Copa mobiliza torcida regional

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Copa mobiliza torcida regional

Brasil estreia hoje, na abertura da competição. Jogos alteram rotina na região e cidades se enfeitam para apoiar a seleção de Felipão

Vale do Taquari – Da confirmação do Brasil como sede da Copa do Mundo da Fifa até a abertura se passaram mais de sete anos. Em meio às críticas sobre os gastos em estádios, as obras de infraestrutura inacabadas, o fato é que hoje estreia a seleção comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari.

03Cidades da região se preparam para esse momento. Em Arroio do Meio, telão e apresentações artísticas devem lotar a Rua de Eventos. Em Lajeado, donos de bares enfeitam os estabelecimentos para atrair torcedores.

Estrela preparou as ruas, enfeitou as principais avenidas. Sucatas de carros antigos foram pintadas, representando as cores dos 32 países classificados para a competição.

As carcaças foram doadas por ferros-velhos. Integrantes de grêmios estudantis de sete escolas, servidores públicos e membros do grupo de danças alemãs pintaram os adornos. A ação foi organizada pelo gabinete da primeira-dama.

Alunos da escola Vidal de Negreiros contribuíram com os trabalhos. Na rua Júlio de Castilhos, próximo ao Estrela Palace Hotel, bandeiras pintadas no asfalto, dão o tom da festa no município.

Ontem, servidores municipais finalizavam escreviam “bem-vindos” em diversos idiomas. “Chegou a hora. O Brasil vai ser campeão invicto”, comentou um dos funcionários.

A administração municipal inclusive confirmou horários diferenciados para os dias de jogos da seleção brasileira. Só as escolas infantis e o posto de saúde central permanecem abertos.

A Rua de Eventos e o Clube Esportivo serão os pontos de encontro dos torcedores de Arroio do Meio. A administração municipal instalou dois telões para os dias de jogos do Brasil. Depois, a festa continua com atrações artísticas e sorteio de brindes (veja programação no boxe).

A ação faz parte do projeto CopAqui, realizado pelo município com parceria de empresas, lojas e do clube.”Queremos integrar a comunidade para que todos torçam juntos pela seleção brasileira rumo ao hexacampeonato,” destaca um dos coordenadores, Leandro Schuh.

A criação do CopaAqui foi uma das propostas listados no plano de governo do município. A comissão organizadora se reúne desde o começo do ano para preparar o evento. O lançamento do projeto ocorreu no dia 10 de março.

O Executivo destinou R$ 20 mil para cobrir os gastos com a decoração, shows e infraestrutura. Conforme Schuh, o valor pode ser menor, caso o Brasil saia da competição de maneira prematura. “Queremos gastar tudo, pois assim saberemos que a seleção chegou à decisão.”

O projeto tem uma página oficial no Facebook. Ontem à tarde, 295 pessoas confirmavam presença na primeira partida, entre Brasil e Croácia (a programação na Rua de Eventos começa às 16h). A expectativa dos organizadores é reunir mais de 500 pessoas por jogo da fase classificatória.

Venda de camisetas

Junto com a festa, a comissão organizadora oferece camisetas do projeto. Mais de 400 foram vendidas. O preço é R$ 20 na loja Bruxellas. Desse valor, R$ 2,50 serão revertidos para uma escola municipal escolhida pelo comprador.

Torcedores com ingressos garantidos

Guilherme da Costa, 21, e Douglas Scherer, 22, compraram ingressos para quatro jogos da Copa no Beira-Rio. França e Honduras neste domingo.

Austrália e Holanda na próxima quarta-feira. Coréia do Sul x Argélia, no outro domingo. Além de um jogo das oitavas de final, no dia 30. Desde o pentacampeonato, em 2002, os jovens faziam planos em um dia acompanhar jogos da Copa nas arquibancadas.

Quando o Brasil foi escolhido como sede, em 2007, viram o sonho mais perto.
Após a confirmação de Porto Alegre como uma cidade-sede, o sentimento dos amigos se dividiu.

Gremistas, torciam para a Arena ser o estádio do Mundial. “Foi uma pequena decepção. Mas o importante é que estaremos lá”, brincam.

Com a abertura do primeiro lote de ingressos, os dois correram para se inscrever para o02sorteio das vendas. Ficaram de fora, mas não desistiram, e em fevereiro, no segundo sorteio dos ingressos, a boa notícia chegou.

