Eduardo Campos morre em acidente de avião

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Eduardo Campos morre em acidente de avião

Candidato ao governo federal pelo PSB, pernambucano estava a bordo de avião que caiu ontem de manhã em zona residencial da cidade de Santos, São Paulo. Partido tem nove dias para indicar substituto. Analistas preveem impactos no cenário eleitoral.

Brasil – “Não vamos desistir do Brasil.” As palavras foram ditas pelo candidato
à Presidência durante entrevista ao Jornal Nacional, menos de 15 horas antes do acidente aéreo que o matou junto com outras seis pessoas. A entrevista realizada na terça-feira à noite, e transmitida pela Rede Globo, foi a última aparição do pernambucano de 49 anos, completados no último domingo. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas.

04O presidenciável viajava em direção ao Guarujá, para cumprir compromissos de campanha. Conforme informações da Anac, o jato Cessna 560XL, de 16 metros de comprimento por seis de altura, tentou pousar no aeroporto de Santos por volta das 10h. Devido ao mau tempo, precisou arremeter para tentar novo procedimento de pouso. Foi neste momento que a torre de comando perdeu contato com o piloto.

A aeronave tinha capacidade para dez pessoas. Além de Campos, outros quatro passageiros e dois tripulantes estavam a bordo no momento em que o aparelho caiu sobre um conjunto de residências. Todos morreram na hora. Também estão mortos Alexandre da Silva, fotógrafo; Carlos Augusto Leal Filho, assessor; Geraldo da Cunha, piloto; Marcos Martins, piloto; Pedro Valadares Neto, ex-deputado federal; e Marcelo Lira, cinegrafista oficial da campanha.

Devido à violência do choque, os corpos ficaram irreconhecíveis, espalhados em um rastro de 300 metros quadrados. Estima-se que o avião estava a pouco mais de 260 quilômetros por hora no momento da explosão.

Eduardo Henrique Accioly Campos era economista e concorria pela primeira vez à Presidência da República. Ele foi governador de Pernambuco por dois mandatos. Também foi ministro da Ciência e Tecnologia, deputado estadual e três vezes deputado federal.

Campos era neto de Miguel Arraes, que governou Pernambuco por três oportunidades, e filho de Maximiliano Arraes e da ex-deputada federal e ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes. Miguel Arraes morreu há exatos nove anos, também no dia 13 de agosto.

Tendência de eleição polarizada

Mesmo considerando prematura qualquer avaliação do cenário político após a tragédia, analistas acreditam que o fato pode trazer duas perspectivas eleitorais. Com Marina Silva substituindo Campos, é possível que a comoção em torno da morte capitalize votos para a chapa do PSB. Por outro lado, a tendência de polarização entre os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas se torna ainda mais forte.

Para o cientista político e professor da ESPM, Unisinos e Unisin, Bruno Lima Rocha, a tendência é de que o cenário eleitoral se mantenha, com concentração ainda maior do eleitorado em torno de Dilma Rousseff e Aécio Neves. “Existe uma incerteza a respeito da escolha de Marina como candidata principal”, ressalta.

Caso o partido decida por Marina Silva, avalia Rocha, a campanha do PSB ganharia forte apelo emocional. A opinião é compartilhada pelo sociólogo e professor da Unisc Luiz Augusto Costa a Campis. Para ele, o impacto é maior pela maneira trágica como ocorreu o falecimento.

Campis salienta ser impossível prever como a morte de Eduardo Campos influenciará o eleitorado. “É possível que Marina, caso confirmada como candidata, arrecade votos em solidariedade a Campos, mas a possibilidade maior é de polarização”, frisa.

O sociólogo relata a inexistência de caso semelhante na história brasileira. Ainda jovem e tendo se destacado como governador de Pernambuco, Campos deixou o governo do Estado com mais de 80% de aprovação e participou ativamente dos governos de Lula e Dilma, até deixar a base aliada em fevereiro do ano passado.

Conforme Bruno Lima Rocha, a participação no governo petista e a boa relação com a União pode capitalizar votos de Campos para a candidata à reeleição. “Por mais que o discurso do candidato se aproxime mais do de Aécio Neves, é mais fácil o reconhecimento com o governo do que com a oposição”, diz.

O fato de as alianças políticas não serem verticalizadas no Brasil também dificulta a avaliação do cenário. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o candidato a governador Ivo Sartori (PMDB), havia fechado apoio a Campos para a Presidência, mesmo com o PMDB como vice da chapa de Dilma ao Planalto. Para os especialistas, a própria manutenção das alianças fica indefinida com a tragédia.

Candidatos interrompem campanha

O Congresso Nacional paralisou as atividades após a notícia da morte de Eduardo Campos. A presidente Dilma Rousseff decretou luto oficial de três dias em todo o país e cancelou as agendas de campanha no mesmo período. Candidato da oposição, Aécio Neves também suspendeu as atividades eleitorais.

Em nota, o PSB homenageou o ex-governador de Pernambano por seu patriotismo, desprendimento, destemor e competência. “Não é só Pernambuco e sua gente que perdem seu líder; não é só o PSB que perde seu líder. É o Brasil que perde um jovem e promissor estadista”, diz a manifestação.

Com a morte de Eduardo Campos, a coligação Unidos Pelo Brasil (PSB, PHS, PRP, PPS, PPL, PSL) tem nove dias para convocar nova convenção e decidir a disputa do cargo. O prazo está definido por resolução do Tribunal Superior Eleitoral. Qualquer pessoa filiada a um dos partidos da coligação e que cumpra os critérios de elegibilidade pode ser escolhida.

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