Vale do Taquari – Na última visita à região antes da campanha eleitoral, governador Tarso Genro reafirmou compromissos assumidos no início da gestão. Em comitiva com secretários de governo, Tarso cumpriu agenda em Lajeado, onde visitou o Hospital Bruno Born (HBB), participou de almoço na Acil e inaugurou o novo prédio do Tecnovates.
Em função da chuva, a programação prevista para a ERS-130 foi cancelada. Ainda assim o governador garantiu o reinício das obras de asfaltamento da ERS–482, entre Capitão e Arroio do Meio paralisado há 16 anos. Além disso, pavimentação a outros três municípios foi garantida pelo governo estadual.
A visita do governador animou a direção do HBB. A verba de R$ 2,5 milhões, aguardada para a construção da nova UTI pediátrica, foi assegurada pela secretária da Saúde, Sandra Fagundes. Segundo ela, a verba estará disponíveis ainda neste semestre.
Com os recursos, a expectativa é ampliar de quatro para dez o número de leitos na UTI pediátrica e garantir três novos leitos para a UTI neonatal.
De acordo com o presidente da instituição, Claudinei Fracaro, o HBB realiza mais de três mil atendimentos por dia, abrangendo mais de cem municípios. Segundo ele, 73% dos atendimentos são realizados pelo SUS.
Inaugurado novo prédio do Tecnovates
O governador também participou da inauguração do Complexo Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates). A estrutura, de 5,2 mil metros quadrados, abriga laboratórios, Incubadora Empresarial Univates (Inovates) e espaço para empresas. Dois prédios, com mil metros quadrados cada, são dedicados aos laboratórios de biologia, biotecnologia, química e tratamento de resíduos e uma micro usina de leite e derivados.
O prédio principal tem 3,2 mil metros quadrados divididos em cinco andares. Um deles é utilizado para gestão e espaços comuns, como lanchonetes, auditório e salas de reuniões. Os outros quatro andares serão utilizados para as empresas funcionarem, tanto incubadas quanto residentes.
Tarso afirma que o Tecnovates dará maior competitividade e qualificação para as empresas, com grandes efeitos nas cadeias produtivas da região. “Não podemos pensar apenas na atração de investimentos externos, e sim dar qualidade para produção às empresas aqui instaladas.” Para ele, a iniciativa é fundamental para o crescimento sustentável da região.
De acordo com o reitor da Univates, Ney Lazzari, o Tecnovates emprega hoje cerca de 300 pessoas em 17 empresas participantes. Destas, 12 já estão instaladas no novo prédio. O foco das pesquisas é a área de alimentos, meio ambiente e energias renováveis.
Segundo Lazzari, foram investidos R$ 23 milhões na estrutura. Destes, R$ 7 milhões são provenientes do município, Estado e União. O restante são verbas próprias da instituição. Para o secretário da Ciência, Inovação e Tecnologia, Cleber Prodanov, a inauguração representa um marco para o desenvolvimento estratégico do Estado.
Conforme Prodanov, o Rio Grande do Sul é o único estado com programa para criação de parques tecnológicos no interior. “A consolidação desta estratégia representa a geração de empregos a partir da parceria entre universidades, Estado, União e municípios.” No total, foram criados três novos parques tecnológicos no interior nos últimos quatro anos.
Almoço na Acil celebra investimentos em empresas
No almoço na Acil, o governador comemorou a marca de três mil empresas beneficiadas pelo Projeto Extensão Produtiva e Inovação (Pepi), da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI). O projeto, com núcleo na Univates, busca qualificar a capacidade produtiva de empresas com o fomento a ideias de inovação.
De acordo com o diretor de Produção e Inovação da AGDI, Sérgio Kapron, o Pepi engloba 113 extensionistas nas 28 microrregiões do Estado, tendo investido R$ 3 milhões em convênios para micro e pequenas empresas. Segundo ele, mais de mil empreendimentos buscaram financiamentos para ampliação de negócios a partir do projeto.
O empreendedor Cristian Lorenz, dono de uma empresa de móveis planejados, é um dos beneficiados com o programa. Segundo ele, em pouco mais de um ano após ingressar no programa, a empresa teve aumento de 96% no faturamento. “Evoluímos em todos os setores”, declarou.
Para o secretário-adjunto de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Luís Fernando Farinati, o exemplo de Lorenz mostra a importância do Estado como indutor da qualificação empresarial. Segundo ele, a perspectiva é de aplicar R$ 40 milhões no projeto até 2016.
Pavimentação deve ser retomada em 45 dias
Durante as visitas, o governo estadual confirmou a retomada das obras de pavimentação na ERS-482, entre Arroio do Meio e Capitão, e na ERS-425, entre Nova Bréscia e Coqueiro Baixo. Ambas têm promessa de início para 45 dias, somando um investimento de cerca de R$ 30 milhões.
O primeiro trecho de 16,5 quilômetros, na ERS-482, teve licitação em 1998. Na época, parte da obra chegou a ser iniciada, porém, passados 16 anos, os moradores continuam na espera. Nesse período foram realizados manifestos e abaixo-assinados reinvindicando a retomada dos trabalhos.
Conforme o secretário estadual de Infraestrutura e Logística (Seinfra), João Vitor Domingues, a empresa paulista Beter assinou, na semana passada, acordo com a construtora Giovanella. O documento garante a subcontratação dos serviços para realização das obras.
De forma paralela, também ocorrerá a pavimentação de mais 9,5 quilômetros, entre Nova Brescia e Coqueiro Baixo, na ERS-425.
A finalização de cerca de cinco quilômetros entre Forquetinha e Sério, na ERS-421, também foi citada pelo governo. A primeira parte da obra foi concluída em 2012. Com falta de recursos na primeira licitação, um novo processo licitatório será aberto para a conclusão.
Domingues garantiu ainda a destinação de recursos para a pavimentação de sete quilômetros entre Colinas e Roca Sales, na ERS-129. O obra está orçada em R$ 5,3 milhões e aguarda pela aprovação do Daer. Moradores aguardam o asfaltamento do trecho há dez anos.
Segundo o secretário, uma nova reunião com prefeitos e líderes da região com o Daer e a EGR ocorre em 30 dias.
“Será que é jogada política?”
Moradores desconfiam do novo prazo para a retomada das obras entre Arroio do Meio e Capitão. Alguns, como o empresário Alcindo Körbes, questionam a situação das licenças ambientais e licitação, aberta em 1998. “Será que é jogada política?”
Há mais de 20 anos, ele mantém uma serraria e um centro de lazer em Arroio Grande. Sem asfalto, cita dificuldade no transporte de madeira pelo trecho. O excesso de barro ou buracos também afasta visitantes da região.
A dona de casa, Tânia Rockenbach, também revela incerteza quanto à realização da obra. “Uma hora dizem que vai começar, mas para tudo de novo (sic).” Ela relata o fluxo constante de veículos no trecho, especialmente caminhões, e reclama da poeira e da falta de tapa-buracos.
A visita de Tarso Genro à região foi a última antes do período eleitoral. A partir do dia 5 de julho, o pré-candidato ao governo fica impedido de realizar atos públicos como inauguração e anúncios de novas obras. Em caso de descumprimento, o candidato pode ter o registro de candidatura cassado.