Ao preço de R$ 145 (por terem o cartão nacional de estudantes, pagaram meia-entrada) conseguiram os ingressos. Acostumados a frequentar jogos do Grêmio, os amigos estão curiosos para ver como é a organização de uma partida da Copa. “O mundo inteiro estará com o olho em Porto Alegre nestes dias”, salienta Da Costa.

Guilherme da Costa é estudante de Biomedicina na Univates. Como só estuda, ganhou os ingressos dos pais e aposta no Brasil como o forte favorito para levantar o título. Caso a seleção Canarinho não fique com a taça, Da Costa aposta na Alemanha.

Ele cita como única chance de ver uma Copa do Mundo na América do Sul. “ Depois das greves, do povo ir para rua, duvido que a Fifa volte à América do Sul em menos de 50 anos.”
Douglas Scherer comprou uma camisa da seleção francesa especialmente para a Copa. Ele que trabalha como estagiário na Administração Municipal de Marques de Souza fez economias para realizar o sonho.

Contrariando o amigo, aposta na seleção Alemã como a campeã. Caso os germânicos não fiquem com a taça, acredita que será a França.
A expectativa maior dos amigos é assistir às oitavas de final. Eles aguardam um grande confronto, envolvendo seleções como Portugal ou Alemanha contra Bélgica ou Rússia. “Estou contando os dias para poder participar deste grandioso evento”, ressalta Scherer.

Repórter do Vale na Copa

Jornalista do grupo Independente, Ricardo Sander, acompanha a seleção brasileira desde o início da preparação em Teresópolis. Ele conta as experiências de acompanhar o time de Felipão na Copa do Mundo.

A Hora: Como jornalista, o que essa Copa representa para você?

Ricardo Sander: É algo que sempre almejei. Não vamos poder transmitir, pois é preciso comprar os direitos das partidas com a Fifa. Mas viver esse clima, levar as impressões da competição, vivendo o clima, é muito especial. Eu nunca vi um jogo da seleção. Agora poderei ver todos. Estou ansioso pela primeira partida. Quanto ao trabalho, tem sido bem puxado, mas vale a pena.

Com vistas nos grandes veículos do país, quais as dificuldades para cobertura de um repórter do interior?

Sander: Tem uma série de coisas. Fui muito bem tratado por todos na Granja Comary. Para as entrevistas coletivas, são 350 cartões que dão direito a participar. Então eu ficava sempre de olho nisso. Para conseguir fazer uma pergunta, percebi que há um direcionamento aos repórteres dos grandes conglomerados.

Qual sua percepção quanto ao comportamento dos torcedores próximos da seleção? Algum resquício dos movimentos contrário à Copa, como visto no ano passado?

Sander: Tem. Mas nem perto do que aconteceu durante a Copa das Confederações. Na chegada da seleção, houve manifestações. Me pareceram ser ligadas a partidos políticos, com participação de professores. Em Teresópolis, o clima na cidade é de apoio à seleção. Muitas pessoas acompanhando o dia a dia, querendo um autógrafo, tirar fotos com os jogadores.

Aconteceu algo de inusitado nesses dias de preparação?

Sander: Ontem barraram do hotel da seleção a Gata da Copa. Para mim, teve algumas conversas com jornalistas referência no país. Um dos momentos que me marcaram foi uma entrevista que fiz com o Dadá Maravilha. Ele é fenomenal. De uma simplicidade, atendendo todos com atenção, brincando. Uma grande figura.

Como é a rotina do repórter do Vale na Copa?

Sander: Não há horários definidos. Uma rotina bem corrida. Agora, com a saída da seleção de Teresópolis ficou diferente. Antes me adequava ao cronograma do time. Na primeira semana, praticamente não almocei. Preferia antecipar algum material, publicar os textos, vídeos e fotos.

Qual sua expectativa para este Mundial, do ponto de vista das chances do Brasil e da organização do evento?

Sander: Por parte do time do Felipão, acho que temos chance de ganhar. Vamos ter problemas logo na segunda fase, pois podemos pegar Holanda, ou Espanha. Em relação ao evento, há alguns problemas. A internet nos estádios é ruim, temos dificuldade nos deslocamentos. Muitas obras feitas às pressas. Mas isso tudo temos de ver assim que começar. Vejo que há muitos voluntários ajudando os turistas. Talvez tenhamos um patamar um pouco melhor do que ocorreu na África do Sul.

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