Lajeado -Os índices de homicídios teimam em aumentar. Apesar do esforço da Polícia Civil (PC) na investigação e solução de outros casos, mais duas pessoas foram assassinadas nesse domingo à noite, no bairro Jardim do Cedro. Rafael André Andriolli, 22, e Matheus Henrique Huber, 15, foram alvejados por tiros de espingarda calibre 12 e outros de calibre ainda não identificado. Ambos morreram no local.
Vizinhos escutaram diversos disparos por volta das 22h. As vítimas estavam em uma construção, na rua Arnoldo Uhry. Nos fundos do mesmo terreno, morava Andriolli e outros familiares. O adolescente morto era estudante do Colégio Estadual Castelo Branco, e morava no centro da cidade. Segundo a polícia, ele costumava frequentar o local do crime.
Conforme informações da PC e de vizinhos, a casa em construção era utilizada como ponto de venda de drogas. “É provável que o crime tenha relação com o tráfico”, antecipa o delegado, Silvio Huppes. Próximo aos dois corpos, a polícia encontrou um revólver calibre 38, com numeração raspada, cerca de R$ 1,1 mil em dinheiro, e uma quantia de maconha e cocaína.
Os dois corpos estavam distantes pouco mais de dois metros um do outro. Um deles estava na entrada da casa em construção, ao lado de alguns sacos de cimento. A outra vítima foi morta dentro de um buraco com pouco mais de 1,5 metro de profundidade, localizado no pátio em frente à obra. Chovia no momento do crime. Um carro escuro teria sido visto deixando o local pouco depois dos estopins serem ouvidos por vizinhos.
Andriolli tinha antecedentes por porte ilegal de arma de fogo, e também por um roubo praticado há dois anos em uma lotérica. O adolescente não possuía registros policiais. Com esse duplo homicídio já são 23 assassinatos cometidos em Lajeado, seis só no bairro Jardim do Cedro. Até o momento, junho é o mês mais violento com sete pessoas mortas.
Investigações prosseguem
A maioria dos crimes registrados em Lajeado já foi solucionada pela equipe de investigação da PC. Dos 23 homicídios ocorridos desde janeiro, 17 resultaram em 20 prisões de suspeitos nesse período. Segundo Huppes, com o duplo assassinato de domingo, chega a dez o número de casos envolvendo uso, dívidas ou disputas por pontos de venda de drogas.
Outros casos envolvem também desavenças e problemas de relacionamento. Nesses quase seis meses, foram 20 homens e três mulheres mortas. Em cinco homicídios, as vítimas foram agredidas com facas ou outros objetos cortantes; em 17 assassinatos foram utilizadas armas de fogo; uma pessoa foi morta por asfixia.
As investigações prosseguem. Conforme a PC, outros casos estão bastante avançados e próximos de um desfecho. Em um deles, no qual filha e genro foram presos suspeitos de matar um casal de aposentados com um machadinho, o delegado ainda aguarda análise pericial realizada nas roupas de um deles.
25 prisões no Vale do Taquari
Desde janeiro, 25 pessoas foram presas na região suspeitas de praticarem os assassinatos. Um dos presos foi morto dentro do Presídio Estadual de Lajeado. Houve ainda a detenção de outros três suspeitos de latrocínios, responsáveis pelos dois únicos casos registrados em Taquari e Encantado, e que resultaram em três mortes.
Em outro crime, os responsáveis chegaram a assumir a morte de Adão Dornelles, mas a Justiça indeferiu o mandado de prisão. Há também um suspeito foragido. Ele seria responsável pelo assassinato de Patrícia Dias, morta no dia 20 de janeiro. A PC reitera a importância das testemunhas, que podem realizar denúncias anônimas para auxiliar.
