Filho é suspeito de amarrar e matar a mãe

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Filho é suspeito de amarrar e matar a mãe

Crime ocorreu por volta das 2h. PC trata Diego Dessoy como principal suspeito

Arroio do Meio – Os moradores do bairro Bela Vista acordaram assustados na manhã de ontem com a notícia de um assassinato cometido durante a madrugada. Carmen Maria da Veiga Dessoy, 59, foi encontrada morta pela nora dentro do quarto, com as mãos amarradas por um lençol ao pé da cama. O corpo estava deitado quase de bruços no chão, e a vítima apresentava sinais de agressão na cabeça. Ao lado dela, a Polícia Civil (PC) encontrou um pé de cabra sujo de sangue.

04O filho mais novo, Diego Desssoy, 27, é o principal suspeito. Ele estava na casa – junto com a filha de 1 ano e 8 meses – quando o crime teria acontecido. Por volta das 2h, dirigindo o carro que pertence ao irmão, ele foi até a residência da esposa, que mora em Lajeado. Lá, deixou a filha – afirmando que ela estaria com dificuldade para dormir – e disse apenas que estava voltando para a casa da mãe. Ele aparentava nervosismo.

Depois de deixar a filha com a mulher, Diego ainda teria passado na casa de um tio dela, também morador de Lajeado. Segundo informações de parentes, ele pediu cerca de R$ 200 emprestado, afirmando precisar do dinheiro para ir a um velório. O parente desconfiou – além do horário pouco habitual para uma visita – do fato de ele estar dirigindo o veículo que pertencia ao irmão. Depois disso, o homem não foi mais visto.

Por volta das 7h, a mulher de Diego foi até a casa da sogra. Ao entrar no quarto, encontrou Carmen morta. O corpo estava frio, sinal de que a morte foi durante a madrugada, acredita a PC. A nora encontrou o cômodo bastante bagunçado. Havia roupas sobre o cadáver. Sala, cozinha e outras dependências também estavam reviradas. Não havia sinal de arrombamento na porta de entrada, e tampouco nas janelas.

A PC foi chamada. De acordo com João Selig, delegado de Arroio do Meio, Diego Dessoy é o principal suspeito. Selig trabalha agora na localização do homem e do veículo, um Corolla cinza, com placas IKG-9424. Conforme o Instituto Geral de Perícias (IGP), Carmen morreu devido a agressões sofridas na cabeça. Foram pelo menos três golpes. “Ele colocou um pano sobre o rosto dela antes de bater, para que ela não olhasse”, supõe Selig.

Problemas com drogas

O principal suspeito do assassinato tem problemas com drogas. Segundo a mulher, ele teria ficado cerca de cinco anos sem usar qualquer substância entorpecente. No entanto, sofreu uma recaída há oito dias, com o uso de cocaína. Ela também confirma que Diego estava na casa da mãe “pois pretendia se internar naquela manhã para tratamento e desintoxicação.”

Conforme familiares, o último emprego de Diego foi de chapeador. Ele não estaria mais atuando nesse local. Vizinhos o descrevem como uma pessoa normal e afirmam desconhecer qualquer tipo de agressão cometida por ele contra a mãe. “Estamos bastante chocados. É uma pessoa boa”, diz uma vizinha, também moradora da rua Antônio Fornari, e que conhecia Carmen há mais de 30 anos.

Um outro vizinho afirma ter ouvido quando o Corolla deixou a residência. O veículo pertence ao irmão de Diego, que morava com a mãe, mas estava em Caxias do Sul no momento do crime. Ele é vendedor de tintas. Uma testemunha, segundo Selig, também teria escutado o choro de uma criança vindo de dentro da casa, supostamente da filha do suspeito.

O delegado afirma também que Diego não tinha antecedentes criminais. “Apenas um Termo Circunstanciado (TC) por posse de entorpecente.” Para ele, restam poucas dúvidas a respeito da motivação do crime. “Ele seria internado hoje (ontem), então acredito que a abstinência acabou transtornando o suspeito, que devia estar atrás de dinheiro para usar drogas.”

Carmen é citada por vizinhos e amigos como uma pessoa “batalhadora”. Viúva, trabalhava como faxineira e doméstica em diversas residências de Arroio do Meio. “Ela não parava um dia sequer. De segunda a segunda para conseguir ajudar a família. Não dá para acreditar no que aconteceu”, frisa uma vizinha.

PC investiga o caso

Até o fechamento desta edição, o paradeiro de Diego e do veículo ainda eram desconhecidos. O celular do suspeito esteve desligado durante toda a quarta-feira. Selig afirma que são poucas as informações sobre o possível local onde ele esteja escondido. “Pelo menos nenhuma informação mais concreta chegou até nós.”

De acordo com a delegada regional da PC, Elisabete Barreto Muller, este foi o 47º caso de assassinato na região de abrangência da 19ª Delegacia da Polícia Civil, que inclui 31 municípios do Vale do Taquari. Há ainda uma suspeita de homicídio doloso no atropelamento registrado na segunda-feira, também em Arroio do Meio, e que matou Inácio Schwarzer.

A delegada cita que quase 70% dos crimes registrados neste ano foram solucionados. Para ela, apesar do alto número, os homicídios não podem ser banalizados. “Não achamos normal e não podemos banalizar. É grave a situação. Mas ela, por quase sempre envolver drogas, precisa ser discutida com toda a sociedade. Já não é mais problema apenas das polícias”, finaliza.

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