Estrela – Constantes prejuízos causados por árvores às calçadas e rede elétrica forçam a Secretaria do Meio Ambiente a mudar o sistema de arborização urbana. O governo começa a substituir plantas de maior porte por menores e intensifica as podas durante os próximos três meses.
De acordo com o secretário, Hilário Eidelwein, a troca está embasada em um estudo técnico e em análises feitas há anos pelo poder público. Em outras épocas, cita, se adotava o plantio de árvores “enormes” em calçadas com menos de um metro e meio de largura, capazes de oferecer uma grande área de sombra.
Mas, com o passar dos anos, elas cresceram acima do previsto e tornaram-se um problema para a comunidade. Além de troncos ocuparem boa parte do espaço destinado para os pedestres, as raízes começaram a quebrar pavimentos. Os galhos encostavam nos fios de energia elétrica e, por vezes, quebravam e caíam sobre a rede, provocando queda de luz.
Ontem os dois servidores responsáveis pelo plantio estavam na rua Júlio de Castilhos, proximidade com o Parque Princesa do Vale. Adalberto Trapp, 60, e Elemar Rohde, 35, atuam juntos há 12 anos na atividade.
Agora serão plantadas árvores nativas, frutíferas e exóticas. Quase 90% das mudas são provenientes do viveiro municipal, instalado em Santa Rita, iniciado há dez anos. No local são criadas mais de 50 mil plantas, entre pitangueiras, araçazeiros, cerejeiras e outras.
A meta da secretaria para este ano é plantar 500 árvores na cidade. Em 2015, o número deve dobrar. “É satisfatório fazer esse serviço, mas muitas pessoas as arrancam ou quebram galhos. Não entendemos o porquê disso”, apontam os servidores.
Para evitar danos às plantas, Trapp e Rohde amarram o caule a uma estaca. Colocam um anel de cano PVC próximo às raízes, o que evita arranhões durante o serviço de roçada e capina, atividade feita por outro grupo de servidores.
Temperatura menor
Conforme o secretário, a arborização também ajuda a baixar a sensação térmica na cidade. Cita que a cada ano aumenta a área pavimentada, como a ocupada por imóveis, o que mantém o ar quente. “No verão, todas as pessoas querem uma sombra para descansar ou então deixar o carro, mas a maioria não vê a importância do serviço feito pela prefeitura.”
De acordo com o biólogo Marcelo Heisler, árvores no meio urbano desempenham importante papel no que tange à qualidade de vida da população. Os benefícios proporcionados pelas plantas são geralmente classificados como ecológicos e estéticos.
O ecológico se refere à melhoria microclimática. Ou seja, as folhas das árvores absorvem radiação solar, diminuindo a reflexão e proporcionando sombra. Interferem na velocidade dos ventos e aumentam a umidade, o que refresca o ar das cidades. As plantas ainda amenizam a poluição atmosférica e acústica.
No quesito benefício estético, cita a adição de cores ao cenário urbano, com flores, folhas e troncos. Condicionam modelos de paisagens e uma identidade para o local, por meio das espécies plantadas em uma determinada área. Elas diminuem o impacto causado pelas recorrentes pavimentações e construções.
Quedas constantes de luz
Entre 2008 e 2011, de acordo com Eidelwein, a secretaria estava impedida de fazer podas na cidade. Durante esse período, enfatiza, as árvores atingiram grande proporção e aumentaram os prejuízos causados às calçadas e redes de energia. “Os galhos ficaram enormes e a cada vento caía a luz. Quando retomamos o serviço, houve até impacto na comunidade, pois tivemos que cortar os atrasados.”
A poda ocorre em períodos de maior frio, ressalta o biólogo Gaspar Luiz da Silveira Franco. Nessa época, o metabolismo da planta está desacelerado e o dano é menor. A secretaria inicia o serviço e o mantém até agosto. “Faremos a limpeza e condução, daremos um novo formato para as árvores de Estrela”, observa o especialista.
Mato leitão ainda tenta se adequar
Processo semelhante ocorre em Mato Leitão desde a emancipação, em 1992. Na época o governo tentou criar uma padronização e optou por plantar camélias. A planta condicionou apenas parte do esperado e, aos poucos, começou a ser substituída.
Desde então o município procura alternativas para conciliar o útil ao agradável. “Tentamos encontrar árvores que forneçam sombra, não causem prejuízos e também embelezem a cidade, até porque nosso símbolo é uma flor”, destaca a prefeita Carmen Goerck.
Uma das principais resistências está na própria comunidade. Parte dos moradores quer árvores que ofereçam apenas sombra. Outra, flores. Segundo a prefeita, o governo trabalha em uma readequação ambiental, na qual está incluído um novo modelo de arborização.