de entrada da garagem, uma placa instalada pela família dizia: “A distância nos permite a saudade, mas não o esquecimento.” Foi na cozinha e em um galpão nos fundos da residência que Isolde e João foram mortos com golpes de machadinha. O crime aconteceu no dia 3 de junho.

Mesmo sem a presença dos réus, as equipes da PC e do Instituto Geral de Perícias (IGP) voltaram à cena do crime para fazer a reconstituição. “Vamos confrontar essa verificação com os depoimentos dos suspeitos”, esclarece o delegado Sílvio Huppes. Familiares e outras testemunhas também participaram. Dois policiais representaram os passos descritos por Stanislau e Ana Luíza no dia do crime. A movimentação chamou a atenção dos vizinhos.

Para Huppes, há poucas novidades para incorporar ao processo. A polícia não tem dúvidas sobre a participação do casal na morte dos idosos. Exames de sangue já comprovaram que havia sangue das vítimas nas roupas de Stanislau. O suspeito, no entanto, afirma ter sido agredido antes da morte de João e Isolde, e garante não lembrar de nada. Segundo o delegado, ele era a única pessoa que estava na casa no momento do crime. “O suspeito não soube explicar a origem do sangue em sua roupa.”

Detalhes do crime

Isolde e João Dullius, ambos de 59 anos, foram mortos na manhã do dia 3 de junho com golpes de machadinha. Naquela manhã, também estavam na casa Ana Luíza e Stanislau dos Santos. A filha teria saído do imóvel um pouco antes do crime. À polícia, disse ter ido até o seu sobrado – localizado a poucos metros do local – para receber uma geladeira que estaria no conserto. A PC prova que nenhuma entrega estava agendada para aquela data.

Pouco depois dela sair, Stanislau teria agredido João com golpes de machadinha no pescoço, dentro de um pequeno galpão localizado nos fundos da casa. Ele morreu na hora. Depois, o genro teria atingido Isolde na cabeça, no rosto e nas mãos. Ela foi encontrada morta na cozinha. Ao voltar para casa, Ana Luíza chamou a BM e o Samu. Ela diz não ter visto movimentação estranha naquela manhã. O testemunho de vizinhos endossa essa tese.

O genro afirma ter sido agredido. O ferimento, no entanto, é considerado superficial perto da brutalidade com que os idosos foram agredidos. Stanislau também tinha manchas de sangue das vítimas nas roupas, e havia DNA dele em vestígios de sangue encontrados na carteira de Isolde. Para a PC e o MP, o crime teve motivações financeiras e foi planejado com auxílio da filha.

Suspeitos não falam

Stanislau e Ana Luíza chegaram algemados por volta de 13h20min de ontem na delegacia de Lajeado. Eles vieram no mesmo veículo da Susepe. Acompanhados de agentes penitenciários, subiram direto para as salas de interrogatórios. Lá, permaneceram por cerca de uma hora e meia. Apesar da presença de um advogado encaminhado pela OAB regional, eles não se pronunciaram.

“Os advogados deles foram avisados com antecedência. Mas, um pouco antes do horário, avisaram da impossibilidade de comparecer”, informa Huppes. Na saída do local, Stanislau veio à frente. Tentou conversar brevemente com o agente que o acompanhava. Mas foi ignorado. Logo atrás veio Ana Luíza. Constrangida com a presença de fotógrafos e outros profissionais da imprensa, ela tentou evitar – sem sucesso – a exposição.

A audiência de instrução do processo que julga o genro e a filha do casal ocorreu no fim de outubro, na 1ª Vara Criminal do Fórum de Lajeado. De acordo com a denúncia apresentada pelo MP, eles foram denunciados pelos homicídios triplamente qualificados. Em setembro passado, a Justiça negou pedido feito pela defesa de Ana Luíza, para que ela passasse por uma avaliação psicológica.

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