Arvorezinha – Ação deflagrada pelo Ministério Público (MP), Polícia Civil (PC) e Vigilância Sanitária do Estado impediu que mais de 800 quilos de carne com prazo de validade vencido chegassem às mesas dos consumidores. Entre eles, crianças de até 5 anos que estudam na Escola Municipal Infantil Professora Diva Maria Sabedotti Fornari, onde parte do alimento foi apreendida. Um empresário foi preso.
A operação iniciou há uma semana. O MP recebeu informação sobre a má qualidade do alimento servido na creche municipal. Conforme o promotor responsável pela Comarca, Paulo Estevam Costa Castro Araújo, as reclamações eram contra o guisado servido aos alunos, produzido com carne moída comprada em um mercado tradicional da cidade. O estabelecimento venceu o processo licitatório para fornecer os alimentos.
Com auxílio da Promotoria de Defesa do Consumidor, as equipes do MP, da PC e da Vigilância Sanitária vistoriaram o estabelecimento ontem de manhã. Mais de 800 quilos de carne vencida, sem procedência e mal armazenada foram encontrados no local. “Havia carne preta estocada, e alimento enrolado em jornal. Acreditamos que 95% do alimento é fruto do abate clandestino”, cita Araújo.
Segundo o promotor, o mercado também fornece alimentos para outras escolas da cidade, além da venda em geral para a comunidade. “Pelas informações preliminares, eles fornecem o alimento há pelo menos mais de três anos.” O proprietário do estabelecimento foi preso em flagrante no local. Responderá por crimes contra o consumidor e a saúde pública. O MP não divulgou o nome do empresário.
Enquanto uma equipe realizava a apreensão no mercado, outro grupo realizou vistoria na creche municipal. Dentro de um freezer, considerado inadequado para armazenar alimentos, os fiscais e os promotores encontram cerca de 15 quilos de carne divididos em pacotes de um quilo, todos sem procedência. Alguns estavam vencidos há mais de quatro meses. O promotor afirma que o alimento seria servido às crianças.
A operação flagrou ainda cerca de dez quilos de carne sem identificação de procedência em um galpão alugado pelo Executivo. O local é utilizado para armazenar alimentos. “Lamentável que o município tenha uma equipe de Vigilância Sanitária que não cumpre a função de fiscalizar.” Araújo contou com auxílio do promotor de Justiça de Defesa do Consumidor da capital, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho. Os alimentos recolhidos devem ser inutilizados ainda hoje.
“A responsabilidade não é minha”
Questionado sobre a apreensão de carne vencida dentro do ambiente escolar do município, o prefeito, Luis Fontana, se exime da responsabilidade. “Estamos apurando o caso. Possuímos nutricionista e profissionais da Vigilância Sanitária concursados para vistoriar isso. O prefeito e a secretária (de educação) não têm como cuidar de todo o alimento.”
Fontana cita que a administração preza pela qualidade dos serviços e da alimentação dos alunos, e lembra que a contratação do fornecedor ocorreu por meio de processo licitatório. Mesmo assim, ele também será investigado.
O promotor de Justiça garante que buscará a responsabilização do Executivo de Arvorezinha. “Houve crime contra saúde pública, e isso será investigado também contra os gestores. O caso também pode repercutir em ato de improbidade administrativa.”
“Há casos que levam à morte”
A ingestão de carne vencida pode levar ao óbito. Esta é a opinião da mestre em Nutrição, Marta Rieth. Ela lembra que a carne é um alimento perecível, e por isso costuma estragar de forma rápida. “Se for guardada de forma inadequada, ou passar da validade, pode se encher de micro-organismos perigosos como as bactérias salmonela e clostridium e causar intoxicações alimentares.”
Ela reitera o risco de óbito após a ingestão de alimentos perecíveis vencidos ou malconservados. “Há casos que podem levar à morte.” Segundo a nutricionista, os principais sintomas após a ingestão de um alimento contaminado são diarreia, vômitos, dores abdominais, mal-estar e febre.
