Grupo aplica golpe em lojas de construção

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Grupo aplica golpe em lojas de construção

Empresas falsas montam esquema para comprar mercadorias e somem sem pagar

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Vale do Taquari – Criminosos especializados em enganar fornecedores de mercadorias começam a aplicar golpes no Vale do Taquari. Nos últimos meses, diversos empresários do ramo da construção civil foram lesados pelos estelionatários. A Polícia Civil (PC) orienta vítimas a registrarem os fatos, a fim de facilitar as investigações.

04Um empresário de Santa Clara do Sul caiu no golpe em fevereiro. Perdeu quase R$ 10 mil em mercadorias. Desde então, o número de tentativas se tornou recorrente. Nas últimas semanas, duas pessoas representando marcas diferentes apareceram na loja. “Fomos enganados uma vez, outra não vai acontecer.”

Pelo menos três lojistas da cidade caíram no golpe nos últimos meses. Há relatos também em Lajeado e Cruzeiro do Sul. De acordo com ele, os estelionatários criam empresas falsas por meio do programa de Microempreendedor Individual (MEI), o que pode ser feito pela internet. “Depois que eles fizeram o pedido, nós checamos os dados junto ao sistema de crédito e com os bancos. Tudo pareceu normal. Vendemos como qualquer outro negócio.”

Os golpistas solicitam a entrega em diversos pontos, no caso do lojista de Santa Clara do Sul, em estabelecimentos e moradias de Lajeado. Tempo depois, a partir do vencimento dos boletos bancários, a vítima vai até o endereço onde foi deixada a mercadoria, mas não encontra nada. Vizinhos e proprietários dos imóveis informam que alguém passou e recolheu os materiais. “Daí percebemos o golpe, porque os telefones de contato são desligados e o suposto escritório não existe.”

Prática comum

Titular da Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) de Lajeado, delegado Augusto Cavalheiro Neto, atuou quase seis anos na Região Metropolitana. Lá o crime, conhecido como “arara”, ocorre com frequência. “É uma prática antiga, tradicional. Muitas vezes os empresários não denunciam os fatos à polícia com vergonha ou medo de represálias.”

Conforme Neto, os estelionatários se valem de documentos verídicos, muitas vezes furtados ou roubados de uma pessoa, e alteram apenas a fotografia. A partir disto, se dirigem a uma Junta Comercial para a abertura de uma empresa. Em seguida, criam contas bancárias.

Então é feita uma análise do mercado e escolhido um determinado tipo de material a ser buscado, principalmente equipamentos de informática ou materiais de construção. Fornecedores são contatados e, na maioria dos casos, são feitas de duas a três compras pequenas com pagamento à vista, para adquirir a confiança da vítima.

Depois de conseguir um bom relacionamento, é feita uma compra grande, esta parcelada. Todo o material deve ser entregue em uma data aproximada. Com isto, antes da primeira parcela do boleto vencer, as mercadorias são carregadas e levadas do endereço para um terceiro ou então para um depósito. “Os empresários tentam contato por telefone com os golpistas, mas já é tarde.”

Auxílio à investigação

O delegado Neto orienta comerciantes a ficarem atentos a qualquer venda para pessoas desconhecidas, principalmente aquelas a prazo. Os golpistas agem quase sempre da mesma maneira: primeiro compras pequenas à vista e uma grande, no crediário. “As pessoas precisam desconfiar. Em todo golpe, o criminoso seduz a vítima com promessa de alguma vantagem.”

Segundo ele, estelionatários não são violentos ou perigosos, e não irão perseguir as vítimas. “É um oportunista. Sua arma é a malandragem.” Pede que todas as informações sejam repassadas à polícia, pois a única maneira de conseguir ressarcimento será por meio de intervenção policial, com a detenção dos golpistas e recolhimento dos materiais. “Até porque não temos o nome de quem cometeu esse crime e o empresário não tem a quem entrar com ação judicial.”

Em caso de documentos perdidos, furtados ou roubados, deve ser realizado Boletim de Ocorrência (BO). Tal medida servirá como um dos argumentos para esclarecer à Justiça eventual utilização de dados particulares na criação de uma empresa fantasma, por exemplo.

“Temos que ficar atentos”

Entre os nomes fictícios está o da Construtora Mãos à Obra. De acordo com o empresário, a categoria se mobiliza na região para evitar novos casos. Desde fevereiro, o sistema de venda para desconhecidos mudou na loja.

Além de conferir os dados dos compradores, são feitas indagações sobre o que será feito com o material e uma visita ao local da entrega. “Na semana passada fui até um terreno onde havia até terraplenagem. Mas conversando com os vizinhos eles disseram já ter sido feita uma entrega mais cedo e que alguém passou para recolher. Tentaram me enganar.”

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