Vale do Taquari – A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) homologou ontem o índice médio de reajuste das tarifas de energia dos clientes da AES Sul. Para residências abastecidas pela baixa tensão, a conta ficará 28,8% mais cara. Para usuários da rede trifásica, maioria indústrias e comércio, o percentual de aumento alcança 30,3%.
As novas tarifas vigoram a partir do dia 19 de abril e atingem 1,3 milhão de unidade em 118 cidades gaúchas. Conforme a concessionária, a mudança será aplicada de forma proporcional. O consumidor perceberá o acréscimo em maio, dependendo da data de leitura do consumo.
Dono de uma loja de eletrônicos em Lajeado, Eduardo Bender, prevê aumento nos custos aos clientes. Com dez computadores e videogames ligados durante todo o dia, gasta em média R$ 350 por mês. “Muito ruim isso. Vamos pagar mais, sem ter certeza se o abastecimento vai melhorar.”
Durante o verão, diz, a conta de luz supera R$ 400. “Imagina, vamos pagar quase R$ 500. Com isso, teremos de rever alguns preços de produtos e da hora na lan house.”
Sócio de uma indústria de sorvetes, Lucas Eckhardt, também prevê aumento nos produtos. “Dependemos da energia elétrica. Temos muitas câmaras frias em funcionamento. Como se trata de um aumento considerável, é possível que o consumidor final tenha de pagar mais pelo nosso produto.”
A justificativa alegada para a alta no preço é a compra de energia do centro do país, o valor da transmissão e os encargos setoriais. O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, diz que o custo com a compra de energia pelas distribuidoras teve impacto de cerca de sete ou oito pontos percentuais nos reajustes tarifários aprovados pelo órgão regulador neste mês.
De acordo com Rufino, além do custo maior com o uso de termelétricas, por causa do baixo nível dos reservatórios, as distribuidoras tiveram mais gastos com a contratação de energia no mercado livre, que é mais cara.
Alegações
Para aplicar a mudança, a Aneel considera o índice anual da inflação (IGPM), deduzida a produtividade que atualiza os custos diretos da distribuidora, somados aos demais custos entre os quais se inclui a compra de energia.
Nos últimos meses esse valor aumentou devido à necessidade do uso da energia gerada pelas usinas termelétricas. A energia térmica é mais cara e passou a ser usada, em maior volume, em meados do ano passado em função da estiagem que reduziu o nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Nesse reajuste, a Aneel também considerou o reembolso dos custos com a compra da energia ao longo de 2013 a preços superiores aos fixados no último processo tarifário (abril 2013) e não cobertos pelas medidas do governo federal, ocasionando redução no ano passado.
histórico de problemas
Em novembro, a AES Sul concluiu a Subestação Lajeado 1. Isso resultou em um incremento de 40% na oferta de energia para 10,4 mil clientes de Lajeado e Arroio do Meio. Na região, a concessionária anunciou investimentos de R$ 17 milhões para ampliação do abastecimento.
Nos locais atendidos pela companhia, as oscilações de luz, quedas de postes e rompimentos de fios de alta tensão causam prejuízos para o campo e a cidade. Clientes reclamam da demora nos atendimentos pelo 0800.
No verão passado, a falta de energia causou a morte de frangos. Foram mais de 500 mil animais. Roca Sales, Relvado e Encantado estiveram entre os municípios mais prejudicados. Diante disso, os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais do Vale do Taquari e Serra do Alto do Taquari oficializaram um documento criticando o serviço da concessionária e exigindo qualidade no fornecimento de energia elétrica.