Polícia ouve principais testemunhas hoje

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Polícia ouve principais testemunhas hoje

Delegado espera identificar responsáveis pela carne estragada ainda nesta semana

Arvorezinha – Investigação policial espera identificar ainda esta semana os principais responsáveis pela carne estragada fornecida por uma empresa ao Executivo. Após coletar dez depoimentos, de merendeiras e demais integrantes das escolas, o delegado Max Otto Ritter acredita ter chegado às testemunhas mais importantes do inquérito. Elas serão ouvidas hoje na delegacia.

01O delegado está otimista em conseguir provas mais concretas e um possível desfecho para o caso entre hoje e amanhã. Caso se confirmem as suspeitas, o inquérito policial pode ser remetido no início da próxima semana ao promotor de Justiça, Paulo Estevam Araújo.

De acordo com o MP, tal caso se configura como crime contra a saúde pública e também pode repercutir em ato de improbidade administrativa. Ele não descarta buscar a responsabilização do Executivo por omissão, visto que a empresa fornecedora da carne tinha aval do Sistema de Inspeção Municipal (SIM) para operar.

Nestas circunstâncias, aponta o promotor Araújo, cabia ao governo de Arvorezinha fiscalizar as atividades do empreendimento, como a procedência e qualidade dos produtos. O edital de contratação do fornecimento dos alimentos estipula carne moída de primeira. “Mas não foi isso que apreendemos. Se a função de controlar era do município, como não sabiam o que era entregue?”

O promotor atenta ao material recolhido na sede da empresa e na creche: quase 800 quilos de carne vencida, de coloração escura e sem procedência. Entre as alegações do município, segundo Araújo, é de ser habitual em pequenas cidades abates clandestinos. “Havendo uma vigilância e a ciência dessa realidade, é maior o dever de fiscalização.”

Na segunda-feira, o prefeito Luís Fontana declarou ser isento de qualquer responsabilidade. Informou que o governo de Arvorezinha possui nutricionista e profissionais concursados para vistoriar as empresas. Ontem, a reportagem contatou o chefe do Executivo, mas não foi atendida.

Prefeito muda cardápio

Logo após a apreensão, o promotor Araújo aconselhou ao prefeito e à secretária da Educação, Dilce Gehlen Zanchin, suspender a carne moída do cardápio escolar. A sugestão foi aceita e imposta à rede municipal de ensino na terça-feira. “Se eles não têm condições de fiscalizar ou se inexiste fornecedor apto, é melhor retirar a carne da merenda.”

Caso o município preferisse manter a mesma alimentação, o promotor indicou à Dilce comprar uma peça inteira de carne, esta com selo de procedência, e processá-la em moída. “Só assim para se ter certeza da qualidade, porque depois de moer fica difícil saber o que foi posto.”

Preocupada com a qualidade do atendimento, parcela de pais das crianças matriculadas na rede municipal começa a cogitar a retirada dos filhos das escolas. O eletricista Daniel Dias procurava um local para deixar a filha de 3 anos. Mas, diante dos acontecimentos, prefere deixá-la com um familiar ou então contratar alguém para cuidá-la.

Carne chegava à creche

A apreensão foi deflagrada nessa segunda-feira pelo MP, Polícia Civil e Vigilância Sanitária do Estado. A ação impediu que mais de 800 quilos de carne estragada chegassem aos consumidores, entre eles, crianças de até 5 anos da Emei Professora Diva Maria Sabedotti Fornari.

Os alimentos foram encontrados com prazo de validade vencido e sem o devido acondicionamento em um mercado local e também na escola, onde estavam 15 quilos, que seriam servidos aos alunos.

O dono do mercado onde estava armazenada a maior parcela da carne chegou a ser recolhido ao presídio de Soledade, mas liberado pouco depois na condição de encerrar as atividades do comércio.

A Polícia Civil havia tomado conhecimento da situação por meio de denúncias uma semana antes. A ação foi coordenada pelo promotor Araújo e pelo promotor de Justiça de Defesa do Consumidor da Capital, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho.

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