Encantado – O Presídio Estadual da cidade pegou fogo nessa sexta-feira, por volta das 14h15min. O sinistro iniciou em uma das celas do albergue destinado aos regimes aberto e semiaberto. As chamas teria sido provocadas por um aparelho elétrico usado para esquentar alimentos. Quatro detentos precisaram de atendimento hospitalar.
A cabeleireira Nésia Ranck, 75, atendia uma cliente quando ouviu gritos de socorro vindos do presídio. Ao abrir a porta da casa, do outro lado da rua, percebeu a fumaça e movimentação de policiais.
Ao perceberem o sinistro, os agentes penitenciários acionaram o Samu e Corpo de Bombeiros. Policiais da BM, alocados no batalhão que fica do outro lado da rua, auxiliaram na remoção de presos das celas atingidas. Em 30 minutos, as chamas foram controladas.
O administrador interino do presídio, Carlos Sandoval Zachzenski Leal, defende a hipótese do incêndio ser acidental. Segundo ele, as chamas começaram devido à falha em um material elétrico. “Achamos que foi por causa de um fogareiro utilizado para cozinhar”, diz. O aparelho estava entre duas triliches, afetando pelo menos 15 das 33 camas existentes na cela de 15 metros quadrados.
No momento do sinistro, havia apenas 14 detentos dos regimes aberto e semiaberto no espaço. Os demais estavam trabalhando. Os quatro feridos encaminhados ao Hospital Beneficente Santa Terezinha foram liberados ainda nessa sexta-feira, um deles com queimaduras leves.
O administrador desmente a suspeita de que o incêndio teria sido provocado por detentas insatisfeitas com a demora da Justiça em dar a liberdade condicional. “Os que teriam direito já receberam liberação”, diz.
Leal acredita que o laudo apontando as causas do incêndio fique pronto em até 30 dias. Os 29 ocupantes da cela afetada foram liberados no fim de semana. Segundo o diretor, eles retornam à casa prisional na segunda-feira. Ao todo, o presídio abriga 103 presos. Destes, 19 são mulheres.
Nervosismo do lado de fora
Familiares dos presidiários acompanhavam a retirada de feridos. Com poucas informações das autoridades, temiam que houvesse mortes. Partes das ruas Duque de Caxias e João Lucca foram bloqueadas.
Buscando notícias do irmão, Maria Arlete Martins, deslocou-se ao local. Ao saber que ele estava entre os feridos, desesperou-se: “Ele sofre de asma crônica.”
Preso há oito meses por tráfico de drogas, o homem de 36 anos foi liberado ainda na sexta-feira, junto com os demais detentos enviados ao hospital.
Encerra pagamento, iniciam reformas
O albergue foi inaugurado em março de 2013. A obra de 200 metros quadrados garantiu 45 vagas novas e a primeira ala feminina no Vale do Taquari. O custo chegou a R$ 180 mil. O repasse estadual de 50% do valor, assinado em convênio em 2012, até então não foi recebido.
Segundo o presidente do Conselho da Comunidade para os Apenados da Comarca, Jandir Passaia, o pagamento ocorreu com auxílio do Judiciário, doações espontâneas e pelos municípios da Comarca – Roca Sales, Encantado, Muçum, Doutor Ricardo, Relvado, Anta Gorda e Vespasiano Corrêa. Cada um deles repassou o valor referente a R$ 1,56 por habitante.
A quitação ocorreu há menos de três meses. Na segunda-feira, o grupo se reunirá para discutir as reformas necessárias a partir do incêndio. A princípio, a estrutura da cela não sofreu nenhum abalo. O local precisará de limpeza, repintura e revisão na rede elétrica. Colchões e utensílios serão trocados.
