Lajeado – Destinada para mulheres vítimas de violência, a Sala Lilás foi inaugurada ontem por representantes do Estado e município. O espaço se localiza no Instituto Geral de Perícias (IGP), na Delegacia da Mulher. Dentre os serviços prestados estão atendimento psicossocial, retrato falado digital, perícia odontológica e exames de lesões, e kit de coleta para vítimas de agressão sexual.
Mulheres podem aguardar pelo atendimento em sala de espera especial, a fim de evitar o contato com o agressor. Ao ingressar no local, existe passagem interna entre os setores de atendimento. Decorado na cor lilás, o ambiente tende a acolhê-las e ampará-las.
Após coleta de materiais, as informações genéticas do agressor são cadastradas em banco de dados. O sistema indica se o homem já praticou outros atos de violência contra a mulher.
O projeto da Sala Lilás iniciou no ano passado, administrado pelo governo estadual, e contempla 17 cidades.
Conforme a chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública, Raquel Arruda Gomes, o setor controla as estatísticas de violência contra a mulher desde 2011. Coordenado pelo major Luiz Fernando Linck, o departamento registrou, em 2012, total de 102 femicídios – homicídios de mulheres. No ano passado, o número apresentou redução: 92 casos.
Uma pesquisa definiu o perfil das vítimas e agressores. Segundo o major, 54% das mortes são motivadas por separações em que não há aceitação do término do relacionamento. Dentre o levantamento sobre os locais onde acontecem os femicídios, a residência das vítimas predomina com 74%. A faixa etária das mulheres com maior índice de morte – 23,9% – é dos 18 aos 24 anos.
A maioria dos crimes, 44%, acontece com arma branca – machados, serras, espetos e fogo. Após cometer o assassinato, 71% dos agressores se suicidam. Maior parte deles, 36%, se enquadra como ex-companheiro das vítimas.
Linck considera a violência contra a mulher a mais difícil de controlar e evitar. Para isso, ressalta a criação da Patrulha Maria da Penha, para fiscalizar medidas protetivas e defender mulheres vulneráveis a agressões. No Vale, 50 policiais militares foram treinados para atuar na prevenção dos casos. Veículos identificados com o serviço estão em licitação para serem destinadas às patrulhas.
Cem mil femicídios por ano
Raquel informa que, a cada ano, cem mil mulheres morrem no Estado, vítimas dos agressores. De acordo com ela, 40 mil ameaças, 30 mil lesões graves e 1,6 mil estupros são registrados no mesmo período. As tentativas de femicídios chegam a 200 mil. A fim de reduzir os números, ela prevê novas políticas públicas a favor das mulheres. “Mais de 70% dos atendidos no IGP são mulheres.”
Repasse de R$ 5 milhões
A coordenadora do projeto Sala Lilás, Andrea Machado, comenta o repasse de R$ 5 milhões da União para instituir os locais. A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) destinou R$ 1,4 milhão para abertura dos espaços em 13 cidades. Recurso de R$ 3,6 milhões provenientes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) foram utilizados para abrir salas em quatro cidades e reposição de aparelhos em 29 Postos Médicos Legais.