Lajeado – Após 45 dias de greve, os Correios entregam as 300 mil correspondências atrasadas. Cerca de 80% foi destinada às residências. Maioria das moradias dos bairros centrais do município – Florestal, Centro, São Cristóvão e Alto do Parque –, recebeu as cartas nesta semana. O serviço dos Correios permaneceu interrompido entre os dias 29 de janeiro e 13 de março.
Conforme o gerente do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) de Lajeado, Leandro Nunes da Silva, as entregas das mercadorias atrasadas devem ser concluídas até o fim da semana. Para facilitar o trabalho, há separação dos materiais à noite e mutirões realizados fora do horário de expediente.
Morador do bairro São Cristóvão, Jéferson Kern, 53, recebeu 15 correspondências nessa terça-feira, 1º. Algumas continham data de postagem de 7 de fevereiro, e outras o vencimento para o dia 15 do mesmo mês. Para evitar transtornos com falta de pagamento, Kern optou pelo débito em conta e imprimiu os boletos pela internet para quitá-los. “Ainda faltam cartas. Eu consegui resolver, mas e quem não tem essa alternativa?”
A professora Carolina Kern, 28, aguarda recebimento de uma mercadoria. Na consulta online, o site dos Correios informa que a encomenda está em Lajeado e será entregue no próximo dia útil. Porém, a situação permanece a mesma há uma semana. Carolina reclama da demora e comenta constar no site que a entrega não ocorreu por motivos operacionais.
O presidente da Associação de Moradores do Bairro Centro, Vergílio Goerck, também recebeu correspondências antigas na tarde dessa terça-feira. Cerca de 30 cartas se acumularam na caixa de correio da residência. Com o atraso, não conseguiu pagar as contas em dia. Ontem quitou, com juros, as dívidas de condomínio e carnês da prefeitura.
Marques de Souza
Vereadora de Marques de Souza, Edelgard Luersen afirma que a greve também afetou a distribuição de correspondências na cidade. Entregas com mais de 30 dias de atraso forçaram a pagar as contas via internet. Boletos com vencimentos para o dia 10 de março chegaram à residência após o dia 20.
Ela critica a paralisação e a qualidade dos serviços prestados pelos Correios. “Prejudicou quem não tem a ver com os motivos da greve. Sem falar que já foi melhor.”
Justiça obrigou fim da greve
Com determinação judicial, os trabalhadores retornaram às atividades em março. As reivindicações da classe não foram atendidas. Os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) exigiam modificação no horário de entrada das correspondências e diminuição nas exigências de auxílio-creche. Também se posicionaram contra o novo sistema do plano de saúde, que cobraria mensalidade de 10% do salário.
Conforme nota divulgada pela estatal, não haveria cobrança de mensalidade, os dependentes cadastrados seriam mantidos, e o plano de saúde não seria privatizado. Afirmam que percentuais de coparticipação permaneceriam inalterados e os trabalhadores dos Correios não teriam custos adicionais. Mencionaram, na nota, a mudança de operador do CorreiosSaúde – antes gerenciado pela ECT, agora é controlado pela Postal Saúde.
Além de funcionários das agências de Lajeado, carteiros de Arroio do Meio aderiram à paralisação. No Estado, em torno de mil servidores paralisaram.
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares estimou a adesão de 60% dos funcionários.
