“Precisamos reciclar a educação”, diz Cury

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“Precisamos reciclar a educação”, diz Cury

Escritor fala sobre consequências do excesso de informações no cotidiano dos alunos

Estrela – Patrono da 6a Feira do Livro de Estrela, Augusto Cury palestrou ontem à noite no Centro Comunitário Cristo Rei. Psiquiatra e escritor, Cury falou sobre a Teoria da Inteligência Multifocal, que aborda o ensino a partir de conceitos como pensamento crítico, inteligência emocional e qualidade de vida.

01A teoria é a base do Programa Escola da Inteligência, desenvolvido pelas escolas do município. Os alunos são estimulados a trabalhar soluções para diferentes situações cotidianas, controlando as emoções.

O patrono também falou sobre o exccesso de informações a que adultos e crianças estão submetidos, e as consequências para os processos educacionais e emocionais contemporâneos. Para ele, a sociedade está doente e precisa repensar a maneira de interagir entre si.

Feira do Livro

Com a proposta de expandir as atrações culturais, a Feira do Livro deste ano tem a proposta de se tornar referência regional no segmento. A edição foi planejada para ir além de uma feira escolar e trazer a comunidade para o evento, com a presença de autores conceituados e de quatro livrarias.

O tema da edição é “Quando lemos tudo é possível: de raízes a asas”. Segundo a coordenadora da feira Sirlei Diedrich, a partir dele foi pensado tanto os trabalhos pedagógicos quanto a ornamentação e direcionamento da feira. As raízes se referem à base de conhecimento oportunizado na infância.

Entrevista sobre educação, informação e atualidade

Augusto Cury é pós-graduado em Psicologia Social, tendo feito pesquisas na Espanha na área de Ciências da Educação. Autor de 34 livros, entre ficção e não ficção, tem publicações em mais de 60 países e vendeu 20 milhões de exemplares somente no Brasil.

A Hora – O que é o Programa Escola da Inteligência?

Augusto Cury – Ao longo de mais de 15 anos desenvolvi um dos poucos programas mundiais de desenvolvimento das habilidades socioemocionais e que foi adotado pelo município de Estrela. O programa insere uma aula por semana na grade curricular das escolas. Por meio de uma série de histórias lúdicas, perguntas e debates, levamos crianças e adolescentes ao desenvolvimento de ferramentas como pensar antes de agir, expor e não impor as ideias, trabalhar perdas e frustrações, colocar-se no lugar dos outros, desenvolver autonomia, resiliência e filtrar estímulos estressantes. O objetivo básico é o desenvolvimento global da inteligência preparando os jovens para serem profissioais com mais condições de serem brilhantes. Queremos jovens que não sejam apenas repetidores de informações.

A Hora – De que forma a tecnologia interfere no aprendizado dos jovens?

Cury – A juventude mundial está fissurada em smartphones. Eles se conectam com o mundo mas não consigo mesmos e isso é um problema. Tecnologias como lousas digitais e técnicas multimídias são interessantes, mas não substituem o educador, e sim o professor como transmissor de informações. O educador que transmite suas histórias de vida e estimula a reflexão e a consciência crítica é indispensável.

A Hora – Alunos recebem mais informações do que deveriam?

Cury – Hoje uma criança de 7 anos de idade tem mais informações do que o Imperador romano tinha no auge do império. Esse excesso de informações causa um fenômeno chamado autofluxo. A mente fica agitada levando a sintomas como: fadiga excessiva, dores de cabeça, dores musculares, irritabilidade, déficit de memória e outros.

A Hora – As crianças estão mais hiperativas?

Cury – A síndrome do pensamento acelerado simula a hiperatividade. Médicos de todo mundo estão prescrevendo Ritalina e outros medicamentos para um diagnóstico errado, com procedimentos equivocados. Isso é um desastre para as crianças e adolescentes no mundo. Apenas 1% a 2% das crianças são hiperativas geneticamente. O resto é de fundo funcional, porque a sociedade é estressante, competitiva e saturada de informações. Criança tem que ser criança, caso contrário, vive em um estado de trabalho escravo intelectual.

A Hora – O que essas drogas causam no desenvolvimento dos jovens?

Cury – São centenas de milhões de crianças perdendo as suas infâncias. A Ritalina e outras drogas são interessantes quando prescritas adequadamente diante de um diagnóstico bem-feito e por médicos eficientes. Mas ela é a droga da obediência, não leva ao desenvolvimento das habilidades socioemocionais.

A Hora – O que é preciso mudar na educação?

Cury – Precisamos reciclar a educação e parar de bombardear a mente das crianças com milhões de dados. Hoje temos uma educação conteudista que não propicia ferramentas socioemocionais. Se não mudarmos isto estaremos condenando a humanidade a viver em um grande hospital psiquiátrico.

Programação

Hoje

Manhã, tarde e noite aberta para visitação, no Ginásio da Soges;

•Às 8h45min, palestra com o cantor e escritor Duca Leindecker, na Sede Social da Soges;

•Às 10h15min, palestra Duca Leindecker;

•Às 14h30min, palestra Duca Leindecker

•Às 16h, sessão de autógrafos com o escritor Caio Riter, na Sede Social da Soges;

•Às 19h30min, Pocket Show Duca Leindecker, no Salão Social da Soges, aberto ao público.

Sexta-feira

•Manhã e tarde aberta para visitação e encerramento.

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