Assassinato de jovem provoca comoção

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Assassinato de jovem provoca comoção

Michel Noll foi morto a tiros nessa terça-feira. Crime teria motivação passional

Lajeado – Dezenas de recados postados no perfil virtual de Michel Alexsander Noll, 28, expõem a comoção e revolta de amigos e familiares. O jovem foi assassinado em frente à casa, no bairro Conservas, nessa terça-feira à noite. A polícia procura indícios do suspeito e trabalha com a hipótese de homicídio passional.

01Às 20h30min, um homem chegou à moradia do rapaz vestido com uma jaqueta e capuz. Do portão frontal, chamou-o pelo nome. Disse estar interessado em negociar a compra de um carro. Ao botar os pés para fora da residência e confirmar seu nome, Noll foi alvejado com pelo menos quatro disparos de um revólver. O assassino escapou correndo.

Minutos depois, a rua Olímpio Berté – endereço da vítima – ficou tomada por moradores e conhecidos. A mãe do jovem entrou em estado de choque e foi impedida por familiares de acompanhar a perícia. “A situação está terrível. Não conseguimos entender o que houve. Ele era um guri trabalhador e sempre disposto a ajudar os outros”, disse o padrasto Valdir Nascimento, à Rádio 820 do Vale.

De acordo com Nascimento, Noll namorou uma moça por sete meses e chegou a morar com ela na atual residência, mas o relacionamento acabou a pouco tempo. Morando sozinho, mantinha contato com a ex-namorada e, por vezes, se encontravam. Para ele, o caso amoroso não tem relação com o crime.

Na entrevista à rádio, o padastro informou conhecer o rapaz desde que ele tinha 7 anos, quando passou a morar com sua mãe. Segundo Nascimento, o rapaz não esboçou nenhuma atitude diferente nos últimos dias e jamais teve envolvimento com drogas.

Trio assume morte de jardineiro

Apontadas por testemunhas como autores da morte de Adão Dornelles, 57, três pessoas se apresentaram à PC ontem pela manhã. Irmão, irmã e cunhado da vítima confessaram o crime. De acordo com o delegado Silvio Huppes, eles disseram ter assassinado o jardineiro pelo fato de ele ter abusado ou tentado abusar de uma criança da família.

Segundo o delegado, as investigações foram encerradas. Agora, o inquérito policial será remetido ao Fórum de Lajeado, onde aguardará avaliação do juiz. “A confissão só reforça as provas de autoria.”

O homicídio ocorreu na segunda-feira à noite. Dornelles estava sentado na sala da casa da companheira, no bairro Santo Antônio, quando os três invadiram o ambiente. Eles carregavam um porrete, um revólver e uma faca de açougueiro. Ao avistar a vítima, partiram para agressão.

Na moradia, situada na rua Bom Jesus, estavam outras três pessoas: a companheira de Dornelles, o enteado de 18 anos e a filha caçula, de 10 anos. Todos presenciaram a cena. A mulher do jardineiro tentou apartar a briga e apelou para que não o matassem em frente aos jovens. Enquanto o agrediam, os três gritavam: “o que tu fez para as meninas?”.

A vítima foi golpeada duas vezes na cabeça e esfaqueada. Enquanto os assassinos fugiam, a mulher correu para a rua e gritou por socorro. Mas Dornelles morreu nos braços do enteado. Pouco depois, o outro enteado de 16 anos chegou em casa. Estava jogando bola em um campinho nas proximidades quando ocorreu o crime.

Cidade vista como violenta

Moradores de outras cidades do Estado começam a associar Lajeado com uma cidade violenta, perigosa de morar. Com a morte de Noll, chega a 21 o número de assassinatos desde janeiro no município. O índice representa 191% dos casos de 2013, quando 11 ocorreram.

Em comparação aos últimos anos, conforme estatística da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP), este primeiro semestre é o mais violento já registrado. Até então, o máximo de casos havia ocorrido em 2004, quando 19 morreram na cidade.

Dados da SSP apontam aumento de 10% nos homicídios em todo o Estado no primeiro trimestre deste ano frente ao mesmo período do ano passado. Contudo, houve queda de 35% em relação aos casos de latrocínio e de 4,4% nos de roubo a veículos nesses meses.

Ao anunciar os índices, o secretário estadual de Segurança, Airton Michels apoiou mudanças no pensamento sobre a política de combate às drogas no país. Disse que está na hora de repensar a legislação brasileira. “Do jeito que está hoje, a guerra contra o tráfico está perdida.”

Dificuldades

Delegada regional de polícia, Elisabete Barreto Müller, aponta dificuldades de montar estratégias capazes de evitar esses crimes. Lembra que após a prisão de traficantes, em abril, as mortes pararam por um período. Desde então, cita, nenhum homicídio envolvendo drogas ocorreu. “Mas essas últimas não têm uma relação entre si. Assim, não conseguimos traçar um plano específico. São casos distintos e difíceis de prevenir.”

Condiciona os altos índices à banalização da violência. De acordo com ela, a melhor ferramenta seria a sociedade se engajar em ações sociais voltadas para a saúde e à vida. Entre outros, cita existente Fórum de Enfrentamento à Drogadição. “Além disso, por meio da polícia comunitária, vamos apresentar outro projeto desse gênero.”

Desconsidera a instalação de uma delegacia especializada em homicídios em Lajeado. Conforme Elisabete, apesar de o número ser “assustador”, ainda não comporta uma estrutura desse porte.

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