Polícia desenterra corpos para perícia

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Polícia desenterra corpos para perícia

Roupas com sangue foram apreendidas com dois suspeitos de matar casal a pauladas

Encantado – A Polícia Civil (PC) solicita ao Judiciário autorização para exumar os corpos de Luís Carlos Cornelli, 57, e Marli Cornelli, 38, mortos a pauladas e facadas no início do mês, em Linha Lambari Alto. Também pede a prisão preventiva dos dois principais suspeitos do crime, com quem foram apreendidas, na semana passada, roupas manchadas de sangue.

1De acordo com o delegado João Antônio Peixoto, os peritos do Instituto Médico Legal (IML) precisam coletar materiais genéticos das vítimas. Com isso, o investigador pretende comprovar que o sangue encontrado nas vestimentas dos possíveis assassinos seja do casal. A sentença, inclusive sobre a prisão da dupla, deve sair nesta semana.

Outra prova esperada pelo delegado para os próximos dias é o resultado do exame papiloscópico (impressões digitais). Segundo Peixoto, durante a ação, os criminosos deixaram diversas marcas e provas por toda a moradia dos agricultores. “Além de termos as impressões, as pancadas feitas nas vítimas provocaram respingos de sangue, material que ficou espalhado no ambiente e nos autores.”

O inquérito policial – procedimento instaurado para investigar crimes de grande potencial – está praticamente concluído. Conforme o especialista, restam essas duas provas materiais para remeter a apuração ao Ministério Público, órgão responsável por denunciar os suspeitos à Justiça. De acordo com Peixoto, os supostos assassinos serão indiciados por latrocínio.

Casal foi torturado

Para a investigação, os criminosos acreditavam que o casal estava com grande quantidade de dinheiro na residência. Luís Carlos e Marli foram mantidos reféns na sala, enquanto toda a casa era vasculhada. Sem achar a suposta quantia, começaram a torturar as vítimas.

Conforme o delegado, os assassinos utilizaram uma barra de alumínio – pega na obra de construção da casa nova da família – para bater nas vítimas e forçar uma resposta. A mulher levou três pauladas e cinco facadas. O agricultor, foi golpeado oito vezes e teve uma faca encravada no peito, que atingiu o coração. A barra foi encontrada nas proximidades, com sangue e pedaços de cabelo.

“Escalei a janela e vi os corpos”

Os corpos foram encontrados no fim da tarde do dia 12 de abril, pelo sobrinho do casal, Rafael Cornelli, 33. A polícia acredita que o crime tenha ocorrido dias antes, pois ambos estavam em estado de decomposição.

Cornelli mora a pouco mais de um quilômetro da casa dos tios. De acordo com ele, a última pessoa que havia conversado com Luís Carlos foi um vizinho, na quarta-feira anterior à descoberta do assassinato.

Passados três dias do último contato, no sábado, as famílias da comunidade se reuniram na capela local para missa. “Quando a cerimônia acabou, às 16h, todos comentamos ser estranho meus tios não aparecerem, pois sempre estavam na reza.”

Ainda em frente à capela, como é tradição na localidade, Cornelli e os amigos começaram a combinar para jogar carta. Como seu tio gostava de participar, ele foi designado para ir até a casa de Luís Carlos para chamá-lo para o carteado.

De moto, o sobrinho foi ao local. Estranhou encontrar tudo fechado, exceto duas janelas de uma parte mais alta da casa. Bateu na porta por um tempo e então escalou a parede e conseguiu ter acesso à janela da sala. “Mal botei a cabeça pra dentro e dei de cara com os corpos ensanguentados no chão da sala.”

Crime choca comunidade

O familiar, assim que avistou os corpos, retornou ao centro da vila para avisar amigos e parentes. A polícia foi acionada e chegou logo depois. O ambiente foi isolado para a perícia de profissionais de Caxias do Sul.

Desde o princípio, a principal suspeita era de latrocínio, pelo fato de a casa estar revirada e familiares identificado a falta de objetos, como uma espingarda de caça. Os corpos estavam em estado de decomposição.

Velório e sepultamento foram realizados no domingo, no cemitério católico da localidade vizinha, em Santo Antão. O crime chocou a pequena comunidade, onde residem pouco mais de dez famílias. De acordo com Cornelli, todos se conhecem e ainda tentam entender o que levou à brutalidade do homicídio. “As pessoas ainda estão assustadas e cobram por justiça.”

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