À espera dos veranistas

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À espera dos veranistas

O calor e a chegada das férias de verão agitam campings pelo Vale do Taquari. A região tem pelo menos 25 balneários, uma das maiores concentrações do Estado. Dezoito abrem a temporada nas próximas semanas. Eles somam-se com os demais que funcionam o ano inteiro.

Vale do Taquari – As áreas de lazer atraem milhares de veranistas a cada temporada. Como chamariz, ofertam lugares destinados ao banho em rios ou arroios, ambientes naturais onde o visitante pode acampar e fazer atividades físicas. Marques de Souza leva a fama de “Capital Gaúcha dos Campings”, embora empate com Cruzeiro do Sul no número de estabelecimentos.

02Nos últimos anos, a cidade perdeu espaço. Muito em função da enxurrada devastadora de janeiro de 2010. Apenas cinco dos oito campings sobreviveram. Um dos mais tradicionais na região, o Palm e Hepp, não suportou os estragos causados pela cheia e encerrou as atividades após 35 anos de existência.

Das 42 moradias construídas ao longo das mais de três décadas nos 2,5 hectares de área, somente uma permaneceu intacta. A família tentou reerguer o ambiente, oferecendo aos visitantes sanitários e alimentação, porém, ninguém mais poderia se hospedar, mesmo que em barracas provisórias. A última tentativa foi no veraneio passado.

“Sempre trabalhamos para fazer as férias dos visitantes. Chegou a nossa vez de descansar”, apontam os proprietários Ricardo, 52, e Márcia Hepp, 48. Agricultores, decidiram transformar a antiga área de lazer em potreiro para o trato do gado bovino. Ao restringir fotografias do local, Ricardo diz: “As pessoas devem se lembrar dos momentos bons que passaram aqui. Ver no que se tornou estragaria isto”.

A decadência de alguns abre oportunidades a outros. Assim pensa a proprietária do Riacho Doce, Elisa Kremer Rieth, 52. Situado em Linha Perau, o camping contará com 30 novas cabanas nos próximos meses, hoje tem 13 moradias fixas. A área passa por terraplenagem. “Em seguida vamos medir os terrenos. As construções podem iniciar em seguida.”

Ao todo são três hectares de gramado e mata nativa, com acesso direto ao Rio Forqueta. A temporada começa neste sábado de manhã, com futebol seguido de almoço, e segue até o fim de março. Elisa aposta na variação dos momentos de descanso e diversão como atrativo aos visitantes. “Fazemos muitas festas, inclusive para pessoas de fora, como confraternizações da terceira idade.”

O Riacho Doce será palco da estreia da competição chamada Intercamping no dia 29, que neste ano chega à sua 11ª edição. As atividades seguem até 15 de fevereiro, reunindo 24 equipes de futebol sete e nove de voleibol misto (resta uma ficha para inscrição). Coordenador de esportes e turismo no município e um dos organizadores do evento, João Jung, acredita: “este será o maior já realizado em Marques de Souza, servindo de atrativo aos turista e integrando a comunidade”.

Capacidade esgotada

Enquanto a proprietária do Riacho Doce planeja a expansão, outros dois estabelecimentos da cidade adotam medidas em virtude da falta de espaço. O Camping Stackão comporta 120 casas, condição para a visitação aberta ao público. “Virou um condomínio fechado”, define Jung. Por caso semelhante passa o Sadol, de Picada Flor. Está fechado a visitantes externos nos fins de semana.

No Camping Germano, o dono Germano Eldo Hepp, 68, decidiu não construir novos prédios após a enxurrada de 2010. Sete imóveis resistiram à força da água e foram necessários R$ 900 mil para restabelecer a infraestrutura. Mas o local é específico para acampamentos, prática incentivada pelos gerenciadores.

Localizado em Picada May, o Da Pedra é o único do município ainda com casas disponíveis para locação. São quatro. A temporada foi aberta em outubro e encerra em março.

Sossego garantido

Há três anos, Betinho Rosa, 56, comprou uma residência de quase cem metros quadrados no Camping Riacho Doce. Além de outros recintos, o imóvel conta com dois quartos, sala de estar e três ambientes para confraternização. “É a minha segunda moradia. Sempre que posso, venho aqui descansar e aproveitar a família.”

Nessa sexta-feira, o morador de Lajeado conseguiu sair antes do trabalho para arrumar a casa de campo, antecedendo a chegada da mulher e do neto. Para Betinho, a regra fundamental é aproveitar a vida. “Não podemos valorizar a vida apenas quando estamos com a saúde comprometida. Temos muita coisa boa para fazer”, ressalta.

Segurança aos banhistas

Apesar da tranquilidade dos campings, banhistas precisam estar atentos aos riscos de afogamento, pois nove em cada dez mortes do gênero acontecem em água doce. Mesmo que grande parcela dos estabelecimentos ofereça salva-vidas, alguns têm dificuldades de encontrar os socorristas. Um dos motivos, o fim do curso de treinamento por parte do Corpo de Bombeiros.

Desde o ano passado, o órgão não oferece mais a formação devido à falta de amparo legal e pouca atenção do Estado no assunto. “Puxei a frente desses cursos por anos, mas paramos porque daqui a pouco eu acabaria me responsabilizando por uma eventual morte”, aponta o tenente André Rodrigues de Oliveira.

Em 3 de janeiro de 2013, deputados gaúchos aprovaram legislação que regra sobre a segurança aquática em águas internas – rios, arroios e açudes – de estabelecimentos comerciais do Estado. No entanto, a norma depende de regulamentação para entrar em vigor. Como isto ainda não ocorreu, os campings não são obrigados a oferecer tal serviço. Mesmo que não existam regras específicas, os proprietários respondem de forma cível pelos eventos ocorridos no local.

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