Laudo prevê nova ponte em R$ 420 mil

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Laudo prevê nova ponte em R$ 420 mil

Pinguela e passagem improvisada de cascalho são alternativas na falta de recursos

Vale do Sampaio – Pré-projeto encomendado pelo governo de Mato Leitão estima custo de R$ 420 mil para reconstruir a ponte sobre o Arroio Sampaio, na divisa com Santa Clara do Sul. Enquanto articulam ações na busca por recursos estaduais, ambos municípios projetam construir uma pinguela nas imediações e uma passagem improvisada para maquinários agrícolas.

03De acordo com o vice-prefeito de Mato Leitão, Sérgio Machado, a nova ponte aproveitaria as cabeceiras remanescentes da antiga estrutura. Contudo, tais partes precisam ser reformadas, pois apresentam rachaduras. “Pensamos em fazer algo muito semelhante à anterior, com algumas proteções a mais, como corrimão.”

O projeto esbarra na falta de recursos municipais. As duas cidades decretaram estado de emergência após a enxurrada e aguardam a homologação por parte do Estado. Caso seja acatada, os governos podem pleitar o dinheiro por meio desse canal. Do contrário, deverão buscar recursos com parlamentares ou fazer por conta própria.

Na esperança de conseguir auxílio, comitivas municipais foram duas vezes a Porto Alegre. Em uma delas, com a participação da Famurs. “Estamos somando esforços e podemos aproveitar o período eleitoral para fazer pressão política. Mas entendemos que não é uma obra para logo”, avalia a prefeita de Mato Leitão, Carmen Goerck.

No início do mês, o presidente da Famurs e prefeito de Tapejara, Seger Menegaz, entregou ofício ao secretário do Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas do Estado, Jorge Branco, com cinco pleitos das cidades atingidas. “São recursos que precisam ser destinados com urgência para que as prefeituras possam atender as comunidades e amenizar os graves prejuízos ocasionados pelo excesso de chuvas.”

Ações emergenciais

A pinguela será construída nos próximos dias, garante Machado. Santa Clara do Sul fornece os materiais e Mato Leitão se responsabiliza pela obra. De acordo com ele, a estrutura pênsil deve ser feita a cerca de 50 metros da antiga ponte, em uma área onde o barranco é mais alto. “Desta forma evitaremos estragos à pinguela caso haja alguma outra enxurrada.”

Em paralelo, também nas proximidades, o vice-prefeito estuda improvisar uma passagem por meio dos cascalhos para máquinas agrícolas. Mas ainda busca informações sobre a possibilidade de tal medida, visto as exigências ambientais.

Tais medidas são elogiadas pelos moradores. O agricultor Diego André Zeidler mora no lado de Santa Clara do Sul, mas tem 50 mil pés de fumo plantados na outra margem. A distância, agora sem a ponte, aumenta quase quatro quilômetros. “Muita gente depende dessas passagens. Os governos devem ser ágeis agora”, destaca o aposentado Egídio Heisler. O agricultor Roni Wickerdt corrobora a necessidade.

Moradores de Santa Clara do Sul se dizem isolados após a queda da ponte, visto que a grande maioria das atividades comunitária é feita no lado de Mato Leitão. “Temos coral, grupos de bolão, futebol, igreja e comércio, tudo no outro lado do arroio”, aponta Heisler.

História desmorona pela inércia

A ponte foi construída no início do século passado pelas primeiras famílias residentes no Vale do Sampaio. Com o passar dos anos, a parte superior de madeira ruiu e, em 1985, foi substituída por concreto. Na reforma, gestores mantiveram o pilar central e as cabeceiras no intuito de preservar parte da história.

Contudo, o pilar central começou a desmanchar nos últimos anos. Em 2011, ao perceber a precariedade da estrutura, a administração de Mato Leitão limitou a passagem de veículos para no máximo dez toneladas.

Nada além disso foi feito e o aviso de alerta ao sobrepeso era desrespeitado de forma constante – alguns caminhões com carga três vezes superior à permitida. “Não houve reforma e parte dela se desmanchou. Nós tínhamos avisado, mas não nos deram atenção”, destaca Wickert.

Moradores chamam agora a atenção aos prédios históricos, igrejas e cemitérios da comunidade. Pedem ações concretas de ambos os municípios para preservar os traços deixados pelos colonizadores. “Das casas antigas, muitas já foram demolidas. Se não fizermos nada agora, a história vai ser destruída.”

“Quase acabou em tragédia”

A passagem ruiu no sábado à noite, 28 de junho. Enquanto parte dos moradores acompanhava a cheia do arroio, cuja água estava quase cinco metros acima no nível normal e encostando na ponte, a outra parcela estava na comunidade vizinha, em Sampainho, onde ocorria um jantar-baile.

Mas a festividade foi cancelada pela falta de luz. Ao retornar para casa, diversas famílias se depararam com a estrutura tombada. José Henz estava às margens do arroio no momento da cheia. Quis subir na ponte para ver o nível da água, mas foi impedido pela mulher. “Quando ele botou os pés na estrutura, ouviu um estrondo, se atirou para o lado e tudo caiu. Quase acabou em tragédia”, aponta Roni Wickert.

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