Lajeado – Teste iniciado no ano passado no posto de saúde do bairro Conservas serve como base para uma mudança em todas as outras unidades da cidade. Com propósito de terminar com as filas para retirada de fichas, a Secretaria de Saúde (Sesa) implanta o sistema de acolhimento solidário.
Em vez da distribuição das consultas por ordem de chegada, o paciente que se deslocar aos postos passará por uma triagem. Dependendo do quadro clínico, o médico atende. Em procedimentos de menor gravidade, há possibilidade de avaliação dos enfermeiros e também o agendamento de consulta. “O objetivo é que todas as pessoas sejam atendidas”, diz o secretário de Saúde, Glademir Schwingel.
Segundo ele, com a mudança, os pacientes não precisam chegar de madrugada para garantir atendimento. “Em vez de distribuir fichas, recebemos as pessoas, ouvimos quais os problemas para termos uma avaliação prévia”, destaca.
Por enquanto, além do posto do Conservas, o bairro Jardim do Cedro também adotou o novo sistema. De acordo com o secretário, aos poucos, o acolhimento solidário será implantado nas outras unidades de saúde.
População quer mudança
Durante a madrugada dessa terça-feira, o posto do bairro Santo André ficou lotado. Antes das 5h, 18 pessoas aguardavam por uma das fichas. “Isso é inadmissível. Temos de faltar trabalho e, mesmo assim, às vezes não garantimos uma consulta”, reclama a doméstica Loivane Lutz, 39, moradora do bairro Olarias.
Para ela, a iniciativa de rever o modelo deve ser elogiada. “Muito melhor para as pessoas não precisarem entrar na fila.”
Opinião semelhante da diarista Noeli Eckhart, 54, também moradora do bairro Olarias. Apesar de desconhecer os detalhes do projeto “acolhimento solidário”, aprova o fim das fichas. “É complicado para as pessoas terem de vir na madrugada atrás de uma ficha. Isso tem que acabar.”
Nos primeiros meses de funcionamento do sistema, no bairro Conservas, houve, segundo o secretário Schwingel, muita dificuldade na implantação. Passado o período de adaptação, a Sesa percebeu a volta de pessoas que não procuravam o atendimento pelo município.
“Em Cuba ninguém volta para casa sem atendimento”
Primeiro profissional do Programa Mais Médicos a chegar em Lajeado, Martiniano Isas, aprova o modelo. Atuando como médico da família no bairro Jardim do Cedro, não teve dificuldades em se habituar ao sistema. “No meu país é assim. Em Cuba ninguém volta para casa sem atendimento.”
Por ser muito recente, é difícil fazer uma avaliação, diz a enfermeira responsável pelo posto, Alessandra Cassal. Segundo ela, servidores informam os pacientes sobre o novo sistema. “Estamos em uma fase inicial. A população ainda está se acostumando.”
A industriária Gessi de Lima, 40, foi atendida pelo médico Isas ontem à tarde. Havia agendado a consulta. Esperando por uma avaliação de um neurologista há dez meses, solicitou o encaminhamento de urgência para o especialista.