Abandono de TVs atrapalha eletrônicas

Você

Abandono de TVs atrapalha eletrônicas

Empresas contabilizam prejuízos para descartar aparelhos deixados por clientes

Vale do Taquari – A mudança na tecnologia dos aparelhos de televisão causa transtorno para as assistências técnicas. Com a popularização das TVs de tela fina, os antigos aparelhos de tubo se tornam ociosos e são abandonados nas lojas por clientes que solicitam reparos.

02Proprietário de uma eletrônica em Lajeado, Aloísio I. Rockenbach, 74, convive com diversas televisões abandonados por clientes. “Já tive que retirar 12 TVs de dentro da sala para poder entrar na loja”, afirma. Por ano, calcula uma média de 50 aparelhos deixados e não retirados.

Rockenbach realiza cerca de cem consertos ao mês, a metade em televisores. “Nem sempre é viável ou possível arrumar os aparelhos”, ressalta. Nestes casos, questiona sobre o destino dos produtos e sugere fazer o descarte adequado.

Parte dos clientes alega querer reaver os aparelhos, mas não retorna para buscá-los. “Tenho eletrônicos que estão há um ano esperando os proprietários”, destaca. Dos produtos abandonados por clientes, 90% são televisões, mas sistemas de som antigos também entulham a eletrônica.

Rockenbach nunca teve problemas semelhantes em mais de 50 anos de profissão. Segundo ele, a situação começou há cerca de cinco anos e aumenta a cada dia. “Acredito que teremos que dobrar nosso espaço físico, principalmente com o crescimento de consertos de TVs de LCD, que não podem ser empilhadas.”

Em Estrela, Rogério Kafer, 47, enfrenta o mesmo cenário. Aparelhos abandonados ocupam uma sala inteira da eletrônica. “Parece que estamos no meio de uma revolução industrial.”

Segundo Kafer, a situação acarreta prejuízos para o estabelecimento. “Temos que pagar uma empresa para fazer o descarte de algumas sucatas que contêm metais pesados, como tubos e placas”, frisa. Como a assistência técnica não é responsável pelo descartes de aparelhos, um funcionário é encarregado de ligar para os clientes na tentativa de evitar a despesa.

Poluição eletrônica

Televisores e aparelhos de som têm elementos químicos como chumbo, cádmio, mercúrio e arsênico, tóxicos ao ambiente. Quando descartados de maneira errada, contaminam o solo e a água, podendo acarretar em problemas de saúde à população.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos criou mecanismos de descarte e normas de logística reversa para as empresas que vendem os aparelhos. Por lei, elas são obrigadas a receber os materiais após desuso.

Estão estipuladas punições para organizações e indivíduos que abandonam esses componentes no ambiente, além de regras para seu reaproveitamento e coleta.

As secretarias de Meio Ambiente de Estrela e Lajeado têm pontos de recolhimento para esse tipo de material. Além de televisores, computadores, monitores, telefones celulares, câmeras fotográficas e impressoras também fazem parte do lixo eletrônico.

Segundo estimativa das Organizações das Nações Unidas (ONU), até 2030 o Brasil produzirá 680 mil toneladas de resíduos eletrônicos por ano.

Danos causados pelos componentes

Mercúrio: problemas cerebrais e no fígado.

Onde é usado: computador, monitor e TV de tela plana.

Cádmio: envenenamento, danos aos ossos, rins e pulmões.

Onde é usado: computador, televisões e monitores de tubo antigos, baterias de laptops.

Arsênico: doenças de pele, prejudica o sistema nervoso e pode causar câncer no pulmão.

Onde é usado: celular

Belírio: câncer no pulmão.

Onde é usado: computador, celular

Retardantes de chamas (BRT): desordens hormonais, nervosas e reprodutivas.

Onde é usado: componentes eletrônicos, para prevenir incêndios

PVC: se queimado e inalado, pode causar problemas respiratórios

Onde é usado: em fios, para isolar corrente elétrica

Acompanhe
nossas
redes sociais