Lajeado – Os vereadores esperavam receber ontem o projeto de lei da administração municipal sobre o contrato com a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV). O líder do governo, Ildo Salvi (PT), cumpriu o combinado. Levou o acordo entre a entidade e o município, assinado no dia 24 de fevereiro.
No entanto, a chegada do texto chegou tarde, pois o Executivo anulou o texto. A medida tem por objetivo corrigir o trâmite para a administração da unidade. Um novo acordo será formulado, junto com a proposta de convênio com a fundação para aprovação da câmara.
Na sessão de ontem, o governo também retirou o projeto de lei para abertura de crédito. Parte da suplementação de R$ 3,4 milhões serviria para pagar a gestora da UPA.
Sem esses encaminhamentos, o poder público nas três esferas (Estado, União e município) não pode repassar dinheiro à FHGV. Os gastos no primeiro mês de funcionamento foram arcados pela fundação.
Estima-se que o custo ultrapassa R$ 850 mil. Definida como UPA Qualificada, deve receber algo próximo dos R$ 520 mil, vindos da União e do Estado. Para o governo de Lajeado, ficariam R$ 210 mil, mais um acréscimo destinado do fundo reserva.
FHGV demite médicos após entrevista
Ontem pela manhã, médicos da UPA estiveram na unidade reivindicando o pagamento dos salários de março. Apenas casos de urgência e emergência foram atendidos. O atendimento normal retornou apenas as 11h20min, com o serviço de um médico, depois de uma reunião entre médicos e coordenação da entidade.
Na reunião, segundo o clínico geral e emergencista, Djacir Freitas, os responsáveis somaram as horas de trabalho de cada médico e prometeram pagar até hoje. A partir do próximo mês, reforçam o compromisso de pagamento até o 10º dia útil, sem atraso.
Antes de retomar o serviço, a classe procurou pelo Simers, sendo orientada a continuar atuando no aguardo do pagamento. Caso alguém queira dispensa, deve protocolar o pedido no cartório e entregar à direção da UPA. Sem o pagamento, a entidade cogita uma ação conjunta contra a fundação. .
No fim do encontro, Freitas conversou com a imprensa. Na metade da tarde, recebeu uma ligação da coordenação lhe demitindo da unidade. Um outro médico que estava ao lado dele no momento em que ele atendia os repórteres também foi desligado do trabalho na UPA.
Em solidariedade aos colegas, dois profissionais emergencistas pediram dispensa. “A direção me ligou, disse que eu não podia dar entrevista. Até que ponto a palavra demitido vale se não tem nada assinado, só acerto verbal”, questiona Freitas.
O médico, que atua no pronto-atendimento do Hospital Estrela há cerca de cinco anos, afirma que não estava no horário de expediente. “Fui lá ontem de manhã para saber por que não tinha recebido. Só expus o que está acontecendo. Não tem nada inventado.”
Pacientes à espera
Às 11h, havia 15 pessoas à espera por atendimento. Algumas aguardavam há quase quatro horas, como Marcieli Aparecida da Conceição, 25, do bairro Olarias. Com dores na bexiga e com febre, ela chegou na UPA às 9h.
Devido à paralisação, foi orientada a procurar a emergência do Hospital Bruno Born, onde esperou até as 10h. “Me mandaram de volta pra UPA, dizendo que teriam dois médicos atendendo.” Depois de mais 2 horas de espera, foi examinada.
“Eles (os médicos) estão certos em reclamar, mas ninguém pode ficar sem atendimento.” Essa foi a primeira vez que procurou pela entidade e se diz insatisfeita. “Foi uma decepção.” No período de espera, cita a desistência de várias pessoas. “Um senhor foi embora sem trocar o curativo”, conta.
Geni da Silva, do bairro Montanha, estava com a filha de um ano e dois meses há mais de uma hora na fila.“Não nos deram explicações, mandaram apenas esperar.”
Alguns pacientes, incomodados com a demora, contataram os planos de saúde particulares. Uma equipe de emergência chegou ao local e, em busca do beneficiado, verificou que esse havia entrado na sala de consulta há poucos minutos.