Marido mandou assassinar a mulher, acredita a polícia

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Marido mandou assassinar a mulher, acredita a polícia

Suspeita é que Gelson Kuhn tenha encomendado a morte de Nadir Rodrigues

Lajeado – O semblante de Gelson Kuhn, 44, ao lado do corpo da mulher, Nadir Rodrigues, na manhã do assassinato, nessa quarta-feira, mostrava abatimento. Evitou conversar com os jornalistas, apenas reclamou da demora para a chegada dos agentes do Instituto Geral de Perícias (IGP). Um dia depois, o empresário é preso pela Polícia Civil (PC) como principal suspeito de mandar assassinar Nadir.

04A motivação, conforme o delegado Silvio Huppes, estaria ligada a questões financeiras, relacionada a uma herança de Nadir. Gelson foi preso na empresa da família, às 16h de ontem. Ele e a mulher administravam juntos o empreendimento.

Para o delegado, houve uma tentativa de fazer parecer que o crime se tratava de um latrocínio (roubo seguido de morte). Nadir saía para o trabalho, por volta das 6h dessa quarta-feira, quando teria sido surpreendida por um homem.

Ela foi alvejada com um disparo no rosto e morreu no local. O autor teria fugido de moto com a bolsa da mulher. Vizinhos contam que ela saía todos os dias no mesmo horário para o trabalho. O marido costumava sair um pouco mais cedo.

Conforme moradores do edifício, brigas entre o casal eram raras. Um deles, estava acordado no momento do crime. Segundo a testemunha, um homem circulava próximo ao carro de Nadir minutos antes de ouvir dois disparos. O criminoso teria saído a pé, sem correr, até a esquina, onde a moto estava estacionada.

O crime ocorreu na rua Cristiano Grün, em frente ao edifício São Miguel, onde o casal morava com o filho de 12 anos. Gelson tinha passagem pela polícia. Ele prestou depoimento ontem e foi enviado ao sistema prisional. A PC segue a investigação para descobrir quem foram os autores do assassinato. O homicídio de Nadir foi o 24º em Lajeado em sete meses.

Filha e genro indiciados por morte de idosos

A equipe de investigação da PC não possui dúvidas sobre a possível participação da filha e do genro na morte do casal João Dullius e Isolde Müller Dullius, em junho passado. O inquérito policial foi entregue à Justiça ontem. Perícia atesta presença de sangue das vítimas no moletom e no tênis usados no dia do crime pelo principal suspeito, Stanislau dos Santos. Ele e Ana Luíza Müller Dullius estão presos de forma preventiva.

Os exames apresentados pelo IGP fecham o “quebra-cabeças” montado pela PC desde a manhã do dia 3 de junho, data do crime. Além dos vestígios nas roupas de Santos, a perícia encontrou também sangue do suspeito na carteira de Isolde. O objeto estava revirado com outros documentos sobre a mesa da cozinha, ao lado do corpo da aposentada. Para o delegado, Silvio Huppes, o próprio genro revirou o material para simular um roubo.

Conforme a versão do delegado, o crime teve motivações financeiras. Há pelo menos um ano, Stanislau sacava dinheiro da conta das vítimas. Mais de R$ 15 mil teriam sido retirados de uma conta na Caixa Econômica Federal (CEF), sem o consentimento do casal. Os saques indevidos vinham sendo discutidos dentro da família. O suspeito teria ludibriado todos de que isso ocorria em função de uma possível clonagem de cartões.

Bilhete na geladeira

De acordo com a investigação, as vítimas foram convencidas de uma reunião com um promotor, marcado para as 9h da manhã do crime. O encontro serviria para discutir o sumiço do dinheiro. Um bilhete afixado na geladeira da casa dos aposentados, e escrito pela filha, Ana Luíza, confirmava o agendamento. Também estava marcada para a mesma manhã uma visita à CEF. Santos foi quem teria avisado toda a família sobre os supostos encontros.

A investigação confirma que ambas as reuniões foram inventadas pelo suspeito. Inexistia qualquer agendamento para a família Dullius, tanto no Fórum quanto na agência da CEF. O nome do promotor que constava no bilhete também é falso: Júnior Guedes Medeiros. A filha do casal confirma ter sido a autora do bilhete, no qual constava ainda o nome de um suposto funcionário do banco (Marcelo), e que receberia todos no 4º piso do banco.

O casal foi morto próximo ao horário marcado para a falsa reunião no Fórum. Minutos antes, João, Isolde, Ana Luíza e Stanislau estavam juntos na casa. A filha saiu minutos antes do crime. Teria ido até a casa dela e do marido, localizado a poucos metros do local, onde receberia a entrega de uma geladeira. À polícia, disse que estava dentro de casa no momento do assassinato.

Huppes afirma que as duas informações repassadas por Ana Luíza são falsas. Segundo testemunhas, ela estava na rua no momento do crime, em um ponto onde conseguia avistar a casa dos pais. A entrega da geladeira também não foi confirmada pela empresa responsável pela manutenção. “Ela participou de toda essa simulação. É possível que as vítimas tenham descoberto os saques realizados por Stanislau.”

A chamada para um táxi também ajudou a elucidar o crime. Ana Luíza teria acordado com o taxista para as 8h45min o transporte de todos até o Fórum. Nesse horário, conforme depoimento, ela foi até o sobrado. Santos teria ligado outra vez e prorrogado a chegada do veículo para 9h15min, 15 minutos depois do horário agendado para a suposta audiência. A suspeita é que o crime tenha ocorrido um pouco antes da segunda ligação.

Stanislau estava na cena do crime, mas afirma ter sido agredido antes de tudo acontecer, enquanto amarrava os cadarços. Mesmo após supostamente acordar da agressão, ele não ligou para a polícia. O suspeito chamou um sobrinho das vítimas, que também mora próximo ao local. Foi o parente quem avisou Ana Luiza. Ao chegarem na cena do crime, chamaram Samu e Brigada Militar. Um pouco antes, uma vizinha teria ouvido João chamar pela filha em língua alemã. O ferimento superficial de Stanislau não convenceu os policiais. E nenhum vizinho notou movimentação suspeita próximo à residência.

Inquérito na Justiça

Os suspeitos estavam morando há pouco mais de três semanas com os idosos. Teriam se mudado em função de um problema de encanamento no sobrado. Conforme o engenheiro responsável pela construção do imóvel, a avaria foi forjada. Stanislau e Ana Luiza foram presos três dias depois do crime, e seguem recolhidos ao sistema prisional. Não confessaram o crime, apenas os saques realizados da conta do casal.

A PC ainda aguarda outros exames periciais. A arma do crime, um cutelo (espécie de machadinha), tinha marcas de sangue, assim como uma espingarda usada por Isolde para se defender. O inquérito foi enviado ao Judiciário, que dará andamento ao processo. A pena prevista por homicídio qualificado é de, no mínimo, 12 anos. O júri será popular.

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