Greve de funcionários paralisa serviços

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Greve de funcionários paralisa serviços

Prestadores de serviço telefônico para a OI interrompem atividades desde ontem

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Vale do Taquari – As reivindicações por melhores condições trabalhistas continuam hoje. A greve dos servidores do RM Telecom, empresa terceirizada para serviços telefônicos da OI, iniciou ontem e não tem prazo para terminar. Neste período, usuários ficam sem assistência.

02As manifestações na região ocorreram pelas ruas de Lajeado e Estrela, onde quase 30 funcionários, responsáveis por mais de 50 municípios, se reuniram. Carregando placas e distribuindo materiais informativos, o grupo pediu apoio diante da falta de material de trabalho, investimento em estrutura e sobrecarga de funções.

A greve, iniciada no Estado, atinge pelo menos oito mil servidores em todo país. Ontem, a negociação marcada para as 15h em Porto Alegre, com donos da empresa RM com sede no Ceará, não teve êxito. Sem propostas, o Sindicato dos Telefônicos do RS (Sinttel/RS) mantém a paralisação.

Segundo o diretor-executivo da classe, Alexsander Ferreira Avaly, o grupo aguarda por um plano mais justo. Cita o aumento de cobrança, mesmo com redução de pessoal e falta de equipamentos. “O assédio moral é muito grande.” Reclama do baixo salário e precário modelo de produção.

Pouco mais de 20 funcionários detêm os serviços em 50 municípios pelo Estado. Avaly critica o Plano de Contingência citado pela operadora OI como uma farsa. “Eles não têm mão de obra própria, 90% do pessoal é terceirizado”, diz. Cobra também mais atuação da Anatel na fiscalização das empresas telefônicas.

Hoje, as negociações prosseguem. Às 15h, o Sinttel tem audiência no Tribunal Regional do Trabalho, em Porto Alegre. Por enquanto, a assistência ocorre apenas para telefones de emergência (bombeiros, hospital e polícia). Demais consertos não são feitos. A Sinttel estima falhas em oito a nove mil linhas por todo Estado e mais de dez mil instalações pendentes.

“Somos ameaçados sem ter culpa”

Funcionários, que preferem não se identificar por medo de represálias, citam constantes ameaças de usuários devido aos corriqueiros problemas de telefonia. “Somos ameaçados sem ter culpa.”

Relatam a falta de material disponível para serviços simples, como troca de fios. Mais do que isso, ausência de treinamento para trabalhos específicos. Um deles cita acúmulo de funções e longas distâncias percorridas em um único dia, devido à falta de pessoal.

Problemas recorrentes

O caso mais recente de problemas em linhas telefônicas na região foi registrado em Estrela, onde dois mil usuários ficaram mais de dez dias sem o serviço. Alguns ainda aguardam pela normalização do sistema.

No local, a situação seria decorrente de um cabo danificado no subterrâneo. Funcionários terceirizados afirmam que desde 2010 pedem a troca do material. Sem estrutura necessária, tiveram de remendar o trecho, não solucionando todo o problema.

A administração municipal já anunciou a troca de assistência telefônica no serviço público, prevista para as próximas semanas. Depois do manifesto de usuários há 15 dias e sem explicações da OI, o Procon local abriu um pedido de Termo de Ajuste de Conduta (TAC), feito no Ministério Público contra a operadora. Segundo o coordenador da entidade, José Francisco Reichert, a assinatura do termo prevê punições e concede benefícios aos prejudicados.

Paralisação pelo país

A greve iniciou ontem no Rio Grande do Sul, afetando 2,8 mil servidores terceirizados e se espalha por Santa Catarina, Paraná, Bahia e Pará. Dos 13 mil funcionários de todo país, oito mil já aderiram à paralisação.

As reivindicações chegaram ao governo federal no sábado. Um documento foi entregue à presidente Dilma Rousseff, em São Leopoldo.

Em 2013, a greve pelo Estado durou 22 dias, entre abril e maio. Avaly cita o aumento salarial no período, mesmo assim poucas foram as melhorias na estrutura e condições trabalhistas. Apesar das reclamações, a OI demitiu mais de 800 funcionários pelo Estado no último ano.

Reivindicações dos funcionários:

– Divisão do lucro líquido de R$ 22 milhões da RM, em 2013;

– Unificar os Acordos Coletivos de Trabalho na região Sul;

– Incorporar o valor de produção fixa aos salários e correção mínima de 10%;

– Corrigir locação de veículos leves para R$ 800 ao mês;

– Pagamento de auxílio-creche no valor de R$ 150 por filho (de até 8 anos) de empregado e R$ 820 sendo deficiente;

– Pagar anuênio de 0,5% por ano trabalhado na RM;

– Desconto limitado em 10% de salário-base para cobertura de planos de saúde;

– Jornada semanal de 44h, de segunda a sexta-feira;

– Melhora nas condições de segurança e higiene no local de trabalho;

– Estabelecer novo modelo de produção.

*Fonte: Sinttel/RS

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