Vale do Taquari – Com a proximidade do período de chuvas, retorna a preocupação com as enchentes. Sete cidades da região costumam sofrer com os alagamentos entre julho e outubro. Para preparar os prefeitos, a Associação de Municípios do Vale do Taquari (Amvat) realiza assembleia hoje, em Estrela.
O encontro ocorre no Centro Comunitário Cristo Rei, a partir das 9h45min. O coordenador regional da Defesa Civil no Vale do Taquari, tenente-coronel Vinícius Renner, fala sobre prevenção, busca de verbas nas esferas estadual e federal e sobre a função das coordenadorias municipais do órgão.
De acordo com o oficial, nos últimos anos a região evoluiu na aplicação das medidas de proteção aos moradores de áreas ribeirinhas. Para ele, isso foi possível graças ao fortalecimento da Defesa Civil nas cidades.
Segundo Renner, levantamentos de riscos, estudos sobre a bacia hidrográfica do Vale e a instalação de medidores em diversos pontos do Rio Taquari possibilitaram a melhora nos serviços dos órgãos envolvidos no trabalho desde os alertas até a retirada dos moradores. “Saímos do papel apenas da resposta. Agora conseguimos trabalhar com prevenção.”
Também há contribuição de pesquisas científicas. Em um dos projetos, realizado em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), pluviômetros foram instalados em pontos estratégicos, facilitando o controle da densidade das chuvas.
Outro projeto em andamento garante a instalação de nove estações telemétricas pela bacia hidrográfica Taquari-Antas. Coordenado pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), o sistema permitirá a leitura constante e acompanhamento preciso do volume de chuvas e evolução do nível do Rio Taquari.
Junto com as informações meteorológicas e a quantidade de chuva prevista para determinado período, a Defesa Civil informa os municípios, que partem para os alertas à população, informa Renner.
Definição do plano nacional
A 2ª Conferência Nacional de Proteção e Defesa Civil ocorre em Brasília de 4 a 7 de novembro. Do encontro sairão os princípios e diretrizes para a formação de uma política nacional do setor. Na segunda-feira, foram definidos os delegados estaduais que participarão do evento.
O Vale do Taquari terá sete representantes (dos municípios de Lajeado, Estrela, Teutônia e Marques de Souza). Para o tenente-coronel Renner, a integração entre comunidade civil e coordenadores da Defesa Civil da região demonstra ao Estado a preocupação e as atividades locais. “Muito daquilo que implantamos aqui serve de exemplo para outras cidades e até ao país.”
Como exemplo, cita o simulado de enchente realizado em novembro de 2012 no loteamento Marmitt, em Estrela. A ação estabeleceu, segundo o coordenador, o padrão para a retirada dos ribeirinhos.
As informações possibilitam a organização de planos para redução dos danos causados pelas enchentes. “Foi um marco para todo o país. Com os resultados colhidos no simulado, os órgãos públicos adotaram como padrão o formato instituído no Vale do Taquari.”
Na conferência estadual, 229 propostas foram apresentadas. Os delegados votaram dez princípios e 30 diretrizes para apresentação em novembro, durante o evento nacional. Entre os mais votados estão o fortalecimento do sistema de monitoramento e o alerta de desastres. Outro pleito foi a profissionalização dos agentes de defesa civil, com qualificação contínua.
saiba mais
O Vale do Taquari está situado entre vales. A intensidade das cheias depende do volume de água vindo dos afluentes rios Guaporé, Carreiro e da Prata. A quantidade de milímetros nas cidades de Nova Prata, Santa Teresa, Guaporé, Cotiporã, Veranópolis, por exemplo, é determinante para a elevação do Rio Taquari.
O aumento do nível do Rio Taquari em Encantado determina a intensidade da cheia na região de Estrela. O tempo para o volume se deslocar entre uma cidade e outra é de seis horas. Ao longo do percurso, afluentes como o Forqueta aumentam a quantidade de água a chegar na parte baixa do Vale.
Na última cheia, em agosto do ano passado, o Rio Taquari chegou a 23,83 metros. A maior enchente conhecida foi em 1941, quando as réguas marcaram 29,92 metros. Desde 1940, foram contabilizadas 51 enchentes na região.