Meteorologia projeta formação do El Niño

Você

Meteorologia projeta formação do El Niño

Fenômeno deve atingir Estado a partir de junho e se intensifica no fim do inverno

Vale do Taquari – Meteorologistas apontam o aquecimento gradual das águas na superfície do Oceano Pacífico Equatorial desde março e a formação do El Niño. Caracterizado pela grande quantidade de chuvas, deve atingir o Rio Grande do Sul a partir de junho e se intensificar no fim do inverno.

01De acordo com Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), foram registradas anomalias de vento ao longo do Pacífico durante abril e, neste mês, a temperatura da água ultrapassou em 0,5ºC a média em todas as regiões.

Prognósticos indicam a possibilidade de 60% do fenômeno se desenvolver em junho, de 65% durante julho e, para o fim de agosto e início de setembro, a chance passa a 70%. A única incerteza é quanto à intensidade e duração do fenômeno climático. Alterações são previstas no inverno e primavera, mas não há conclusões sobre o verão.

Alguns institutos meteorológicos acreditam que o fenômeno deste ano possa atingir grandes proporções, semelhantes ao ocorrido entre 1997 e 1998, o mais forte até então registrado. Além das chuvas, o El Niño provoca aumento na temperatura, o que deixaria o inverno menos rigoroso.

O último episódio com intensidade ocorreu entre 2009 e 2010 (veja boxe). Nesse período, o Vale do Taquari foi atingido por diversas enxurradas. Em uma delas, parte da cidade de Marques de Souza foi devastada. Com o intenso volume de chuvas, o nível dos rios Forqueta e Fão subiu de forma inesperada e, sem vazão, alagou o município e destruiu imóveis e plantações.

Alerta no campo

Na semana passada, o Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs) divulgou boletim trimestral no qual manifesta preocupação em relação à ocorrência do fenômeno. A entidade alertou para a possibilidade de o El Niño atingir o Estado no fim do inverno e início da primavera.

Como as principais mudanças do fenômeno estão relacionadas ao aumento no volume das chuvas, pode haver interferência no desenvolvimento de culturas como trigo, cevada, canola, pastagens e hortifrutigranjeiros. A colheita do café e da cana-de-açúcar, no Sudeste do país, também pode ser prejudicada.

Por outro lado o El Niño costuma trazer temperaturas mais amenas e, com isso, reduz a chance de frio extremo e incidência de geadas. Tal condição é estimada de forma positiva por entidades ligadas ao meio rural no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, que no inverno passado registraram prejuízos devido às baixas temperaturas.

Saiba mais

El Niño – São alterações de 12 a 18 meses na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico. Quando ele se forma – com ocorrência média de três a sete anos – as massas de ar quentes e úmidas acompanham a água mais quente, provocando aumento no volume de chuvas. O nome deriva do espanhol: como a cada ano as águas da costa do Peru esquentam perto do Natal, os pescadores apelidaram de “Corriente de El Niño”, em referência ao nascimento de Jesus.

La Ninã – Representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao El Niño, e que se caracteriza por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Com isso, cria uma barreira impedindo o avanço das chuvas para diversas regiões, gerando estiagens.

Acompanhe
nossas
redes sociais