Turismo melhora e atrai investidores

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Turismo melhora e atrai investidores

Número de visitantes chama a atenção de empreendedores de outras cidades

Colinas – A pacata cidade com pouco mais de dois mil habitantes, onde predominam as atividades agrícolas, atrai turistas a cada fim de semana. Centenas, se não milhares de visitantes aproveitam a tranquilidade e as atrações de época, como Natal, Páscoa e a tradicional Blumentanzfest, para se divertir ou relaxar com a família.

02No último fim de semana, o conjunto de atividades lúdicas atraiu quase dez mil pessoas. Um dos principais atrativos foi a caça ao ninho, em que crianças adentram a praça municipal em busca das cestas com guloseimas. O ritmo segue intensificado desde março. Antes mesmo de as decorações estarem por todas as ruas da cidade as praças estavam lotadas.

Tal condição muda as características da cidade a cada época. Comerciantes colinenses reduzem horários do expediente na semana para permanecer com os estabelecimentos abertos nos fins de semana. Lojas de vestuário, bazar, artesanato, setor de alimentação e outros. Todos começam a perceber que é possível lucrar com o turismo.

Mas a infraestrutura, apesar de tudo, continua carente. Entre os principais apontamentos feitos pelos visitantes, está a falta de diversidade gastronômica e de produtos. Além disso, inexistem hotéis ou pousadas para viajantes de outras regiões permanecerem por mais tempo em Colinas. Cidades vizinhas, como Estrela e Lajeado, se aproveitam da condição.

Nesta semana, informa o prefeito Irineu Horst, 56, dois empresários de outras cidades entraram em contato com o governo municipal interessados em investir no setor. Um deles, morador de Lajeado, já comprou um terreno e pretende construir um hotel ou uma pousada. No local, também seria instalado um restaurante de comida típica da região.

“Um dia vamos viver do turismo”

De acordo com o prefeito Horst, atuante na gestão pública desde a emancipação do município em 1992, Colinas tem condições de se tornar uma das principais potências do setor na região e Estado. “Um dia vamos viver do turismo. Vamos transformá-lo na principal fonte econômica do município.”

O prefeito avalia que se o governo tivesse optado por outro segmento, como o industrial, iria concorrer com outras cidades de maior potencial. Mesmo assim, a cidade não teria condições de oferecer mão de obra qualificada o suficiente para atender o mercado, o que traria novos moradores.

Nessas condições, analisa, Colinas perderia seu principal diferencial, que é a qualidade de vida. Conforme Horst, o município precisaria investir mais em segurança, ampliar o número de escolas e de serviços na área da saúde. “Com gente de fora, traríamos problema sociais e deixaríamos de ser esta cidade tranquila.”

Mas de acordo com o prefeito o desenvolvimento turístico não pode ficar refém do poder público. Precisa do envolvimento da comunidade, para criar atrativos diferenciados aos visitantes, capazes de gerar lucros, tanto aos moradores como para os cofres públicos. Tal ideia, cita, é trabalhada há mais de duas décadas com a comunidade. “Não conquistamos tudo de um dia para o outro. São anos de planejamento e conscientização.”

Comunidade acredita no potencial

O viticultor Rogério Zancanaro, 34, se mudou de Garibaldi há seis anos. Desde então, produz sucos coloniais que são vendidos na propriedade e nas feiras no município. Nesta Páscoa, já comercializou mais de 800 litros do produto e outros 1,5 mil litros de vinho (de uma marca de Garibaldi). Todo o comércio gira em torno dos visitantes.

Devido ao bom mercado na cidade, planeja investir R$ 80 mil na construção de uma agroindústria na propriedade. Com isso, poderá ampliar a produção e também fazer vinho colonial. “Se fôssemos vender para as cantinas, o preço é tabelado e demora até 12 meses para recebermos. Aqui o pagamento é à vista.”

Zancanaro concorda com o prefeito em relação à possibilidade de viver com o turismo no município. Mas para isso destaca ser fundamental o envolvimento de toda a comunidade. “Se todos abraçarem, vamos conseguir.”

Mesma opinião tem a artesã e agricultora, Márcia Bazanela, 45, da comunidade de Linha Santo Antônio. Há dois anos, se associou à Casa do Artesão, empreendimento administrado pelos integrantes do grupo. O local fica aberto todos os dias, inclusive nos domingos, e o atendimento é revezado entre as participantes.

Na Casa do Artesão, também é ofertado um café colonial. No entanto, como a procura costuma ser reduzida, o serviço ocorre por meio de encomenda. “As pessoas ligam três dias antes, daí preparamos todos os alimentos fresquinhos.”

Na semana passada, cita que uma excursão de turistas catarinenses visitou Colinas. A rota incluiu cidades como Canela e Gramado. “É uma grande satisfação. O movimento aumenta cada vez mais, e vem de tudo que é lugar, até do exterior.”

Gramado como exemplo

Colinas começa a exploração turística de forma semelhante a uma das maiores potências do setor no país: Gramado. Cidade também de colonização europeia (alemães e italianos), teve como principais benefícios a geografia e a oferta de atrações diversificadas.

Desde a emancipação de Taquara, em 1954, se desenvolveu uma ampla e qualificada infraestrutura receptiva. Prefeito de Gramado por 18 anos, Pedro Henrique Bertolucci conta que quando chegou à cidade 73% da economia dependia de uma fábrica de calçados. Investimentos em grandes eventos, em parques e na conscientização comunitária sobre a possibilidade de explorar o turismo surtiram efeito.

Hoje, 90% da arrecadação provém do turismo. A cada ano, Gramado recebe em média cinco milhões de visitantes. São 141 hotéis, pousadas e motéis; 9.629 leitos; 1.140 estabelecimentos comerciais; 112 bares e restaurantes capazes de atender dez mil pessoas simultaneamente.

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