Em 13 anos, mortes por aids caem 2,3%

Você

Em 13 anos, mortes por aids caem 2,3%

Avanço no tratamento proporciona mais qualidade de vida a pacientes soropositivos

Vale do Taquari – O número de mortes em decorrência da aids diminui no país. A informação parte de pesquisa publicada pela revista inglesa The Lancet e apresentada durante a 20ª Conferência Internacional, realizada nesta semana, na Austrália.

O índice anual de mortes provocadas pela doença no Brasil é menor do que a média mundial. Segundo o estudo, as mortes por aids no país tiveram uma redução anual de 2,3% entre 2000 e 2013. Em termos de percentual no resto do mundo, a queda de óbitos foi de 1,5%.

Entre as razões apontadas para o resultado, está o acesso à terapia antirretroviral, os programas para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho e o estímulo ao uso de preservativos.

Apesar do avanço no tratamento da doença, as contaminações aumentam. Na região, há duas unidades do Serviço de Assistência Especializada (Sae), responsável pelo diagnóstico, acompanhamento e distribuição dos coquetéis.

Em Lajeado, o Sae atende pacientes de 48 cidades. São 1001 pessoas contaminadas com o vírus. De acordo com a coordenadora médica da unidade, Sandra Helen Chiari Cabral, há uma média de 15 novos pacientes com HIV por mês.

A faixa etária com mais confirmações vai dos 14 aos 30 anos. Segundo ela, esse fato está ligado às relações sexuais cada vez mais precoces. “Falta orientação familiar, mas este não é o único problema. Percebo uma ausência das instituições públicas, da escola. Vemos campanhas de conscientização só no Carnaval ou no Dia de Combate à aids”, acredita.

Com relação à queda no número de mortes, a médica atribui ao avanço no tratamento do vírus. Com isto, frisa Sandra, se criou uma falsa ideia de que a aids deixou de ser perigosa. “Os pacientes têm a doença controlada, vivem com mais qualidade. Hoje só morre quem não se cuida.”

Conforme o SAE de Lajeado, até o fim de junho, foram constatadas 155 mortes. Do total de 1001, 542 continuam o tratamento na cidade, 76 abandonaram e 116 foram transferidos.

O ano com mais mortes por aids no mundo ocorreu em 2005. Foram 2,5 milhões de óbitos. A redução começou depois de os medicamentos para controle da enfermidade se tornarem disponíveis nos países da África. Hoje, estima-se que a cada ano três milhões de pessoas descobrem ser portadoras do vírus. São cerca de 35 milhões de pessoas com o HIV.

Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids, do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, em 2012, 11.896 pessoas morreram em decorrência da aids no Brasil (menor índice desde 2008).

Alto índice no RS

Em 30 anos, o Estado teve cerca de 25 mil mortes em decorrência da doença. Para especialistas, isso está ligado ao diagnóstico tardio. Estatísticas do Ministério da Saúde mostram que o RS apresenta um dos maiores índices de pessoas infectadas.

De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV-Aids, em 2012 o Estado apresentou a maior taxa de detecção do país, com 41,4 casos por cem mil habitantes. A taxa de detecção do Brasil é de 20,2 registros da doença.

Aplicação de testes diminui

O Sae de Estrela atende pacientes de 17 municípios do Estado. No cadastro, há 507 pessoas soropositivas. Segundo a coordenadora, Maria de Lourdes, a maioria dos diagnósticos é tardia. “Um grande percentual de pessoas que chegam até o serviço já precisa iniciar com o antirretroviral.”

De 2007 até este ano, a unidade contabiliza 38 óbitos. Na avaliação dela, diferente dos anos 80 e 90, em que havia a segmentação por grupo de risco (atribuídos aos profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis), hoje não é mais possível essa diferenciação. “Agora depende do comportamento. Pessoas que se arriscam, sem pensar nas consequências.”

A coordenadora relata preocupação com a queda no número de testes. “Não sabemos por que isso tem ocorrido. Mas caiu muito o número de exames feitos.” Em média, diz Maria, são quatro novos casos de aids diagnosticados pelo Sae de Estrela.

Aids na terceira idade

Pessoas com mais de 50 anos representam o maior percentual de contaminados, conforme o Sae de Estrela. Do total de 507, 31% integram essa faixa etária. Para Maria de Lourdes, isso é fruto do não uso de preservativo nas relações sexuais. Em seguida, pessoas dos 30 aos 39 anos correspondem a 28% dos diagnosticados com HIV.

Para cada nova confirmação, o Ministério da Saúde estima que outras seis pessoas estejam contaminadas e não saibam. O resultado dos exames laboratoriais leva até 15 dias para ser conhecido.

HIV e aids

O HIV é o vírus da imunodeficiência humana. A doença destrói as células de defesa, que protegem o organismo. A doença pode ficar de oito a dez anos sem se manifestar. Nessa etapa, a pessoa contaminada não precisa tomar medicação.

Quando passa essa etapa, com o organismo já debilitado pelo vírus, o paciente fica doente de aids, que é a Síndrome de Imuno Deficiência Adquirida. Os sintomas são percebidos quando o indivíduo passa a contrair doenças e infecções de maneira mais seguida do que uma pessoa saudável.

No Brasil, todo cidadão doente de aids tem direito ao acesso gratuito aos medicamentos. O paciente deve tomar, em média, de três a seis comprimidos por dia.

Acompanhe
nossas
redes sociais