Falta de tratamento de água ameaça saúde

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Falta de tratamento de água ameaça saúde

Dos 30 poços artesianos no município, 18 fornecem água imprópria ao consumo

Cruzeiro do Sul – O diagnóstico do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) traz informações alarmantes. Além da falta de tratamento de esgoto, o abastecimento de água merece mais cuidados. Pelo menos 60% dos poços artesianos têm água imprópria para o consumo. Muitos estão contaminados por coliformes fecais.

04Os resultados do estudo foram apresentados em audiências públicas, realizadas na segunda-feira e ontem, no centro e em Linha Sítio. Segundo dados coletados pela equipe de elaboração do PMSB, a água de 18 poços não recebe nenhum tipo de tratamento, em desacordo as exigências do Ministério da Saúde.

“A maior parte descumpre as normas sanitárias”, enfatiza um dos responsáveis pela elaboração do Plano, o gestor Marco Daniel Hinterholz, da Lógica Gestão Ambiental Inteligente. Conforme ele, para resolver parte da situação, o grupo apontará normas técnicas na próxima etapa. Entre elas, prevê o cercamento adequado das áreas dos poços, cobrança quanto ao uso de cloro e controle de qualidade, assim como maior fiscalização municipal.

Relata também a necessidade de mudanças culturais. “Por vezes, as pessoas criam um mito quanto ao uso de cloro”, diz.

Frisa a troca de informações entre as comunidades como fundamental, para buscar alternativas de forma conjunta e participativa.

Na área urbana, atendida pela Corsan, pontos de coleta de água também passarão por adaptações. De acordo com o diagnóstico, pelo menos dez dos espaços não têm manutenção.

“O PMSB deve auxiliar no cumprimento das normas de saúde exigidas e chamar atenção à conscientização das comunidades”, salienta. O próximo passo é a criação de metas, sistemas de controle e cronograma de execuções, com o apoio dos comitês formados pelo município.

Acúmulo de água e esgoto

No perímetro urbano, o diagnóstico aponta para a presença de nove pontos precários quanto a alagamentos e ausência de drenagem urbana. Segundo Hinterholz, isso acontece em períodos constantes de chuva, acarretando inundações por deficiência na canalização de microdrenagem em alguns pontos da cidade.

Situação vivenciada de forma frequente pela aposentada Nelci Pereira, 64. Há 15 anos ela mora no bairro Glucostark. Ao lado da casa, há um córrego, onde o esgoto pluvial de moradias se mistura. Vizinhos relatam existência de fossas e sumidouros, mesmo assim, alguns canos são vistos despejando líquidos no local.

“Tem bastante mau cheiro, criação de mosquitos e, devido ao acúmulo, o muro ameaça cair”, relata.

Município aguarda

Coordenadora do Departamento do Meio Ambiente, a bióloga Cristiane Welter ressalta a importância da participação das pessoas na construção do PMSB. Até o fim de novembro, oito urnas ficam à disposição nas escolas, para recebimento de informações e sugestões. “Traçaremos planos para os próximos 20 anos”, salienta.

A partir de novas metas, menciona a busca por melhorias gerais de abastecimento e saneamento. Antes disso, não especifica nenhuma situação.

Trabalho regional

As reuniões realizadas em Cruzeiro do Sul integram as apresentações dos Diagnósticos Técnicos Participativos dos PMSB dos municípios do Cipae G8 (Progresso, Sério, Santa Clara do Sul, Forquetinha, Marques de Souza, Cruzeiro do Sul, Canudos do Vale e Boqueirão do Leão).

Ao todo, o grupo fará 16 reuniões com as comunidades (ver quadro abaixo). Em cada uma delas, são apresentadas as situações atuais do sistema de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais.

Depois da etapa de apresentação, com previsão de encerramento para meados de outubro, ocorre a construção do Plano prognóstico, com a indicação de metas, ações, programas, sistemas de controle, cronogramas e indicadores de desempenho.

De forma paralela, o grupo realiza projetos para licitações ao Plano Intermunicipal de Resíduos Sólidos. Estão previstas melhorias na coleta, triagem, destinação final e compra de equipamentos, com o recurso de R$ 5 milhões oriundo da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

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