Lajeado -Uma soldado da Brigada Militar (BM) ajudou a salvar a vida de um menino com 20 dias de idade, que havia se engasgado com leite materno na madrugada dessa terça-feira. Por meio de uma ligação para a emergência (190), a mãe da criança pediu socorro e recebeu orientação de como proceder, enquanto uma viatura se deslocava ao local para conduzir o bebê ao hospital.
Era 1h50min. A soldado Ângela Cristina de Souza, 31, atende o telefonema (veja reprodução ao lado). Sem que termine de falar, a mãe do menino Matheus, Camila Devitte Dal Pian, 26, a interrompe e avisa que seu filho estava “afogado”.
Foram pouco mais de quatro minutos de conversa gravada, período no qual a policial repassa as orientações e aciona uma guarnição para ir até a moradia, no bairro Americano. No meio da chamada, Camila clama por ajuda: “ele está ficando roxo.”
Seguindo as indicações de Ângela, ela consegue fazer com que o menino volte a respirar. A viatura levou cerca de dois minutos até o local, partindo em seguida para o hospital, com Matheus aparentemente recuperado. “Eles foram muito ágeis, maravilhosos. O pessoal do HBB já estava esperando. Só tenho a agradecer às pessoas que nos ajudaram”, enfatiza.
Há oito anos na BM, todos eles cumpridos em Lajeado, este foi o primeiro caso do gênero enfrentado pela soldado. “Sabemos do quão incomum é isto, mas sempre estamos preparados. Foi uma grande emoção saber que no fim a criança ficou bem, um alívio”, relata Ângela. “Fiquei muito nervosa, mas precisei ficar calma para conseguir orientar a mãe.”
Os compromissos com o fim da graduação impedem Ângela, por enquanto, de visitar a família. Mas ela espera poder conhecer Camila e Matheus o quanto antes. “Desde que desliguei o telefone, não tive mais contato. Agora quero ter a oportunidade de ver como eles estão.” O encontro tem o aval dos familiares do menino. “Deve ser uma pessoa muito querida”, ressalta Camila.
Situação idêntica há 85 dias
No dia 13 de agosto, o sargento da BM de Encantado, Claudiomiro Antônio Rodrigues, também ajudou por telefone a salvar uma criança. Era uma menina, de dois meses de idade. A mãe do bebê, Suzete Scatolla Fraporti telefonaou ao 190, às 10h05min, pedindo socorro e relatou ver a respiração da filha parar.
Com 24 anos de carreira, Rodrigues manteve a calma e pediu para que a mãe fosse ágil na obediência às orientações. Indicou à Suzete virar a criança de barriga para baixo, sobre o braço esquerdo, de forma que a cabeça da menina ficasse na palma da mão. Em seguida, que pressionasse as costas do bebê, na altura do pulmão, por diversas vezes. Aos poucos, a respiração é retomada. No dia seguinte, a família foi até a sede da BM para conhecer o sargento e agradecer.
Trotes e enganos prejudicam socorro
O atendimento de emergência, por meio da ligação 190, é fundamental para evitar tragédias ou prestar socorro às vítimas da forma mais ágil possível. No entanto, o policiamento responsável por atender as chamadas recebe, diariamente, trotes ou telefonemas sobre casos distintos aos propostos pelo serviço.
“Isto prejudica o nosso trabalho. Enquanto poderíamos salvar uma vida, como aconteceu nesta semana, acabamos perdendo tempo”, aponta o comandante do 22º Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente-coronel César Augusto Pereira da Silva. Para evitar este tipo de situação, a BM passou a exigir mais informações das pessoas que acionam o serviço, como endereço, nome e relato do fato. “Nem todos entendem isso, mas é fundamental.”
