Encantado – Uma cela da ala masculina do albergue do presídio estadual pegou fogo ontem. A direção suspeita que o incêndio tenha sido criminoso. Para o administrador interino, Carlos Sandoval Zachzenski Leal, os presos forjaram o sinistro para conseguir liberação.
Por volta das 13h30min, o Corpo de Bombeiro foi chamado pela BM. Segundo o sargento da guarnição, Vanderlei Rodrigues, ninguém se feriu. O grupo levou quase uma hora para controlar as chamas e fazer o rescaldo do prédio.
Entre os prejuízos, houve a queima de 25 triliches, ventiladores, televisões e pertences dos detentos. Porém a estrutura de alvenaria com cerca de 80 metros quadrados não ficou abalada.
Ao todo, 21 detentos ocupam o espaço. Destes, 12 estavam no pátio durante o sinistro e os demais, do regime semiaberto, estavam trabalhando. Conforme Leal, todos permanecerão no presídio. Eles foram recolocados de forma temporária em celas do regime fechado, até a limpeza.
Sobre as causas, Leal acredita que foi criminoso. “O fogo iniciou logo que eles saíram para o pátio”, diz. Mesmo assim, haverá perícia. A emissão do laudo deve ocorrer entre 30 e 90 dias.
Situação se repete
Há 50 dias, houve o primeiro sinistro na mesma cela. O fato também foi registrado à tarde, no espaço destinado aos regime aberto e semiaberto. Na época, quatro detentos ficaram feridos e precisaram de atendimento hospitalar.
No primeiro momento, Leal disse que o incêndio seria acidental, provocado por uma falha elétrica. Porém o relato dos detentos não se confirma. “Confirmamos que ninguém estava cozinhando naquele momento. Eles acabaram desmentidos”, ressalta.
Da mesmo forma do que ocorreu ontem, Leal desconfia que o grupo queria forjar a dispensa. Segundo ele, o Conselho Disciplinar da instituição continua identificando os envolvidos e a Polícia Civil mantém a investigação.
Para evitar novos sinistros, Leal convocou uma reunião com a Promotoria, Judiciário, Conselho e demais setores de segurança, prevista para os próximos dias.
Saiba mais
O albergue foi inaugurado em março de 2013. A obra de 200 metros quadrados custou R$ 180 mil. O repasse estadual de 50% do valor, assinado em convênio em 2012, até então não foi recebido.
Segundo o presidente do Conselho da Comunidade para os Apenados da Comarca, Jandir Passaia, o pagamento ocorreu com auxílio do Judiciário, municípios da comarca e doações.
A quitação ocorreu há cinco meses. Nos próximos dias, o grupo verificará as reformas necessárias depois do incêndio. O local precisará de limpeza, repintura e revisão na rede elétrica. Colchões e utensílios serão trocados.
